Prévia do PIB, índice mostra que recuperação ainda demora, dizem analistas
Ana Paula Ribeiro, Gabriela Valente | O Globo
SÃO PAULO E BRASÍLIA - A economia brasileira começou 2017 em retração. Encolheu 0,26%, nas contas do Banco Central. Esta é a sétima queda mensal seguida. Em janeiro de 2016, a perda foi de 0,68%. Em dezembro, de 0,32%. A previsão dos analistas para o Índice de Atividade Econômica da autoridade monetária (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB, calculado pelo IBGE), era uma queda de 0,1%.
O fato de a atividade econômica ter iniciado o ano com um desempenho pior que o esperado demonstra, segundo analistas, que vai ser difícil sair do fundo do poço após dois anos seguidos de recessão. A expectativa é que sinais mais claros de uma retomada ocorram apenas no segundo semestre e de forma gradual.
— Quando olhamos os dados mensais do IBC-Br, vemos que a economia ainda se encontra no fundo do poço e está difícil sair. Ao analisar os dados trimestrais, há um esboço de reação, mas ainda muito tímido. Vai começar a melhorar, mas de forma muito errática. Só no segundo semestre vemos uma retomada — avalia Julio Hegedus Filhos, economista da consultoria Lopes & Filho.
Hegedus acredita que a recuperação só ficará mais evidente a partir do segundo semestre deste ano, quando será mais evidente o efeito da queda dos juros na economia, especialmente no varejo, que é beneficiado pela redução da taxa. A Selic está em 12,25%, e a expectativa é que chegue à casa de um dígito até o final do ano.
Na opinião de Paulo Nogueira Gomes, economistachefe da Azimut Brasil, uma das razões para essa fraqueza da recuperação da economia é o mercado de trabalho — a taxa de desemprego atingiu 13,2%.
— A economia está dando sinais de que está diminuindo a piora, mas ainda é uma piora, mesmo que em velocidade menor. Vamos ter uma reversão nos próximos meses, mas a retomada de fato vai começar só entre o segundo e o terceiro trimestre — comenta.
O economista Alberto Ramos, do banco americano Goldman Sachs, vê sinais de recuperação, mas avalia que ela será longa e prolongada. “Esperamos uma recuperação longa e prolongada, já que a economia provavelmente enfrentará ventos contrários, sendo alguns deles estruturais”, explicou, em relatório.
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