Folha de S. Paulo
Para o eleitor municipal vale mais a
zeladoria das cidades que a guerra ideológica
A eleição em
São Paulo galvaniza atenções porque mobiliza emoções políticas.
Fator importante, senão crucial, nas disputas nacionais. Ambiente que a Luiz
Inácio da Silva (PT)
e Jair
Bolsonaro (PL) interessa atrair para o âmbito municipal.
Ou melhor, interessava ao menos no caso
de Lula.
Na semana passada, deu um passo atrás em entrevista a
uma rádio da Paraíba: disse que pretende reduzir sua participação em
campanhas devido à pesada agenda presidencial.
O recuo tático em relação à ideia de que a disputa de 2024 deveria ser vista como uma prévia de 2026 provavelmente se deu em função das pesquisas. Elas indicam baixa adesão do eleitorado aos ditames dos padrinhos de candidatos que também atraem rejeição.
Há muitas cidades em que prefeitos pleiteiam
a reeleição e estão com altos índices de intenções de votos. Nelas, a
preferência dos eleitores nada tem a ver com a guerra das torcidas de direita e
esquerda referidas na luta ideológica, lacrações de internet e provocações de
nível rasteiro.
Embora não sejam os únicos —o prefeito de
Macapá, Antônio Furlan, do Cidadania, tem 91% das preferências—, há dois de
maior destaque em capitais política, econômica e socialmente relevantes: João Campos (PSB),
com 76% da intenções de voto, e Eduardo Paes (PSD),
com 60% das preferências.
Qual o segredo do sucesso? Capacidade de
agregar, habilidade de conquistar potenciais adversários, desapego a dogmas e,
sobretudo, ligação direta com as demandas da população local.
Campos e Paes falam ao eleitorado respeitando
a seguinte evidência: o presidente e seu antecessor não serão os responsáveis
diretos pelo atendimento das necessidades e da administração do dia a dia das
cidades. Com isso, ganham votos.
A ponto de ambos terem se dado ao luxo de
ignorar os apelos do PT para ceder a vaga de vice em suas chapas e, ao mesmo
tempo, contar com o apoio do partido.
Um comentário:
Pode ser.
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