segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

George Gurgel* - A tragédia Yanomâmi

Qual tribunal vai julgar os devoradores de florestas, de montanhas, dos solos, dos rios e do ar que respiramos?

Os fatos e as imagens anunciam e anunciavam a tragédia Yanomâmi. O Brasil e o mundo hoje e nos próximos dias vai saber, de maneira espetacularizada, a amplitude desta triste realidade. Ausências e responsabilidades escancaradas.

Quem vai responder pela tragédia Yanomâmi? Temos sociedade, estado e cidadania? Quais são os valores das nossas humanidades?

As montanhas estão sendo comidas pela mineração. Os rios estão sendo mortos por nós a cada dia. A floresta incendiada reaparece em forma de bizarros esqueletos seculares, um dia árvores frondosas… Os solos calcinados ficam esperando agrotóxicos para contemplar o ciclo da morte. As mudanças climáticas vão nos atormentando a vida.

Estamos vendo a vida sendo levada pela fumaça, pela falta de natureza, de trabalho, moradia, educação, comida, saúde… de quase tudo! A humanidade Yanomâmi vai a massacre, vertiginosamente.

Qual tribunal vai julgar os devoradores de florestas, de montanhas, dos solos, dos rios e do ar que respiramos?

A natureza vai se cansando de sinalizar. A tragédia foi anunciada, tantas vezes em gritos, lamentos e frustrações.

E o Brasil vai reagir? O que ainda pode acontecer? Ainda há tempo de ouvir e dialogar com a sabedoria e a espiritualidade Yanomâmi?

Qual é a nossa humanidade? (Salvador, 22 de janeiro de 2023)

*George Gurgel, professor da UFBa (Universidade Federal da Bahia) e do Instituto Politécnico da Bahia

4 comentários:

Anônimo disse...

O Brasil precisa reagir. Que seja dado o freio na ganância e possamos seguir o reorientar da trilha.

Kithi disse...

Oxalá cada um de nós entendamos o real significado de sermos “um só” organismo.

Anônimo disse...

Vimos um presidente por 4 anos longos se desinteressar explicitamente pelos povos indígenas e pela destruição ambiental, escolhendo ministros e diretores de órgãos para fazerem o mínimo nestas áreas e permitirem a ampliação da destruição como política de seus órgãos. Policiais e delegados mandando e desmandando na Funai... Como foi isto? Um criminoso ambiental já condenado era Ministro do Meio Ambiente, e continuou dando as tintas no ministério mesmo depois de demitido, pois suas orientações não foram alteradas. O GENOCIDA estimulou e protegeu o garimpo ILEGAL e a derrubada de matas na Amazônia! O ministro Barroso do STF teve que seguidamente mandar a Funai e o Ministério da Saúde de Pazuello agirem pra proteger os índios... Estes órgãos estavam seguindo a política genocida de Bolsonaro... O genocida é GENOCIDA, sim!

ADEMAR AMANCIO disse...

Eu vi a fotografia,gostaria de desver... Como se não vendo eliminasse o problema,quem dera.