Por Andrea Jubé – Valor Econômico
BRASÍLIA - Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preparam uma contra-ofensiva em reação às investigações e às ações penais em andamento contra o principal líder petista em tramitação na Justiça Federal em Curitiba e no Distrito Federal. Para isso, foi constituída uma força-tarefa multipartidária, que coordenará e organizará ações em todo o país, a partir de 7 de novembro, voltadas à disseminação de informações em defesa de Lula e do legado de seus dois mandatos.
A avaliação é que além da réplica nos processos, a defesa de Lula tem de ser feita para fora, nas ruas e nas redes sociais. O primeiro ato será o lançamento de uma campanha nacional em defesa do ex-presidente, no dia 7, em São Paulo, com a presença de juristas, intelectuais e militantes, que estimularão a mobilização de simpatizantes da causa em todo o país. Um ato maior, para milhares de pessoas, ocorrerá em 29 de novembro.
O movimento pretende inaugurar, também, comitês estaduais pró-Lula. O ex-presidente está disposto a percorrer o país. "Mas não em sua defesa pessoal, e sim, dos direitos que ajudou a conquistar e que o atual governo quer extinguir", afirma o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos coordenadores nacionais da campanha.
"Além do processo de criminalização do Lula e do PT, há um movimento para retirar direitos da população", acusa o ex-ministro. "A PEC do Teto retira os pobres do orçamento, a tentativa de desvincular os benefícios do salário mínimo prejudicará os aposentados", reforça.
Carvalho afirma que a "guerra jurídica" contra o ex-presidente tem como finalidade precípua transformá-lo em "ficha suja" para afastá-lo da disputa pela sucessão presidencial em 2018. "Antes de nos preocuparmos com a sucessão no PT, temos de nos mobilizar em defesa do Lula", conclama.
Quase uma dezena de nomes circula nos bastidores para o comando da sigla. São apontados para o lugar do presidente Rui Falcão, além do nome do próprio Lula: o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, o líder da minoria no Senado, Lindbergh Farias (RJ), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o ex-governador Tarso Genro, a secretária de Relações Internacionais, Mônica Valente (mulher do ex-tesoureiro Delúbio Soares).
Não há um slogan definido para a campanha, mas todos partem da premissa de que Lula seria "vítima de uma guerra jurídica". A partir desse mote, a ideia central da campanha é "justiça para Lula" e "justiça para todos". O movimento também alega que o ajuste fiscal do governo Michel Temer vai aniquilar direitos que a gestão de Lula teria assegurado aos mais pobres. Por isso, outra ideia-chave da campanha é "tirem as mãos dos nossos direitos" e "tirem as mãos de Lula".
O publicitário Chico Malfitani, antigo aliado do PT, voluntariou-se para ajudar na criação de slogans, textos e vídeos institucionais, que serão divulgados na internet e nas redes sociais.
Além de Carvalho, o "comitê nacional" em defesa de Lula é formado por representantes da Frente Povo Sem Medo, da Frente Brasil Popular (que reúne MST, UNE, Ubes), do PT, PCdoB e do Instituto Lula.
Atualmente, Lula é réu em três ações penais. Em Curitiba, é acusado dos supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em que teria recebido propina de R$ 3,7 milhões pela reforma de um triplex em Guarujá, e pelo custeio do armazenamento de seus bens. Em Brasília, é acusado de, supostamente, atuar pelo silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, a partir de delação do senador cassado Delcídio Amaral (MS), ex-PT. Em outra ação, é acusado de atuar junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES) para que liberasse empréstimos para a Odebrecht executar obras em Angola. Os advogados de Lula rechaçam as acusações e falam em "violação dos direitos fundamentais" do ex-presidente.
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