Por Cristiane Agostine - Valor Econômico
SÃO PAULO - A direção nacional do PSOL reúne-se hoje com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, para negociar mudanças no projeto de reforma política que deve ser votado nesta semana no Senado. A cúpula do partido pedirá ajuda a FHC para convencer o PSDB a derrubar a regra que veta a participação de partidos pequenos, com menos de nove parlamentares na Câmara, em debates na televisão durante as eleições. O encontro será no instituto do ex-presidente tucano, na capital paulista.
Para o PSOL, se essa regra for aprovada, será o fim das candidaturas do partido. "Essa medida vai excluir o PSOL", disse a ex-deputada federal Luciana Genro, candidata derrotada à Presidência em 2014. ""O debate na televisão é o último reduto de democracia real. É o único espaço onde os candidatos estão em uma situação igual, sem diferenças como o tempo de propaganda eleitoral ou recursos. Tirar do debate é excluir a candidatura da disputa eleitoral", afirmou.
De acordo com o texto já aprovado na Câmara e em comissão que analisa a reforma política no Senado, só poderão participar dos debates na televisão os candidatos de partidos que têm bancada federal com no mínimo nove parlamentares - atualmente os postulantes de legendas com pelo menos um deputado federal têm direito. Além disso, a participação deverá ter apoio de pelo menos dois terços das demais candidaturas.
"Para poder participar do debate, vamos ter de contar com a boa vontade não só das emissoras, mas também dos outros candidatos", afirmou Luciana Genro.
Com isso, 12 dos 28 partidos que têm deputados federais não poderão participar (42,8% do total), incluindo o PSOL e o PV.
Apesar das constantes críticas às duas gestões de FHC, integrantes do partido, como Luciana Genro, têm buscado uma aproximação com o ex-presidente tucano, para melhorar a interlocução com o PSDB. "O fiel da balança nessa votação da reforma política é o PSDB", disse.
"Esperamos que Fernando Henrique compreenda que para o processo democrático é importante que o PSOL tenha espaço", afirmou a ex-deputada.
Na votação na Câmara, o PSOL recebeu apoio do PT mas não conseguiu derrubar a proposta, patrocinada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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