Blog do Noblat / Metrópoles
A decisão do governo Lula deve ser apoiada
por aqueles que olham para o futuro
O governo Lula, por meio dos ministros Fernando Haddad e Alexandre Silveira, demonstrou positivo espírito de mudança com a nova regra sobre o preço dos combustíveis. Saiu do populismo de beneficiar aos atuais consumidores, mesmo sacrificando o futuro do país; sinalizou compromisso com equilíbrio fiscal, repetido diversas vezes nas sucessivas falas; apontou a necessidade de reorientação da matriz energética no transporte, da base fóssil para fontes alternativas. Muitos duvidavam que o novo governo teria a coragem política e a lucidez técnica para esta decisão, que não é fácil, porque a democracia padece de horror ao futuro e compulsão por atender aos interesses imediatos dos eleitores.
A decisão tem sido contestada pelos que
olham mais para o contador em Reais na bomba de gasolina do que para o custo
histórico; mais para o interesse de cada um e sua corporação no presente do que
para o conjunto da população no futuro. Desprezando, por isso, os riscos de
inflação estrutural, catástrofe ecológica e a esperada recessão nas economias
baseadas em petróleo. A decisão do governo deve ser apoiada por aqueles que
olham para o amanhã e desejam que Lula não apenas substitua a tragédia do
passado, mas sinalize esperança para o futuro, enfrentando as dificuldades do
presente. Este apoio deve ser dado também sugerindo medidas salicionais para
estratégias que apontem um novo modelo industrial e energético.
Além das corretas medidas, de preço e
tributo, sobre o petróleo, o governo deveria ter apresentado medidas de médio e
longo prazo para: a) reorientação da indústria economia mecânica, predatória e
protegida para economia verde, digital e eficiente na concorrência
internacional; b) medidas que incentivem a substituição dos carros a
combustível fóssil por carros movidos a energia elétrica; c) ampliação do
parque de energia com fontes alternativas, eólica e solar; d) descentralização
territorial do parque produtivo; e) apoio e melhoria da qualidade do transporte
público nas cidades.
Esta semana o governo Lula mostrou que não
chegou apenas para trazer a democracia de volta, mas também para apontar a uma
nova maneira de governar, em direção a um novo Brasil. Foi uma boa mudança,
embora ainda incompleta, por não sinalizar uma estratégia para o futuro.
Cristovam Buarque foi senador, governador e ministro
4 comentários:
Cristovam Buarque retesa o arco e acerta a flexa no ponto crucial: a decisão voltada para o futuro, melhor que possa ser
Sugiro um item a ser acrescido a sua lista de volta ao futuro: destinar verbas à pesquisa de energia gravitacional.
Perfeito!
'Energia gravitacional',nunca ouvi falar,rs.
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