Por Vandson Lima | Valor Econômico
BRASÍLIA - O Senado elege hoje seu novo presidente para os próximos dois anos. Ontem, os principais partidos passaram o dia em reuniões para definir posições e ocupação de postos na burocracia da Casa.
Na residência do atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores do PMDB oficializaram, por aclamação, a candidatura de Eunício Oliveira (PMDB-CE) à sucessão do comando do poder legislativo.
Renan, por sua vez, será o líder da bancada do PMDB, posto que era ocupado justamente por Eunício. Renan chegou a cogitar o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que fará este ano as sabatinas dos indicados a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no lugar de Teori Zavascki, e para procurador-geral da República, no lugar de Rodrigo Janot. Mas desistiu.
Renan, que trabalhou contra a candidatura de Eunício e em favor de Romero Jucá (PMDB-RR), elogiou publicamente o correligionário. "É uma bela indicação. Eunício tem experiência, liderança, tem espírito público e saberá conduzir o Senado nessa travessia tão difícil da vida nacional".
A sigla, aliás, cresceu. Maior bancada do Senado, o PMDB recebeu dois novos integrantes: Zezé Perrella (MG) e Elmano Férrer (PI). Ambos eram filiados ao PTB. Com isso, a bancada do PMDB fica com 21 dos 81 senadores em exercício (25,9%).
Para a CCJ, a disputa no PMDB está acirrada. Raimundo Lira (PB), Edison Lobão (MA) e Marta Suplicy (SP) querem a presidência do colegiado. Eduardo Braga (AM) teria desistido, segundo pemedebistas que estavam na casa de Renan.
O PMDB também indicará o segundo-vice do Senado. É um cargo com visibilidade, pois conduz as sessões conjuntas do Congresso Nacional na ausência do presidente. Outros três senadores do PMDB postulam a vaga: Garibaldi Alves (RN), João Al- berto (MA) e Valdir Raupp (RO).
No PSDB, confirmou-se a tendência a indicar Cássio Cunha Lima (PB), como vice-presidente da Casa. Paulo Bauer (SC) ficará como líder da bancada e Tasso Jereissati (CE) presidirá a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Já os senadores que se mantiveram ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff ainda não definiram posição. No PT, formou-se uma maioria contrária ao apoio à candidatura de Eunício, por considerar que a aliança com um pemedebista enfraquece a tese de que teria havido um golpe parlamentar para retirar a sigla do poder.
Uma reunião na casa do senador Roberto Requião (PR), que é do PMDB mas foi contra o impeachment, ocorreu ontem a noite. Senadores do PCdoB, Rede e alguns do PSB foram convidados. A ideia era ver as condições de uma candidatura alternativa, que seria encabeçada por Requião.
Caso opte por este caminho, o PT, terceira maior bancada do Senado, abre mão do acordo de proporcionalidade e colocará em risco a ocupação da primeira-secretaria, que Eunício havia assegurado ao partido. O posto era importante por ser uma espécie de prefeitura do Senado, com uma série de cargos a distribuir a petistas que estavam na máquina federal e foram desalojados por conta do impeachment.
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