Por Patrick Brock | Valor Econômico
NOVA YORK - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse ontem que os limites impostos pelo teto de gastos em combinação com a falta de crescimento econômico podem levar o Brasil a um "colapso social" nos próximos anos. Maia falou a investidores em Nova York reunidos pelo banco BTG Pactual. Ele chegou ontem à cidade para uma viagem oficial de três dias. Também estão nos EUA o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e deputados. Segundo Maia, "A gente vai ter que encontrar alguma solução para ter capacidade de aumentar os gastos no Brasil. Não tem muita saída".
"Como nós vamos organizar isso com os Estados e os municípios, talvez os economistas aqui reunidos possam nos ajudar", brincou Maia, lembrando que a proposta de emenda constitucional do teto de gastos presumia uma reforma da Previdência em 2017 e 2018 que acabou não acontecendo.
O presidente da Câmara alertou, também para a necessidade de aprovar uma lei que neutralize a chamada "regra de ouro" e permita aumentar os investimentos públicos.
Em relação à reforma da Previdência, Maia previu em almoço privado com investidores a aprovação pelo Congresso até setembro. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), presente no almoço, disse que tanto Maia como o presidente do Senado demonstraram otimismo Doria também afirmou que há unidade entre os governadores no apoio à reforma, mas o que pode variar é a contrapartida que exigirão em troca de apoio.
"Se o governo Jair Bolsonaro mantiver uma posição ajuizada no Congresso Nacional, respeitando o Congresso, a suas posições prós e contras, a liderança exercida pelo Rodrigo Maia e pelo Davi Alcolumbre, ao meu ver, garantirá a reforma da Previdência", disse o governador.
Durante a palestra aberta, horas antes, o presidente da Câmara havia dito que a falta de clareza sobre as políticas do governo de Bolsonaro cria dificuldades para que parlamentares aprovem as mudanças na aposentadoria e que a reforma não é suficiente para resolver, sozinha, os problemas de desemprego e desigualdade social no país.
Neste momento, Maia afirmou que o governo Bolsonaro representa " a direita mais extrema no governo". "Ainda não compreendemos, olhando a longo prazo, quais são as políticas que esse governo trouxe para sobrepor os 13 anos de governo do PT, que tinha uma agenda que foi muito criticada, inclusive pelo DEM. Não é o DEM que está no governo, mas a direita mais extrema que está no governo, e até agora a gente não entendeu qual é essa agenda", afirmou Maia durante a palestra.
"Esse também é um outro problema: se a gente sabe como tirar algo que se esgotou, mas a gente ainda não sabe o que colocar no lugar, isso também gera certo desconforto na relação entre os Poderes, porque o deputado vai votar uma matéria como a Previdência e quer entender como essa votação vai gerar um impacto na melhoria da qualidade de vida dos seus eleitores", completou. (Com Folhapress)
Nenhum comentário:
Postar um comentário