Programa eleitoral que vai ao ar apontará riscos de Brasil virar uma Venezuela
Thais Bilenky | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em nova etapa de sua campanha, mais agressiva, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) explorará ligações de seus principais alvos com Hugo Chávez e a Venezuela.
Pela primeira vez desde o início do horário eleitoral, o tucano olhará diretamente para a câmera de vídeo para criticar o PT e Jair Bolsonaro (PSL), em vez de deixar que a propaganda falasse por ele.
Esta era uma cobrança de aliados do centrão, preocupados com a estagnação nas pesquisas: que o candidato se expusesse na televisão, mostrando energia nos ataques aos oponentes.
“Os brasileiros estão escolhendo com raiva e indignação, mas muita gente não parou para pensar que corremos o risco de virar uma Venezuela”, dirá o candidato no programa que vai ao ar nesta quinta-feira (20).
Na peça, cujo teor foi obtido pela Folha, Alckmin tratará de associar o petismo/lulismo e o bolsonarismo a lados obscuros da política nacional, como informado pelo Painel.
O capitão da reserva é, em suas palavras, “um despreparado que representa um verdadeiro salto no escuro”. O PT, representado na eleição por Fernando Haddad, “a própria escuridão”.
“São dois lados de uma mesma moeda: a do radicalismo. Se qualquer desses lados vence, o país perde. Sou oposição a ambos, porque sou a favor do Brasil”, asseverará na televisão.
Manifestações de simpatia por Chávez serão lembradas na televisão. Hoje contumaz crítico da ditadura chavista, Bolsonaro elogiou o venezuelano em setembro de 1999 em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. “É uma esperança para a América Latina. Acho ele ímpar”, declarou na ocasião.
No programa eleitoral, Alckmin atacará “o extremismo de um deputado, que já mostrou simpatia por ditadores como Pinochet e Hugo Chávez, que já defendeu o uso da tortura, que acha normal que mulheres ganhem menos que os homens, uma pessoa intolerante e pouco afeita ao diálogo, que em quase 30 anos de Congresso nunca presidiu uma comissão sequer, nunca foi líder de nenhum dos nove partidos aos quais foi filiado”.
Para aproximar a mensagem do eleitor, a peça trará depoimentos de venezuelanos sobre as consequências de se ter um presidente inexperiente, uma ditadura militar.
E não poupará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT.
“De outro lado, temos a própria escuridão: o PT, sempre radical e extremista. O partido que apoia o regime ditatorial que levou a Venezuela ao desastre, o partido que quer o fim da Lava Jato, que foi responsável pelo maior esquema de corrupção do mundo, o petrolão, o partido que nos deixou um desastroso legado com Dilma”, apontará Alckmin.
Sua estratégia é se colocar como o único antipetista viável da disputa, ao supor que Bolsonaro perderia para Haddad em eventual segundo turno dada sua alta rejeição.
Nesta quarta-feira (19), em evento da revista Veja, Alckmin apostou que o candidato do PT já está no segundo turno e o do PSL não.
“Bolsonaro está no teto e tenderá a cair”, afirmou, depois da sabatina. “Uma parte do voto no Bolsonaro não é dele. É um voto anti-PT que está lá só porque há uma percepção de que ele pode evitar o PT. Só que eu enxergo de maneira contrária. Ele é o passaporte para a volta do PT.”
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