- Folha de S. Paulo
Datafolha mostra que 57% dos que rejeitam Haddad votam no candidato do PSL
A estratégia de personificar o antipetismo foi um bom negócio para Jair Bolsonaro. A sequência das últimas pesquisas mostra que o sentimento de aversão ao PT ainda é a principal turbina do candidato do PSL e permitiu que ele rompesse o patamar que alguns adversários consideravam seu teto.
O novo levantamento do Datafolha aponta que 57% dos eleitores que rejeitam Fernando Haddad votam em Bolsonaro já no primeiro turno. Em abril, assim que Lula foi preso, o deputado capturava apenas 31% daqueles que diziam não votar no ex-presidente “de jeito nenhum”.
O candidato do PSL construiu as bases de sua candidatura em segmentos tradicionalmente avessos ao PT, como os mais ricos e eleitores com curso superior. Ele chegou a dar sinais de estagnação nesses nichos, mas voltou a abrir caminho.
A pesquisa desta quinta-feira (20) indica que Bolsonaro continua crescendo até em grupos que já pareciam saturados, como os eleitores de alta renda (40%), os mais escolarizados (38%) e moradores das regiões Sul (37%) e Sudeste (30%).
O antipetismo moveu parte significativa do eleitorado nas últimas disputas presidenciais. Em 2014, 55% dos eleitores que rejeitavam Dilma Rousseff apontavam preferência por Marina Silva quando ela ultrapassou Aécio Neves nas pesquisas. O tucano só retomou fôlego quando se apresentou como o único capaz de vencer o PT no segundo turno.
Desta vez, o avanço acelerado de Bolsonaro travou Geraldo Alckmin(PSDB). Na última pesquisa, só 8% daqueles que dizem rejeitar Haddad declaram voto no tucano.
A curva de desempenho do candidato do PSL explica por que ele ignorou sugestões de moderação como forma de expandir seu eleitorado e seduzir uma direita light.
Ao apelar para um medo esdrúxulo do comunismo e reforçar uma plataforma radicalmente oposta à esquerda, o deputado abafou adversários diretos e se tornou a única grife antipetista da disputa —com cores gritantes e desenhos extravagantes.
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