segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Prestígio que desce ladeira abaixo

Paula Máiran
DEU NO JORNAL DO BRASIL

Número de candidatos vem caindo ano a ano. Para especialistas, má fama é uma das causas

Há cada vez menos quem se atreva a pisar no campo minado da política. Caiu 24,4% a quantidade de candidatos a vereador no Estado do Rio desde o pleito de 2000. Desde 2004, a redução foi de 6,7%. O número de aspirantes ao cargo de prefeito também se reduziu em 6,5% em relação às eleições municipais passadas. Na opinião de políticos e de especialistas, os 13.841 candidatos em 2008 às câmaras municipais e os 343 a prefeituras tiveram que fechar os olhos para a má fama cada vez mais atribuída aos agentes do Legislativo e do Executivo. Além disso, enfrentaram o custo alto para realização de suas campanhas e ainda a peneira representada pelo avanço progressivo das megacoligações.

Um olhar mais detalhista sobre os dados estatísticos disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela, no entanto, discrepâncias entre as realidades de cada município. Enquanto 59 das 92 cidades do Estado apresentam número de candidatos a vereador inferior ao de 2004, 30 contam com ainda mais concorrentes e apenas três não tiveram esse índice alterado. A capital se inclui no grupo das campanhas mais competitivas, com 9,6% de aumento no número de postulantes a vagas de parlamentar e 12 candidatos à cadeira do prefeito – dois a mais em relação a 2004.

O fenômeno – tanto no sentido decrescente como no inverso – ocorre de modo pulverizado no Estado. Mas as variações mais radicais se verificam nos municípios de menor população, com acento mais forte na parte alta do mapa fluminense.

No Noroeste do Rio, Italva, com 13.679 habitantes, é a campeã no recuo de candidaturas a vereador, com 45,9% a menos em quatro anos, embora tenha aumentado de três para quatro o número de candidatos a prefeito na cidade. Seguem-na, com índices superiores a 30% de redução, Bom Jardim (38%), na região Serrana; Mendes (37,8%), no Sul Fluminense; Porciúncula (36,7%), no Noroeste; e Itaguaí (35%), no Sul. Também apresentam índices de queda acima de 30% Cachoeiras de Macacu (34,8%), na Baixada Litorânea; Barra do Piraí (32,8%), na região Centro-Sul; e São Fidélis (30,8%), no Norte.

Em sentido inverso, recrudesceu a disputa com mais ênfase em municípios mais ao Sul e nos litorâneos. No topo do ranking das cidades que tiveram aumentado o número de candidatos a vereador está Japeri, Baixada Fluminense, liderando com 40,1% de disputantes a mais do que em 2004 para a Câmara e quatro para prefeito, mais um em relação a antes. Nessa lista ainda estão Quatis (35,2%), no Sul; Cabo Frio (20,7%), na Região dos Lagos; Queimados (16,5%), na Baixada; e Volta Redonda (16%), no Vale do Paraíba.

O fenômeno da diminuição no número global de candidatos no Estado, tanto para vereador como para prefeitos, vem acompanhado de outras mudanças correlatas no cenário político. Como as coligações, que só aumentam de tamanho, segundo pesquisa do professor Vladimyr Lombardo Jorge, professor da Pontifícia Universidade Católica, sobre as eleições de 1992 a 2000.

Em 1992, as coligações vitoriosas envolviam três partidos no máximo. Em 1996, cinco. Em 2000, houve registro de oito partidos por frente. Neste pleito, as coligações superam, em média, a casa das dezenas. Tudo em razão do sucesso nas urnas dessa estratégia de campanha.

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