Folha de S. Paulo
À medida que as investigações avançam, surgem
nomes no grupo conspiratório de Bolsonaro
À medida que avançam as investigações da
Polícia Federal e o zap da caserna é esquadrinhado de uma ponta à outra, o
entorno conspiratório de Bolsonaro está se transformando no camarote dos irmãos
Marx, cena clássica do filme "Uma Noite na Ópera". Contrariando as
leis da física e da decência, sempre cabe mais um. Mais um golpista.
Até quem aparentemente não foi convidado dá as caras, como penetra. Logo após a Operação Tempus Veritatis, o general Mourão correu para ocupar a tribuna do Senado. Mesmo aquele bolsonarista que tem dificuldade para interpretar um texto entendeu que ele havia incitado as Forças Armadas a se insurgirem contra o que definiu como "devassa persecutória". Depois, no morde e assopra, baixou o tom, dizendo-se legalista.
Segundo a jornalista Mônica Bergamo, Roberto
Mangabeira Unger pretende entrar com habeas corpus preventivo no STF para
manter o ex-presidente fora da prisão. Ex-ministro de Lula (de quem, antes,
havia pedido o impeachment), já tendo se apresentado como guru de Ulysses
Guimarães, Leonel Brizola e Ciro Gomes, Mangabeira nega sua intenção. Não
importa: sua exposição midiática teve o mesmo efeito de aparecer na festa da
Selma com uma melancia no pescoço.
Em sua delação à PF, o tenente-coronel Mauro Cid citou
o senador Luis Carlos Heinze como integrante do grupo que atacava o sistema
eleitoral e defendia a necessidade de ação militar para impedir a posse de
Lula. Ministro da Saúde de Bolsonaro durante a pandemia de Covid, hoje deputado
federal pelo Rio, o general Pazuello também atuaria na banda radical. Entre os
empresários, os suspeitos de sempre: Luciano Hang,
Meyer Nigri, Afrânio Barreira. Há outros, inclusive no rol dos exploradores da
fé.
Prestes a explodir, o camarote golpista cada
vez entulha mais gente. A diferença é que, com Groucho, Harpo e Chico, a
situação era engraçada; com Bolsonaro é criminosa.
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