César Felício | Valor Econômico
SÃO PAULO - Sem grandes novidades, a pesquisa de intenção de voto do Datafolha divulgada na edição de ontem pelo jornal "Folha de S. Paulo", indica o declínio do eleitorado que opta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso há dois meses, a estagnação de Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), e a convergência de resultados de institutos que medem a preferência dos eleitores, com metodologias distintas.
A pesquisa Datafolha é feita com entrevistas pessoais, que transitam em pontos de fluxo. A divulgada ontem coletou a opinião de 2.824 pessoas ouvidas entre os dias 6 e 7. No cenário em que Lula é incluído, o petista-que não deve ser candidato em função da Lei da Ficha Limpa- ficou com 30%; Bolsonaro com 17%; Marina Silva (Rede) com 10%, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) com 6% e Alvaro Dias (Podemos) com 4%.
Em um levantamento feito por telefone pelo instituto Ipespe, por encomenda da corretora XP Investimentos, feita com 1 mil entrevistas entre 4 e 6 de junho, os resultados foram muito similares. Lula, Marina e Ciro tiveram o mesmo porcentual da pesquisa do Datafolha. Bolsonaro apareceu com 20% na sondagem por telefone, e Dias com 5%. Considerando que a margem de erro do Ipespe é de 3,2 pontos percentuais e a do Datafolha é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, os levantamentos se equivalem.
O enfraquecimento de Lula fica patente ao se olhar o resultado da pesquisa espontânea. Na medição do Datafolha, o petista é citado sem a apresentação do cartão de candidatos por apenas 10% dos eleitores. Em setembro do ano passado, que foi o melhor momento do petista nas pesquisas do instituto, Lula tinha 18%. Bolsonaro pela primeira vez aparece à frente de Lula nesta modalidade com 12%. A percepção de que Lula não será candidato provavelmente explica o resultado.
A comparação do resultado da pesquisa estimulada nas diversas rodadas do Datafolha deve ser feita com ressalvas, uma vez que o quadro de candidatos é diferente. Ainda assim, é possível dizer que há indícios de estagnação de todos os principais concorrentes à presidência.
No levantamento publicado ontem, Bolsonaro está com 19% no principal cenário, à frente de Marina Silva com 15%; Ciro ficou com 10%; Alckmin com 7% e Alvaro Dias com 4%. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, quando substitui Lula como candidato do PT, obtém 1%.
Em uma pesquisa do Datafolha feita em novembro do ano passado, com quadro muito similar ao principal cenário divulgado ontem, Bolsonaro conseguia 21%, Marina 16%, Ciro 12%, Alckmin 9%, Alvaro Dias 5% e Haddad 3%. Ou seja, todos oscilaram negativamente. A falta de alavancagem de Bolsonaro surpreende porque o deputado pelo Rio de Janeiro está em ascensão na pesquisa espontânea.
No cenário de segundo turno também o que sobressai é a estabilidade. Assim como na foi registrado na rodada anterior do Datafolha, Lula ganha de todos os seus possíveis rivais, Ciro empata com Bolsonaro e Alckmin e o tucano e o deputado do PSL empatam entre si. Excetuado Lula, Marina ganha de todos, inclusive de Ciro, em uma simulação testada pela primeira vez.
Nesta modalidade existe diferença nos resultados da pesquisa do Datafolha e a feita pelo Ipespe por encomenda da XP. Embora dentro da margem de erro, Bolsonaro está à frente de Alckmin e Ciro no levantamento por telefone. No caso do tucano, por cinco pontos percentuais e no caso do pedetista, três pontos percentuais. O deputado do Rio está ainda em situação de empate com Lula, uma vez que a diferença entre ambos, a favor do petista, é de cinco pontos. Segundo o diretor do Ipespe, Antonio Lavareda, "diferenças [ entre pesquisas de diversos institutos] no segundo turno podem ser influenciadas pela exposição anterior de diferentes cenários de primeiro turno aos entrevistados".
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