sábado, 11 de junho de 2016

Protestos anti-Temer

Sindicatos e movimentos sociais fizeram protestos em 24 estados e no DF contra o presidente interino, Michel Temer.

Protestos contra o governo em 24 estados

• Em discurso na Paulista, Lula diz que ainda pode ser candidato

Mariana Sanches e Lauro neto - O Globo

-SÃO PAULO E RIO- Pelo menos 24 estados e o Distrito Federal registram atos contra o presidente interino, Michel Temer, ontem. A maior manifestação aconteceu em São Paulo, na Avenida Paulista, que, segundo estimativas extraoficiais de PMs no local reuniu cerca de 30 mil pessoas. Não houve dados oficiais sobre o número. Em discurso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao impeachment, ao governo Temer e aos “vazamentos ilícitos” decorrentes da Lava-Jato.

— Ninguém tem o direito de dizer que o PT é uma organização criminosa. Eu tô de saco cheio de dizerem que o dinheiro que financia as campanhas do PT é dinheiro sujo. Só faltam falar que o dinheiro que financia os tucanos é da Sacristia da Catedral da Sé — disse Lula, para depois dizer: — Mas eu não perdoo a atitude de vazamentos ilícitos. Sinceramente, não admito. Aquilo tinha como objetivo tentar execrar a minha imagem. E eu queria dizer para vocês: Quanto mais provocarem, mais eu corro o risco de ser candidato a presidente.


Lula chegou por volta das 19h15min, acompanhado pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. O presidente do PT, Rui Falcão, também esteve no ato, convocado por movimentos sociais e sindicatos. Durante o discurso não faltaram críticas ao presidente interino, Michel Temer. Segundo Lula, Temer “sabe que não agiu corretamente assumindo a Presidência interinamente” e “não tinha autoridade”, chegando à Presidência “através de um golpe dos fascistas e dos conservadores desse país”.

— Temer, você é um advogado constitucionalista. Você sabe, Temer, que você não agiu correto assumindo a Presidência interinamente — disse Lula.

No Rio, manifestantes se reuniram na Cinelândia, com gritos contra o governo interino. A CUT disse que estavam presentes 20 mil pessoas. A PM não divulgou estimativa. As avenidas Presidente Vargas e Rio Branco foram fechadas.

Atos ocorreram ainda em Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.

A manifestação da Paulista lotou pelo menos quatro quadras da avenida e foi organizada pela Frente Brasil Popular — que engloba movimentos como CUT, MST, além de movimentos ligados a partidos de esquerda.

Plebiscito
Os movimentos sociais refutaram a ideia de um plebiscito lançada por Dilma, durante entrevista exibida na EBC, anteontem à noite. A ideia de consultar a população sobre novas eleições também não ganhou eco na Avenida Paulista. Nenhuma liderança social mencionou diretamente a proposta de plebiscito para novas eleições diretas, que vem sendo discutida na cúpula do PT. Em referência indireta à ideia, o presidente da CUT, Vagner Freitas, que é contrário ao plebiscito, afirmou:

— Nosso papel é impedir o golpe, depois da volta da presidente Dilma, nós vamos ver o que vamos fazer.

Mesmo admitindo a ausência de um posicionamento conjunto, Raimundo Bonfim, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP), avaliou a alternativa como inadequada,

— Os movimentos sociais, como a Frente Brasil Popular, ainda não têm posição sobre esse tema. Achamos que antecipar as eleições seria uma renúncia para a presidente Dilma.

O presidente Lula tampouco falou sobre plebiscito durante seu discurso. (Colaborou Dimitrius Dantas).

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