• Presidente nega que seu governo quer eliminar investigações e afirma que não pode ‘invadir’ competência de outro poder
Por Martha Beck, Bárbara Nascimento, Eduardo Barretto e Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA - Em discurso de apresentação de medidas econômicas no Palácio do Planalto nesta terça-feira, o presidente interino Michel Temer afirmou que, apesar de estar em situação de interinidade, isso não significa que o país deve parar. Ele refutou que haja qualquer ruptura com a Constituição em seu governo e disse que o cargo de vice-presidente e a possibilidade de que este assuma a chefia de Estado em caso de afastamento do titular é uma consequência do próprio texto da Constituição.
- A interinidade não significa que o país deve parar. Pelo contrário. O que devemos é fazer todos os atos e fatos que possam levar o país adiante. Eu sou uma consequência da Constituição. Não eu propriamente. O vice-presidente da República é uma consequência do texto constitucional. Portanto, quero refutar aqueles que a todo instante pretendem dizer que houve uma ruptura com a Constituição. Isso não é verdade.
Temer afirmou que tem sido vítima de agressões psicológicas com o intuito de amedrontá-lo, mas garantiu que não dará ouvidos a isso.
- Quero deixar claro que nós temos sido vítimas de agressões, de agressão psicológica. Não temos preocupação com isso. Os comentários são apenas para revelar que temos que cuidar do país. Aqueles que quiserem esbravejar façam o que quiserem, mas pela via legal - rebateu Temer, acrescentando:
- Devemos levar o governo adiante, aconteça o que acontecer.
Em uma única referência indireta ao caso que derrubou o ministro do Planejamento Romero Jucá, Temer reforçou que seu governo não irá impedir investigações em curso.
- Muitas e muitas vezes se diz que estamos em busca de eliminar ou dificultar qualquer investigação apuratória, isso contestaria o que disse em outros momentos, não posso invadir a competência de outro poder - declarou, ressaltando:
- Não vamos impedir a apuração com vistas à moralidade pública e administrativa. Ao contrário, vamos sempre incentivá-la. Tem determinados momentos que não dá para silenciar. Se silencia é porque concorda. Se eu ficar presidente quero cumprir uma missão que Deus colocou na minha frente para que eu ajude a tirar o país da crise.
O peemedebista declarou que não vai criticar quem esteve no governo, mas "olhará para a frente". Temer disse que é como Juscelino Kubitschek (JK) e que "não tem compromisso com o erro", se referindo a recentes recuos no governo. Se errar, "consertá-lo-ei", brincou.
O presidente disse ainda que está há 12 dias no governo, mas que abre jornais e parece "que está há dois anos". Temer enfatizou que "devemos pacificar o país" e que nenhuma medida será tomada sem a "concordância" da sociedade. Segundo ele, o governo está trabalhando com o objetivo central de retomar o crescimento econômico, reduzir o desemprego e alçar quem está na pobreza absoluta à condição de classe média.
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