O Globo
A artista faleceu na última sexta-feira
(3), e o velório será neste domingo (5)
Morreu sexta-feira (3), a cantora e
compositora carioca Sueli Correa Costa, autora de "Jura secreta",
famosa na voz de Simone, e de "20 anos blue", consagrada por Elis
Regina. A notícia foi comunicada neste sábado (5), pela sobrinha da artista, a
também cantora Fernanda Cunha. Sueli enfrentava um câncer na bexiga há 7 anos,
e, internada para um procedimento cirúrgico, sofreu uma parada cardíaca. O
velório está marcado para este domingo (5), 11h, no cemitério São João Batista,
em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Sueli Mesquita parte a quatro meses de
festejar 80 anos, de causa não revelada. Nascida numa família de músicos, Sueli
teve uma mãe que tocava piano e ministrava aulas de canto coral. Foi nesse
ambiente que aprendeu sozinha a tocar violão na adolescência, ao lado dos
irmãos (Élcio, Lisieux, Telma e Afrânio). No estilo bossa-nova escreveu aos 18
anos a primeira composição, "Balãozinho".
Nos anos 1960 iniciou a carreira como compositora, enquanto conciliava os estudos na Faculdade de Direito em Juiz de Fora, onde foi criada, até 1969 quando seguiu para o Rio de Janeiro. Neste período, em Juiz de Fora, Sueli Costa compôs e cantou todas as canções da peça "Cancioneiro de Lampião", encenada pelo Grupo Divulgação em 1967. Ela também trabalhou na trilha da peça "Bodas de Sangue", no mesmo ano.
Ela viveu anos de ininterrupta atividade
como compositora, músicas gravadas por grandes intérpretes como Nara Leão,
participou da trilha sonora de peças infantis, e em festivais, além de ter
ministrado aulas de música em colégios cariocas formaram um currículo
respeitável.
A década de 1970 marcou um grande momento
de reconhecimento do talento por parte de intérpretes como Ney Matogrosso,
Simone, Cauby Peixoto, Pedro Mariano, Joanna, Fagner, Fafá de Belém, Alaíde
Costa, Ângela Rô Rô, Elis Regina, Ivan Lins, Zélia Duncan, Zizi Possi, Agnaldo
Rayol, Gal Costa, Wanderléa, Ithamara Koorax, entre outros.
O nome de Sueli Costa passou a fazer parte
então da elite de compositores da MPB. Com o sucesso batendo à porta, foi
contratada pela EMI e gravou o primeiro LP (1975) com produção de Gonzaguinha e
arranjos de Paulo Moura e Wagner Tiso. Dois anos depois, veio o segundo LP
(1977), com produção de João Bosco e Aldir Blanc. Os parceiros mais importantes
até hoje são, no início, Cacaso e Tite de Lemos; depois apareceram Aldir Blanc,
Ana Terra, Paulo César Pinheiro e Abel Silva, com quem consagrou uma dupla de
sucesso.
Apesar de sua vasta e importante obra,
Sueli não teve o reconhecimento que merecia em vida, segundo alguns de seus
admiradores.
- O Brasil não sabe quem ela é, mas a gente
tem que fazer justiça e acordar o povo - afirma o DJ Zé Pedro, amigo e
admirador do trabalho da artista.
Ele foi um dos que publicou uma homenagem a ela em seu perfil no Instagram. Zé escreveu: "Sueli Costa, acordar sem você no Brasil é dor lancinante. Foi com 'Coração Ateu' que meu coração singrou pela primeira vez o mar das tuas melodias. Com você descobri Tite de Lemos, Cacaso, Abel Silva, Ana Terra e tantos outros poetas que se tornaram verdadeiros biógrafos da minha existência. Compositora decisiva nos destinos de Maria Bethânia, Simone e Nana Caymmi, você sempre foi arredia a consagrações, preferindo o quase anonimato pelas ruas e uma discografia estupenda como intérprete apenas para conscientes da sua importância. Agora, eu me sento aqui e nada mais tenho a dizer da tristeza que embaça meus olhos. Segue em paz, Sueli"
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