sábado, 11 de fevereiro de 2023

João Gabriel de Lima* - Lá fora, nosso nome é Amazônia

O Estado de S. Paulo.

Na economia do futuro, o Brasil tem sua grande chance de protagonismo internacional

Não existe ferramenta capaz de aferir, com precisão, a contribuição de cada país no combate às mudanças climáticas. O Climate Scanner, apresentado na semana passada em evento em Lisboa, pretende suprir essa lacuna. A plataforma digital será alimentada com informações confiáveis sobre financiamento, políticas públicas e governança.

A ferramenta está sendo desenvolvida pela Intosai, entidade que congrega órgãos de controle de diversos países – entre eles o nosso Tribunal de Contas da União (TCU). O Brasil assume a presidência do Intosai em novembro deste ano, quando o Climate Scanner será lançado oficialmente. “Será uma oportunidade de recuperar a liderança e o respeito que sempre tivemos quando falamos em meio ambiente”, diz Bruno Dantas, presidente do TCU. Ele é entrevistado no minipodcast da semana.

Quando se fala em Brasil no exterior, a primeira palavra que vem à mente é “Amazônia”. Nesta semana o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou seu colega americano, Joe Biden, e recebeu a chanceler francesa, Catherine Colonna. A Amazônia foi assunto nas duas conversas, que tiveram a participação da ministra Marina Silva.

Faz sentido que a titular do Meio Ambiente participe dos compromissos internacionais de Lula. Num país como o Brasil, ela é tão importante quanto o ministro da Fazenda. Um cuida da economia do presente; o outro, da economia do futuro – área na qual o Brasil, país-chave no combate à mudança climática, tem sua grande chance de protagonismo internacional.

Se, na “economia do presente”, a notícia tem sido a turbulência com o BC, a “economia do futuro” enviou dois sinais positivos nesta semana. O novo plano de combate ao desmatamento na Amazônia (PPCDAm) colocou, acertadamente, a geração de empregos no centro das preocupações – algo fundamental quando se leva em conta que o crime organizado, tragicamente, capturou grande parte do mercado de trabalho da região.

O outro é a nomeação da economista Ana Toni na Secretaria Nacional de Mudanças do Clima. Ela foi a responsável por agregar acadêmicos, ambientalistas, líderes indígenas e alguns empresários do agronegócio no Brazil Action Hub, pavilhão da sociedade civil montado nas três últimas conferências do clima – COPs 25, 26 e 27. O Brasil necessita da união de vários setores se quiser se tornar voz importante no debate ambiental.

Depois dos sinais, precisamos de resultados. Que sejam urgentes, concretos e eloquentes a ponto de movimentar o ponteiro do Climate Scanner. Desses resultados depende nosso protagonismo – afinal, lá fora, nosso nome é Amazônia.

*Escritor, professor da Faap e doutorando em Ciência Política na Universidade de Lisboa

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Curto,simples e direto.