Expectativa de desempenho positivo do Congresso é a maior medida desde 2010, segundo Datafolha; parlamentares devem contribuir para superar crise
O eleitorado costuma ficar esperançoso com o resultado das urnas. As pesquisas realizadas no lusco-fusco entre a eleição e o início de um governo indicam que pelo menos dois terços dos votantes creem que um novo presidente vá apresentar desempenho ótimo ou bom. A taxa de otimismo sempre supera a votação do novo mandatário.
Apesar de menos pronunciada, também é considerável a esperança dos brasileiros com o Congresso. No caso da legislatura que começa em fevereiro, a expectativa positiva, de 56%, supera as apuradas em 2010 e 2014, registra o Datafolha.
Ademais, no período nunca foi tão grande a discrepância entre a avaliação dos parlamentares que saem e daqueles que tomarão posse. O dado constitui indício, ao que parece, de que se aguarda renovação de métodos, atitudes e resultados no sistema político.
Tal demanda já ficara evidente, por exemplo, nas mudanças da composição partidária da Câmara dos Deputados. Algumas legendas tradicionais, mais ligadas ao establishment, perderam quase metade de suas bancadas.
Os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) são de longe os mais confiantes —71% deles acreditam em um Congresso ótimo ou bom, ante 41% entre os eleitores de Fernando Haddad (PT) e 43% entre os que não votaram em nenhum dos dois no segundo turno.
O otimismo é maior entre aqueles de renda e escolaridade mais baixa, e menor no Nordeste.
Não está claro, de todo modo, o que os brasileiros esperam do Legislativo e quais são os critérios de julgamento de desempenho.
As flutuações das notas dadas aos parlamentares sugerem que a popularidade do governo, escândalos de corrupção e turbulências políticas afetam a avaliação.
O prestígio presidencial, por sua vez, depende do desempenho econômico, de lisura no comportamento e da manutenção da palavra dada quanto a compromissos centrais de campanha.
Assim, o Congresso poderá evitar desgaste se ao menos contiver comportamentos indecorosos. Mas isso é apenas o mínimo aceitável.
A renda do país e as contas do governo se encontram em estado crítico; um Parlamento responsável precisa contribuir para a superação de quase meia década de crise. Deve colaborar sem submeter-se a ditames do Executivo nem deixar de lado seu papel fiscalizador.
No caso de divergência em relação aos projetos presidenciais, há que apresentar alternativas viáveis economicamente e conciliadoras em termos políticos e sociais.
Deputados e senadores acabam de ganhar um novo voto de confiança. Que não o rasguem outra vez.
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