Colaboradores cruzam pesquisas para entender baixo desempenho em São Paulo
Silvia Amorim | O Globo
-SÃO PAULO- Catalisador da desconfiança em torno da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o fraco desempenho eleitoral em São Paulo, estado que governou por 13 anos, intriga a própria equipe do tucano. Ao cruzar pesquisas, seus colaboradores perceberam o fenômeno: apenas um terço dos eleitores que aprovam sua gestão aponta Alckmin como seu candidato nas eleições deste ano. Eles dizem que o fosso entre a avaliação positiva e a disposição em votar contraria a normalidade.
A desconexão é um enigma para a campanha, que foi investigar pesquisas de eleições anteriores atrás de explicações para o cenário inédito do tucano em seu estado. Sem encontrar respostas seguras, a equipe do tucano se agarra a uma hipótese: a de que muitos eleitores de São Paulo ainda não sabem que ele é candidato.
Alckmin é o político que por mais tempo governou São Paulo. Nas duas últimas eleições (2010 e 2014) venceu no primeiro turno — sendo o mais votado em 644 dos 645 municípios paulistas quatro anos atrás.
Desgaste de imagem do PSDB com a Lava-Jato e cansaço com as administrações no estado também são hipóteses para a discrepância. Alckmin amarga o pior desempenho de um presidenciável do PSDB no estado. Pesquisas Ibope e Datafolha, divulgadas em abril e maio, mostram o tucano com 15% das intenções de voto dos paulistas, num empate técnico com o Jair Bolsonaro (PSL).
Entre os eleitores que aprovam o governo de Geraldo Alckmin em São Paulo, 15% dizem votar em Bolsonaro para presidente. Marina Silva (Rede) abocanha outros 15%. Estes números, especificamente, foram levantados, em abril, pela pesquisa Datafolha. Segundo o instituto, Alckmin deixou o governo paulista com 36% de aprovação. O índice é dos mais baixos obtidos por ele. Em 2006, quando disputou a Presidência, tinha 66%. Naquele ano, ele obteve 54% dos votos válidos em São Paulo no primeiro turno.
Para este ano, sua equipe almeja um patamar menor.
— Vamos chegar aos 30% — diz um dos estrategistas do pré-candidato.
Há uma discussão interna se Alckmin deveria viajar o estado, mas o palanque duplo — de João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB) — deixa o presidenciável em situação delicada.
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