- O Globo
Os petistas sabem que Lula não poderá ser candidato. O ritual de ontem cumpriu outra função: mobilizar a máquina do partido para a campanha de Fernando Haddad
Não há, na direção do PT, quem acredite a sério que Lula poderá ser candidato ao Planalto. Condenado em segunda instância, o ex-presidente deve ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. O ritual de ontem em Brasília cumpriu outra função: pôr o bloco na rua para tocar a campanha de Fernando Haddad.
Registrado como vice, o ex-prefeito já assumiu papel de candidato. Ele foi o protagonista do ato de registro da chapa. Depois subiu no palanque e leu uma carta do padrinho. No texto, Lula disse ser vítima de uma “caçada judicial” para tirá-lo da eleição. Tudo foi coreografado e filmado para a propaganda na TV.
Antes do ato público, os petistas se fecharam para aparar arestas. Saíram com a promessa de sepultar as resistências a Haddad. No almoço de ontem, os descontentes prometeram trabalhar pelo ex-prefeito.
O ex-ministro Jaques Wagner, que tinha mais apoio interno para ser o candidato, foi só elogios a Haddad. “Se houver necessidade de substituição (de Lula), ele é uma pessoa brilhante”, disse. Ao ser lembrado de que o ex-prefeito fracassou na eleição de 2016, ele improvisou: “Deus escreve certo por linhas tortas. Se ele tivesse ganhado, estaria preso na prefeitura”.
Não se sabe quando o TSE barrará Lula, mas Haddad já foi liberado para se apresentar como seu herdeiro. Na próxima terça, ele começará um giro pelo Nordeste. A região concentra 27% do eleitorado e se transformou em mina de votos para o PT.
“O Haddad tem que ir aonde o povo está”, disse o governador da Bahia, Rui Costa. Em 2014, o estado deu a maior vantagem de Dilma Rousseff no duelo com Aécio Neves: quase 3 milhões de votos.
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Está de volta à praça um velho discurso: um milionário que vira candidato nunca usará a política para enriquecer. A tese já circulou na campanha de 1989, quando a atriz Cláudia Raia frequentou o horário eleitoral na TV. Numa propaganda famosa, ela pediu votos para “um homem bem-nascido que não precisa do dinheiro do povo”. Falava de Fernando Collor.
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