Folha de S. Paulo
Armadilha do bilionário é fabricar uma
convulsão política em cima do ministro
Foi divertido acompanhar a expectativa que antecedeu a suspensão do Twitter dentro das redes sociais —e principalmente dentro do próprio Twitter. A zoeira, que antes da invasão de comentários, mentiras e ódios relacionados à política era a atividade preferida dos usuários, voltou com tudo, enchendo de graça o momento que muita gente considera uma tragédia sem precedentes, algo como a destruição da biblioteca de Alexandria, durante séculos o maior provedor de conteúdo do mundo antigo.
"O X vai de arrasta", comemoravam os tuiteiros. "Ir de arrasta" ou "ir de arrasta para cima", numa referência a uma função que o Instagram desativou, significa morrer. O X também iria "de base", "de comes e bebes", "de submarino" e "de Olavo" (sim, Olavo de Carvalho não deixou de ser lembrado). Todas equivalem a bater as botas ou abotoar o paletó, para usar expressões tão antigas quanto os papiros de Alexandria.
Resta saber quem vai ganhar a queda de braço
(ou quem vai de arrasta) entre Alexandre de
Moraes e Elon Musk.
Ou se ambos vão perder. A decisão do ministro do STF determinou
a queda de uma rede com cerca de 20 milhões de usuários no Brasil. A crise de
abstinência está batendo forte.
E como agirá o Congresso (se é que vai agir)?
As empresas de tecnologia contam com uma bancada de deputados e senadores que
costuma se alinhar a elas. Foi assim que o PL das Fake News —tornando mais dura
a regulação da internet, com risco até de censura— não andou durante cinco anos
e acabou enterrado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, que só pensa em
faturar emendas Pix e em fazer seu sucessor.
O movimento de Elon Musk —cujo apelido na
zoeira dos tuiteiros é Kiko do Foguete— está no manual das plataformas
digitais: fabricar e turbinar convulsões políticas. É só lembrar o que disse o
bilionário, que tem ligações com a extrema direita global, depois de uma
tentativa de golpe na Bolívia em 2020: "Nós vamos dar golpe em quem
quisermos". Xandão é um alvo visível e ideal.
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