Ivan Alves Filho
DEU EM GRAMSCI E O BRASIL
Graziela Melo. Crônicas, contos e poemas. Brasília: Editorial Abaré, 2008. 203p.
Não conheço gênero literário mais livre do que a crônica. Cabe tudo dentro dela. O pequeno ensaio. O tratado filosófico em miniatura. A prosa poética. A reminiscência. A conversa de papel. Se a crônica fosse um fenômeno da natureza — um animalzinho por exemplo —, seria sem dúvida um passarinho. Se fosse um doce, quindim de Iaiá, certamente. Desses que derretem no céu da boca, como os passarinhos se divertem no céu de verdade.
Há certas crônicas que merecem quase ser devoradas. As crônicas — e também os contos e a poesia — de Graziela Melo estão entre essas. Que livro prazeroso a minha amiga escreveu! Por vezes áspero, como quando se refere à prisão do marido Gilvan no Rio de Janeiro ou à morte do filho querido em Santiago do Chile, nos tempos do Companheiro Presidente, o nosso querido Salvador Allende. Mas... ó quão verdadeiras essas crônicas são! Quanta emoção elas nos passam! Como isso se tornou possível, eu me perguntei a certa altura do livro. Como?
Qual foi o segredo? E creio ter encontrado a resposta: Graziela transformou sua vida — e não somente sua escrita — em uma obra de arte. Mulher sensível, a minha amiga Graziela ama viver até quase o desespero, retirando poesia das coisas mais simples do nosso cotidiano, sentindo as dores e as alegrias do mundo como as dores e as alegrias do mundo são: parte integrante da aventura da vida que ela sabe enfrentar como ninguém.
A poesia, a crônica, o conto? Ouso dizer — eu que não sou crítico literário — que esses escritos nada mais são do que uma conseqüência dessa arte maior, que é o amor de Graziela pelas coisas do mundo.
Ou para me socorrer de uma expressão sua, amiga Graziela, esses escritos, de tão sinceros, ficarão para sempre alojados “nas desordens da minha alma, nos arquivos da minha memória”.
Ivan Alves Filho é historiador e autor, entre outros, de A pintura como conto de fadas.
DEU EM GRAMSCI E O BRASIL
Graziela Melo. Crônicas, contos e poemas. Brasília: Editorial Abaré, 2008. 203p.
Não conheço gênero literário mais livre do que a crônica. Cabe tudo dentro dela. O pequeno ensaio. O tratado filosófico em miniatura. A prosa poética. A reminiscência. A conversa de papel. Se a crônica fosse um fenômeno da natureza — um animalzinho por exemplo —, seria sem dúvida um passarinho. Se fosse um doce, quindim de Iaiá, certamente. Desses que derretem no céu da boca, como os passarinhos se divertem no céu de verdade.
Há certas crônicas que merecem quase ser devoradas. As crônicas — e também os contos e a poesia — de Graziela Melo estão entre essas. Que livro prazeroso a minha amiga escreveu! Por vezes áspero, como quando se refere à prisão do marido Gilvan no Rio de Janeiro ou à morte do filho querido em Santiago do Chile, nos tempos do Companheiro Presidente, o nosso querido Salvador Allende. Mas... ó quão verdadeiras essas crônicas são! Quanta emoção elas nos passam! Como isso se tornou possível, eu me perguntei a certa altura do livro. Como?
Qual foi o segredo? E creio ter encontrado a resposta: Graziela transformou sua vida — e não somente sua escrita — em uma obra de arte. Mulher sensível, a minha amiga Graziela ama viver até quase o desespero, retirando poesia das coisas mais simples do nosso cotidiano, sentindo as dores e as alegrias do mundo como as dores e as alegrias do mundo são: parte integrante da aventura da vida que ela sabe enfrentar como ninguém.
A poesia, a crônica, o conto? Ouso dizer — eu que não sou crítico literário — que esses escritos nada mais são do que uma conseqüência dessa arte maior, que é o amor de Graziela pelas coisas do mundo.
Ou para me socorrer de uma expressão sua, amiga Graziela, esses escritos, de tão sinceros, ficarão para sempre alojados “nas desordens da minha alma, nos arquivos da minha memória”.
Ivan Alves Filho é historiador e autor, entre outros, de A pintura como conto de fadas.
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