• Citado por delator da Lava- Jato como beneficiário de propina, ex-secretário- geral do PT desaparece, como no mensalão
Sérgio Roxo - O Globo
SÃO PAULO De volta aos holofotes depois de ser citado na Lava- Jato como beneficiário de propina, o ex- secretário- geral do PT Sílvio Pereira tenta mais uma vez submergir, como fez na época do escândalo do mensalão. Silvinho, como é conhecido, fechou, no ano passado, o restaurante que mantinha em Osasco, região metropolitana de São Paulo, e sua empresa de eventos. Não tem sido visto por amigos, e a família evita dar pistas sobre ele.
Foi o lobista e empresário Fernando Moura quem colocou Silvinho no foco da Lava- Jato. No último dia 3, Moura deu detalhes sobre como o ex-secretário-geral do PT atuava na Petrobras. Contou que uma vez pegou R$ 600 mil em dinheiro na casa de Silvinho e que a quantia tinha sido entregue por uma fornecedora da estatal. Em outro depoimento, o lobista relatou que o ex-secretário-geral do PT recebia “um cala boca” de dois empreiteiros para não falar o que sabia sobre o esquema.
O ex- dirigente passou a ser visto como um risco dentro do PT, quando em 2006 revelou ao GLOBO detalhes sobre o funcionamento do mensalão. Ele disse que o plano do operador Marcos Valério era arrecadar R$ 1 bilhão com negócios que envolviam pendências do governo e falou sobre o envolvimento da cúpula partidária nas irregularidades. O partido montou, em seguida, uma operação para controlá-lo.
Restaurante foi fechado
Ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o então secretário- geral do PT chamou a atenção pela primeira vez, em 2005, na mesma época do mensalão, com a revelação de que ele havia recebido de presente uma Land Rover da empresa GDK, fornecedora da Petrobras. Logo em seguida, Silvinho pediu para se desfiliar do partido e anunciou que abandonaria a política. Antes de ser julgado pelo envolvimento no mensalão, fez um acordo para prestar serviços comunitários e não correr risco de ser preso.
Agora, Silvinho parece querer repetir a estratégia e sair de cena. Depois de fazer um curso de gastronomia, o ex- dirigente do PT montou o restaurante Tia Lela, em Osasco, cidade onde nasceu. Mas, no segundo semestre do ano passado, o empreendimento foi fechado e deu lugar a uma academia de ginástica.
A mãe do ex-secretário geral do PT, Maria Alice, mora na cidade, num bairro afastado do centro. Ela garante ter tido poucos encontros com o filho, porque o celular dele está quebrado. No apartamento que Silvinho possui no centro de São Paulo desde que era dirigente do PT, o porteiro contou que o ex- petista só aparece por lá de vez em quando.
Em outubro do ano passado, o ex- dirigente fechou a DNP Eventos, que existia desde 2006. A revista "Veja" divulgou, em 2007, que a empresa recebeu R$ 55 mil da Petrobras referentes à participação num projeto que exibia filmes nacionais ao ar livre numa praia de Vitória, no Espírito Santo, e tinha patrocínio da estatal. O evento tinha sido realizado pela TGS e pela Central de Eventos e Produções, ambas de propriedade de Julio Cesar Santos, que foi sócio de Dirceu na JD Assessoria e Consultoria e chegou a ser preso por cinco dias na 17 ª fase da Operação Lava-Jato. As duas empresas de Santos subcontrataram a empresa de Silvinho. Meses depois de o caso ser revelado, o ex-secretário- geral do PT se tornou sócio da Central de Eventos, que teve as atividades encerradas em 2014.
Além do apartamento no centro de São Paulo, o ex-petista também possui uma casa em condomínio fechado em Carapicuíba, cidade vizinha a Osasco, comprada em 2010 por R$ 600 mil.
Procurado, o advogado do ex-secretário-geral do PT, Sérgio Badaró, disse que o seu cliente divulgará em breve uma nota para rebater as acusações que têm sido feitas contra ele na Lava-Jato. Afirmou ainda não saber por que ele fechou o restaurante e a empresa de eventos e disse não ter informações sobre o local onde seu cliente mora. (Colaborou Renato Onofre)
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