Folha de S. Paulo
Livro sustenta que são as ideias que movem o
mundo e se propõe a fazer uma história dessas ideias
São as ideias que movem o mundo. Essa é a
tese central de Felipe
Fernández-Armesto em "Out of Our Minds", livro em que
ele se propõe a fazer uma história dessas ideias. O resultado é bastante
interessante, mas, antes de entrar nos meandros, convém enfrentar algumas
preliminares.
"Out of Our Minds" é mais um exemplar de "big history", a tentativa de explicar ou pelo menos organizar grandes nacos da história recorrendo a alguns poucos princípios ordenadores, quase sempre de base multidisciplinar. Se você pensou em "Armas, Germes e Aço", de Jared Diamond, é isso mesmo. O pessoal das humanidades pode pelo menos se regozijar com o fato de que Fernández-Armesto não vai buscar as explicações últimas em forças físicas como as da geografia, mas no que há de mais tipicamente humano, que é imaginar coisas, isto é, criar representações mentais, e tentar colocá-las em prática.
Vale observar que uma ideia não precisa estar
certa ou ser boa para tornar-se influente, do que dão prova os muitos regimes
autoritários que brotaram de ideologias. E há um detalhe irônico. Confiamos
muito em nossas memórias, que são péssimas em termos de acuidade. Cada vez que
lembramos de algo, modificamos essa memória, o que acaba funcionando como uma
formidável força criativa. Operamos com poucas ideias realmente originais, mas
que são continuamente recicladas.
Com isso, Fernández-Armesto nos põe a passear
pela história, começando com ideias bem antigas, como a de enterrar os mortos,
que está na base de religiões, até as teses de filósofos, economistas e
cientistas modernos. Ao fazê-lo, ele produz muitos insights estimulantes, além
de transmitir uma boa quantidade de informações valiosas.
Fernández-Armesto não esconde sua visão de
mundo, que é mais conservadora e religiosa do que a minha. Mas isso não chega
nem perto de ser um problema, já que o propósito do livro é nos fazer pensar
por nós mesmos.
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2 comentários:
Muito interessante! No caso dum autor religioso, como o citado pelo colunista, suponho que ele possa começar seu livro com a história da ideia de Deus. Acho que seria um bom começo... Será que o autor a inclui ou começa por ela?
Deus,''Energia suprema do universo e causa primária de todas as coisas'',uma definição kardecista da fonte criadora.
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