Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou ontem a pressão de estrategistas tucanos e dirigentes partidários que lhe cobram um desempenho melhor nas pesquisas de intenção de voto para consolidar sua candidatura à Presidência da República. A cobrança, segundo o tucano, não tem "nenhum sentido" neste momento de pré-campanha.
"Na realidade, as mudanças nas pesquisas só vão ocorrer mais perto do processo eleitoral, quando a população estiver mais focada na questão da disputa e quando os candidatos estiverem definidos. Hoje, você não sabe quem vai ser candidato", disse Alckmin, que aparece com 8% das preferências no levantamento realizado pelo Datafolha no fim de 2017.
O presidenciável tucano ainda procurou manifestar confiança em seu potencial eleitoral. "O eleitor é muito sábio. Ele observa, ele acompanha, ele se informa e compara. Então, as grandes mudanças vão ocorrer no segundo semestre. Não vai ter nenhuma mudança extraordinária neste começo de trabalho", acrescentou o governador paulista.
Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", publicada na edição de domingo, mostrou que parte dos tucanos e dos partidos aliados ao governo Michel Temer (MDB) entendem que, se Alckmin não atingir pelo 10% das preferências até abril, prazo máximo para desincompatibilização, será preciso buscar um novo nome para a corrida presidencial.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é um dos tucanos mais preocupados com os rumos da eleição de 2018. No domingo, ele conclamou a união de políticos de centro em artigo no jornal "O Globo". Na semana anterior, FHC já tinha reconhecido a possibilidade de o partido apoiar um nome de fora do PSDB.
"Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e tenha princípios próximos aos nossos, tem que apoiar essa pessoa", disse FHC, na ocasião, ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Alckmin frisou que não se sente incomodado com a pressão ao classificá-la como "absolutamente normal". Além disso, argumentou que a fala do ex-presidente foi "deturpada". "O que ele falou é o que nós defendemos. O Brasil está cansado de divisão e nós precisamos ter união para retomar uma agenda de reformas, competitividade e desenvolvimento".
O governador participou ontem da cerimônia que marca o início das obras do Programa Pró-Billings, que vai ampliar a coleta e o tratamento de esgoto na região do ABC Paulista. Cerca de 83 mil imóveis serão beneficiados pelo investimento de R$ 89,4 milhões. A expectativa é que a obra seja concluída em 2020.
Em seu discurso, Alckmin destacou que o investimento vai garantir aproximadamente 1,2 mil empregos. Durante o evento, o governador foi alçado à condição de presidenciável pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB).
"O brasileiro precisa ter a responsabilidade que o paulista e o paulistano tiveram. Parar com o discurso barato, do pão com mortadela, e eleger quem está preparada para governar o Brasil", declarou Morando, arrancado aplausos da plateia, composta em sua maioria por políticos e moradores da região. "Tenho esperança de ter mais dois anos de mandato com o senhor como presidente da República", acrescentou o prefeito.
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