Por Vandson Lima – Valor Econômico
BRASÍLIA - Mulher do ex-ministro Paulo Bernardo, preso na quinta-feira em um desdobramento da 18ª fase da Operação Lava-Jato, em Brasília, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) subiu à tribuna do Senado nesta segunda-feira e classificou o episódio como “terror transmitido ao vivo” e “surreal”.
“É a mesma e seletiva ação do Ministério Público”, disse a senadora. “O endereço particular e o estado civil desta senadora é conhecido da Polícia Federal e do Brasil. O cerco policial por ar e terra em nossa casa teve a clara intenção de constranger”.
Gleisi questionou a quem interessa uma iniciativa nos moldes da prisão realizada. “Qual o risco oferecia meu companheiro à ordem pública? Há mais de dois anos não ocupa nenhum cargo público. Não acharam nada. Foi terror a que foi submetida minha família. Ao longo do dia eu e meus filhos fomos submetidos a uma tortura moderna, com transmissão ao vivo”, disse. “É uma tentativa de abalar senadores e senadoras que lutam para não se afastar presidenta eleita”, continuou.
A senadora disse estar segura de que nada será provado contra o marido e ex-ministro, mas admitiu que a prisão marcará a trajetória política do casal. “Paulo Bernardo provará sua inocência. Se Paulo participou de alguma armação criminosa, onde está seu produto? Nossos patrimônios são compatíveis com nossos salários”, alegou. “A absolvição, quando vier, jamais terá a mesma força. Processo manchou de modo irrevogável minha vida pública”.
Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) lembrou que, conforme noticiado pela imprensa, o juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, responsável pelo pedido de prisão, faz doutorado na Universidade de São Paulo sob orientação da professora Janaína Conceição Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment. “Acho estranho que um juiz substituto, de primeira instância, mande busca e apreensão na casa de Vossa Excelência. É um subordinado do ponto de vista escolar por Janaína. É um lamentável episódio”, disse Viana.
O Senado acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) e questionou a busca e apreensão na casa da senadora, sem autorização da Corte.
Ao chegar ao plenário, Gleisi foi acompanhada por cerca de 15 pessoas, que disseram representar movimentos populares, Os manifestantes deram apoio à senadora sob gritos de “Me representa” e “golpistas não passarão!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário