Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
A candidatura da ministra Dilma Rousseff foi lançada com grande antecedência e pouco a pouco, nas intencionais inconfidências do presidente Lula, quando o céu de brigadeiro da plena euforia com o maior governo, etc confirmava que, com a sua popularidade, ele elegeria um poste.
O êxito é a mais perfeita mesinha que cura todos os males e imuniza o beneficiado contra os imprevistos do destino. Mas, a política, como ensina o conselheiro, é uma caixinha de surpresas. Lula aperfeiçoou a tática para empurrar a candidatura da sua escolha pessoal, sem consultar ninguém ou dar a mínima atenção ao PT e seus dirigentes embrulhados em denúncias que nem foram apuradas para valer ou desmentidas com provas definitivas.
Para ligar a ministra-candidata aos êxitos estatísticos oficiais, passou a incluí-la como presença obrigatória nas suas viagens domésticas e internacionais do campeão de milhas voadas no aerolula. Dona Dilma passou a ser a sombra do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que nos dois últimos anos úteis do mandato da reeleição – 2010 é ano de campanha e de eleição para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais – promete inaugurar obras em todos os estados, em milhares de municípios, resolvendo problemas crônicos, desatando todos os nós que embaraçam a nossa milagrosa passagem pelo túnel do passado para o futuro.
Sem contestação séria no bloco aliado e com o PT mudo, sem soltar um pio, a ministra foi avançando no terreno baldio e a sua candidatura pousando no consenso do fato consumado.
A nuvem da crise financeira internacional não deu tempo para ser percebida no céu da euforia e pegou o mundo de surpresa. O governo fez o que pôde para fingir que a ignorava, com Lula alternando adjetivos e substantivos para distrair a platéia: "Se chegar ao Brasil, será quase desapercebida", depois promovida a marola e admitida na sua evidente gravidade.
É de cristalina evidência que o presidente continua com o controle político do esquema que montou sem poupar a viúva para manter viva a chama dos compromissos. Lula foi de uma generosidade sem limites. Para adquirir o apoio do PMDB, que estava em oferta na praça, entregou ministérios, autarquias, fatias do bolo, pacotes de caramelos, a transposição do rio São Francisco para acudir a sede do Nordeste.
Mas, como a roda da ambição não pára, com os sacolejos da crise, velhas e novas cobranças chegam ao balcão. A presidência do Senado, valorizada pelo desempenho do senador Garibaldi Alves, que martela as críticas e cobranças, é reivindicada pelo PT, enquanto a presidência da Câmara está escorregando para os braços do presidente do PMDB, deputado Michel Temer.
Enfim, entre arranhados e feridos, salvam-se todos. O ano está acabando e a carga passa para o decisivo 2009. Cada qual com o seu lote de dúvidas. O desafio da oposição passa e termina com a acomodação dos governadores de São Paulo, José Serra e Aécio Neves, de Minas, na chapa com duas vagas de peso diferente.
A ministra Dilma, sem concorrente com cacife para enfrentar o padrinho da sua candidatura, dissimula as apreensões e vem fazendo o possível para domar o seu temperamento e conquistar as simpatias da base.
Mas, é a nuvem da crise que escurece o horizonte e não abre a brecha para que se enxergue mais do que um palmo adiante do nariz.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
A candidatura da ministra Dilma Rousseff foi lançada com grande antecedência e pouco a pouco, nas intencionais inconfidências do presidente Lula, quando o céu de brigadeiro da plena euforia com o maior governo, etc confirmava que, com a sua popularidade, ele elegeria um poste.
O êxito é a mais perfeita mesinha que cura todos os males e imuniza o beneficiado contra os imprevistos do destino. Mas, a política, como ensina o conselheiro, é uma caixinha de surpresas. Lula aperfeiçoou a tática para empurrar a candidatura da sua escolha pessoal, sem consultar ninguém ou dar a mínima atenção ao PT e seus dirigentes embrulhados em denúncias que nem foram apuradas para valer ou desmentidas com provas definitivas.
Para ligar a ministra-candidata aos êxitos estatísticos oficiais, passou a incluí-la como presença obrigatória nas suas viagens domésticas e internacionais do campeão de milhas voadas no aerolula. Dona Dilma passou a ser a sombra do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que nos dois últimos anos úteis do mandato da reeleição – 2010 é ano de campanha e de eleição para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais – promete inaugurar obras em todos os estados, em milhares de municípios, resolvendo problemas crônicos, desatando todos os nós que embaraçam a nossa milagrosa passagem pelo túnel do passado para o futuro.
Sem contestação séria no bloco aliado e com o PT mudo, sem soltar um pio, a ministra foi avançando no terreno baldio e a sua candidatura pousando no consenso do fato consumado.
A nuvem da crise financeira internacional não deu tempo para ser percebida no céu da euforia e pegou o mundo de surpresa. O governo fez o que pôde para fingir que a ignorava, com Lula alternando adjetivos e substantivos para distrair a platéia: "Se chegar ao Brasil, será quase desapercebida", depois promovida a marola e admitida na sua evidente gravidade.
É de cristalina evidência que o presidente continua com o controle político do esquema que montou sem poupar a viúva para manter viva a chama dos compromissos. Lula foi de uma generosidade sem limites. Para adquirir o apoio do PMDB, que estava em oferta na praça, entregou ministérios, autarquias, fatias do bolo, pacotes de caramelos, a transposição do rio São Francisco para acudir a sede do Nordeste.
Mas, como a roda da ambição não pára, com os sacolejos da crise, velhas e novas cobranças chegam ao balcão. A presidência do Senado, valorizada pelo desempenho do senador Garibaldi Alves, que martela as críticas e cobranças, é reivindicada pelo PT, enquanto a presidência da Câmara está escorregando para os braços do presidente do PMDB, deputado Michel Temer.
Enfim, entre arranhados e feridos, salvam-se todos. O ano está acabando e a carga passa para o decisivo 2009. Cada qual com o seu lote de dúvidas. O desafio da oposição passa e termina com a acomodação dos governadores de São Paulo, José Serra e Aécio Neves, de Minas, na chapa com duas vagas de peso diferente.
A ministra Dilma, sem concorrente com cacife para enfrentar o padrinho da sua candidatura, dissimula as apreensões e vem fazendo o possível para domar o seu temperamento e conquistar as simpatias da base.
Mas, é a nuvem da crise que escurece o horizonte e não abre a brecha para que se enxergue mais do que um palmo adiante do nariz.
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