- O Estado de S. Paulo
Não bastasse o governo do Rio decretar “estado de calamidade”, o atentado em Orlando e a decisão do Estado Islâmico (EI) de traduzir suas mensagens para o português aumentaram bastante o nível de preocupação das autoridades brasileiras com a possibilidade de ataques durante a Olimpíada, que começa em 5 de agosto. Há intensa movimentação entre os órgãos de inteligência, principalmente para identificar eventuais tentativas de cooptação de brasileiros dispostos a se tornar “lobos solitários” – em geral jovens que agem praticamente sozinhos contra multidões.
O Brasil é um país pacífico, longe de ser potência e fora do radar de terroristas de qualquer espécie, mas a Olimpíada não é brasileira, é o maior evento esportivo do mundo e atrai atletas, delegações e turistas de dezenas de nacionalidades, principalmente americanos, franceses e ingleses, visados por terroristas islâmicos. Uma característica: a grande maioria com menos de 40 anos de idade.
O evento mobilizará também um bilhão de telespectadores em todos os continentes, transformando-se num grande chamariz para terroristas internacionais que usam suas ações para publicidade. Quanto mais holofotes e manchetes para suas ações cruéis, melhor para eles.
No dia seguinte ao atentado em Orlando, os setores de inteligência do Brasil já estavam em contato com a CIA (Central de Inteligência dos EUA) e com o FBI (correspondente à Polícia Federal no Brasil). Apesar da motivação homofóbica, e de não estar caracterizado o comando ou mesmo a participação do EI no ataque, o próprio autor declarou ao 911 (telefone de emergência dos EUA) que estava a serviço do EI. A troca de informações com órgãos dos EUA é para conhecer detalhes, formas de atuação, conexões e falhas na detecção do perigo.
Além disso, o Brasil trabalha em conjunto com dezenas de países, como França, Inglaterra, Israel e Argentina, via Gabinete de Segurança Institucional (o GSI, extinto por Dilma Rousseff e recriado por Michel Temer), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), PF e as três Forças Armadas. A Aeronáutica rastreará o espaço aéreo, com o suporte legal para, em caso de estrita necessidade, até abater aeronaves suspeitas. A Marinha cuidará da fronteira marítima e o Exército, junto com o GSI, coordenará uma área fundamental: a cibernética.
Durante a Olimpíada haverá sete polos de inteligência para rastrear e monitorar toda e qualquer manifestação que pareça suspeita, inclusive pelas redes sociais. Brasília tem a Central Nacional de Inteligência e o Rio terá um Centro Internacional de Inteligência e um Centro dos Serviços no Exterior, com a adesão de 113 países. Haverá, ainda, quatro agências regionais nos Estados que sediarão partidas de futebol.
A grande ameaça já não é mais a Al Quaeda, mas sim o EI, que vem firmando um padrão de atentados a partir do que matou 129 pessoas em Paris, no ano passado.
Em vez de destacar seus quadros altamente treinados para atravessar mares, oceanos e fronteiras, o EI tem seduzido jovens de famílias muçulmanas nos próprios países-alvos para serem “lobos solitários”. É mais fácil, mais barato e com igual poder de destruição. Assim, a atenção principal está dentro, não fora do Brasil.
Inversão. Renan Calheiros ameaça acatar pedido de impeachment contra o procurador-geral Rodrigo Janot, enquanto Lula entra com ação contra o juiz Sérgio Moro por “abuso de autoridade”. É ataque de quem não tem defesa.
Pena leve. Sérgio Machado roubou mais para ele do que para qualquer outro político, de qualquer partido. Quem devolve R$ 75 milhões desviou quanto? E ainda fica com quanto? Pena de multa e tornozeleira desacredita a máxima de que “o crime não compensa”.
Família. Por que, além de tudo, corrupto tem mania de transformar mulheres e filhos numa quadrilha? Além do ‘estado de calamidade’, medo de atentados na Olimpíada.
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