Folha de S. Paulo
Aliados de Lula fizeram acordo para poupar as
Forças Armadas
Cinco meses depois de ter sido
instalada no Congresso para mexer em um arsenal com alto poder
explosivo, a CPI do 8/1 vai terminar ao som de um estalinho de
festa de São João. Bolsonaro —que no relatório da senadora Eliziane Gama deverá ser apontado como autor
intelectual da tentativa de golpe contra Lula—
nem sequer foi convocado para prestar esclarecimentos ou usar o direito de se
defender.
O escanteio ao ex-presidente —já punido com a inelegibilidade— norteou a estratégia do governo de não dar
palanque à tese bolsonarista de que a invasão das sedes dos Três Poderes foi
uma arapuca petista. Num acordo entre o ministro da Defesa, José Múcio, e o atual comandante do Exército, Tomás Paiva, as Forças Armadas foram poupadas do confronto.
Fardado, o tenente-coronel Mauro
Cid, faz-tudo de Bolsonaro, chegou mudo, saiu calado. O general Braga Netto —íntimo dos acampados em frente aos
quartéis— escapou de depor. Aliados de Lula não se esforçaram para chamar o
almirante Almir Garnier, que teria topado o golpe. Ao suspender a quebra
dos sigilos de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, o ministro Nunes Marques, do STF, deu uma força para que tudo ficasse
como dantes nas casernas de Abrantes.
Sem saída, o general Heleno compareceu, estragando o arranjo
protetor. Sua encenação, com desqualificações, recuos, descuidos e uso de
palavrões de alto coturno, conseguiu o impossível: arranhar ainda mais a imagem
dos militares. A participação dos chamados "kids pretos", grupo de
elite do Exército, poderá ser citada no relatório.
Ao fim e ao cabo, a festa política trocou o cardápio. Não acabará em pizza;
pela bagunça, está mais para X-tudo de barraquinha. Pois todos sabem que a
investigação para valer está nas mãos da PF. Eis a mais recente descoberta:
Bolsonaro exigiu que na minuta golpista constasse o nome de Alexandre de Moraes
—com a ordem de sua prisão.
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