• Terceira colocada fala em "mudança qualificada" e diz que país sinalizou rejeição à situação
• Presidente do PSB defende união com petistas, mas posição é minoritária dentro da aliança marinista
Marina Dias, Ranier Bragon - Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Fora do segundo turno, Marina Silva indicou na noite deste domingo (5), em sua primeira manifestação pública após a abertura das urnas, que apoiará o tucano Aécio Neves contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
A candidata do PSB criticou a "inédita e despropositada agressividade" da campanha petista e afirmou: "O Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que está aí".
Em seguida, lembrou sua posição em outubro de 2013, quando descartou ficar fora da disputa pelo Palácio do Planalto após ver fracassada a criação de seu partido.
"Minha postura quando não foi feito o registro da Rede, de não me recolher numa anticandidatura, pode ser uma tendência", disse, em resposta sobre se permaneceria neutra entre Dilma e Aécio.
Em 2010, quando também ficou em terceiro na eleição presidencial, Marina não optou por nenhum dos dois candidatos finalistas.
"Sabemos que uma boa parte do Brasil, desde 2010, vem dando sustentação a uma mudança que seja qualificada [...] Não dá para tergiversar com o sentimento do eleitor", afirmou.
Durante entrevista num espaço de eventos em São Paulo, Marina afirmou, porém, que discutirá o eventual apoio com os partidos que sustentaram sua candidatura e que a afinidade com seu programa de governo é a "base para qualquer diálogo".
Marina caiu 12 pontos nas pesquisas após sofrer forte ataque na TV da campanha de Dilma. Aécio também investiu contra a pessebista.
"Estou aqui não como uma derrotada, mas como alguém que sabe que não teve que abrir mão dos princípios para ganhar a eleição", disse a ex-senadora, arrancando aplausos da militância.
Apesar da inclinação de Marina, há setores do PSB que defendem o apoio a Dilma, entre eles o presidente do partido, Roberto Amaral.
Em reunião antes do evento, a ex-senadora discutiu os termos de seu pronunciamento com um pequeno grupo de assessores e familiares.
Nessa reunião ficou claro que a posição pró-Dilma é minoritária. "Confesso que é muito difícil pensar em votar na Dilma depois do que sofremos", afirmou o vice de Marina, Beto Albuquerque.
Um dos partidos aliados à então candidata, o PPS, já defende abertamente a adesão ao tucano. A expectativa é que a decisão seja anunciada até quarta-feira (8).
Mesmo tendo detectado a curva de crescimento de Aécio, o resultado final deixou muitos marineiros perplexos com a queda na reta final. Em números e percentual, a pessebista teve resultado muito próximo ao de 2010, quando foi candidata pelo PV.
Questionada sobre seu futuro político, disse: "Em determinados momentos, temos de esperar pela história".
A Marina que chegou ao primeiro turno neste domingo não era a mesma de 20 de agosto, quando foi oficializada candidata. A comoção pela morte de Eduardo Campos, sete dias antes, deu lugar à euforia de favorita, quando a primeira pesquisa após a tragédia que matou o ex-governador de Pernambuco indicou que ela era a única capaz de vencer Dilma.
Após os ataques de PT e PSDB, tentou recuperar fôlego com viagens ao Nordeste e ao Sul, mas os números não respondiam. Ficou mais arredia, mais magra e mais rouca.
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