- O Globo
Curiosamente, ou nem tanto, para quem conhece o Rio de Janeiro, o socialista Marcelo Freixo está ganhando do ultraconservador Marcelo Crivella justamente entre os mais ricos e mais escolarizados, empatando entre os jovens. Será que as elites demonizadas por Lula não são tão demoníacas assim, pelo menos no Rio de Janeiro? Ou são tão masoquistas que atiram nos próprios pés, cedendo os seus “privilégios odiosos de classe” para as forças populares? Que elite mais generosa, a carioca...
Além disso, ela é novidadeira, gosta de estar sintonizada com as tendências internacionais, acha cool ser do contra, não gosta de nada que o povão gosta, tirando futebol, praia e escola de samba, e se acha mais esclarecida e informada. E talvez seja mesmo, para o bem e para o mal. A voz do povo, nem sempre, é a de Deus; às vezes é a dos demônios, senão não teríamos tantos Renans, Cunhas, Collors e Garotinhos. E demoníacas são as elites? São mesmo, quando manipulam a vontade do povo, enganam-no com promessas, exploram sua miséria e compram o seu voto.
O que surpreende é metade da juventude carioca apoiar um ultraconservador como Crivella, que teve que desmentir tantas vezes que faria qualquer discriminação de raça, orientação sexual ou crença que isso virou programa de governo... rsrs.
Só para lembrar: o Brasil já teve um presidente evangélico, o vice José Alencar, que assumiu o poder nas incontáveis viagens de Lula, sem nada que o desabonasse. Sim, Eduardo Cunha tambem é evangélico praticante.
Paris e Londres já tiveram prefeitos gays assumidos e pouca coisa mudou para todos os sexos e crenças.
Mesmo se o pior acontecer, com a vitória de Crivella, será um resultado espetacular para o PSOL e a garantia de que qualquer ameaça à pluralidade do Rio de Janeiro terá a oposição implacável de Freixo e seus vereadores. E da elite carioca.
E Crivella tem que jurar por Deus que não vai acusar a oposição de estar possuida por “espiritos imundos” e a serviço de “doutrinas demoníacas”.
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