Por Raymundo Costa | Valor Econômico
BRASÍLIA - Entregue o pedido de registro da candidatura do ex-presidente Lula, o PT não sabe exatamente o que fazer a partir de hoje. Está dividido entre os que desejam manter a estratégia adotada até agora, e levá-la ao limite, e o grupo que prefere acabar com a ambiguidade e declarar logo o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato oficial do partido.
De um lado estão os advogados e a maioria da direção nacional do PT. O objetivo é levar o nome e a imagem de Lula até os programas eleitorais e, se possível, também às urnas eletrônicas. No outro grupo estão os governadores e candidatos ao Senado e legislativos estaduais, que pedem a oficialização do candidato Haddad, a fim de aprumar suas próprias campanhas. Chegam a torcer por uma decisão sumária da Justiça. O ex-governador da Bahia Jaques Wagner avisou que o PT "não tem a vida inteira" para apresentar o candidato real. Ontem, o governador Wellington Dias, do Piauí, advertiu que "o Nordeste é propenso a votar no candidato indicado por Lula, mas não cegamente"
Comportamento petista evidencia divisão sobre estratégia
Feito o pedido de registro da candidatura Lula, o PT não sabe exatamente o que fazer a partir de hoje. Para ser mais preciso, está dividido entre os que desejam manter a estratégia até agora adotada, e levá-la ao limite, e o grupo que prefere acabar com a ambiguidade e declarar logo o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como o candidato oficial do partido.
De um lado, os advogados e a maioria da direção nacional do PT. O objetivo é levar o nome e a imagem de Lula até os programas eleitorais e a impressão de seu nome na cédula eleitoral. Estratégia de risco e talvez inócua, visto que os sinais emitidos pela Justiça Eleitoral são de uma decisão rápida.
No outro grupo estão os governadores e candidatos ao Senado e assembleias, que demandam a oficialização do candidato Haddad, a fim de aprumar suas próprias campanhas. Secretamente chegam a torcer pela decisão sumária da Justiça. Duas vozes de peso romperam o pacto de silêncio em torno do "Plano B" para advertir que 30 dias é pouco tempo para preparar a candidatura de Haddad.
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner, primeira opção de Lula, avisou que o PT "não tem a vida inteira" para apresentar o candidato real. Ontem o governador Wellington Dias (PI) advertiu que "o Nordeste é propenso a votar no candidato indicado por Lula, mas não cegamente".
Dias e Wagner falam amparados em pesquisas feitas pelo PT, segundo as quais o eleitor do partido quer saber antes quem é o candidato do ex-presidente, para depois decidir. Não é uma transferência automática, mas pode ser potencializada se o nome do candidato for trabalhado desde já.
A participação de Haddad em debates foi uma decisão tomada depois de discussões pró e contra. Também já está sendo confeccionado material com a chapa Haddad e Manuela D'Ávila como candidato e vice da coligação PT-PCdoB nas eleições.
O fato é que cresceu a corrente que defende a confirmação de Haddad já. A última palavra será de Lula, como sempre. Defende-se que o ex-presidente escreva uma carta em que deixe claro, sem margem a interpretações, que o nome é Haddad. Assim como paralisa, Lula pode soltar o freio de mão. Os candidatos a cargo eletivo correm contra o tempo.
O risco é Lula esticar demais a corda e transformar o PT, especialmente do Nordeste, presa fácil para ataques especulativos. Ciro Gomes (PDT), por exemplo, já esteve prestes a levar o apoio dos governadores do partido na região - o que só não conseguiu porque Lula vetou.
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