Jarbas de Holanda
Com a formalização, esta semana, do apoio do PSDB e do DEM, foi substancialmente reforçada a candidatura de Michel Temer à presidência da Câmara dos Deputados, reduzindo-se ou se esgotando a dependência inicial dela ao respaldo do PT. E a afirmação da tendência de que esse apoio seja conferido também ao nome que o PMDB indique para a presidência do Senado fortalece simultaneamente o partido nesta disputa. A pretensão do atual presidente Garibaldi Alves de concorrer ao cargo – anunciada com base em pareceres jurídicos segundo os quais isso não configuraria uma busca de reeleição porque ele cumpre um mandato “tampão” de substituto do presidente Renan Calheiros, que renunciou – poderá consolidar-se, ou mais provavelmente ceder lugar, na decisão da bancada a respeito, ao nome de José Sarney, palatável ao presidente Lula e já com menor resistência na oposição. Cabe, aliás, assinalar que a alternativa Sarney foi favorecida pela reação hostil do Palácio do Planalto a Garibaldi, manifestada anteontem pelo líder governista Romero Jucá ao declarar: “...o PMDB pode ter um candidato, mas não pode ser o Garibaldi Alves’.
Até a data prevista para uma decisão final dos senadores peemedebistas, nos meados de janeiro, o esforço do PT para viabilizar seu candidato Tião Vianna se baseará centralmente em um insistente trabalho de persuasão do presidente Lula no sentido de que ele force o PMDB a desistir de candidatura própria, seja por meio da oferta de novos cargos ou de ameaça à perda daqueles que o partido já tem no governo, seja através de pressão sobre Sarney para que recuse a provável indicação. Os passos já dados nessa direção não se têm mostrado produtivos, como foi o caso da tentativa, frustrada, de condicionamento do apoio petista a Michel Temer, na Câmara, à desistência de manutenção pelo PMDB do comando entre os senadores. Mas não pode ser descartada uma alteração do quadro da disputa no Senado se o presidente Lula resolver intervir para valer em favor do (ou de um) candidato petista. Ação que ele poderia, ou poderá desencadear até as vésperas da eleição da mesa, em 2 de fevereiro, mas que não parece inclinado a promover por um cálculo bem lulista: não assumir o risco de transferir uma derrota do PT para o governo e para ele próprio, num confronto com a bancada peemedebista que uma candidatura como a do amigo José Sarney tornaria desnecessário ou assimilável, embora não estivesse, ou esteja, nos seus planos, o comando das duas casas do Congresso pelo pragmatismo centrista desses aliados.
Reiterando avaliação que fiz em texto escrito nos meados de novembro, os projetos do colegiado dirigente do PMDB para o exercício desse duplo comando partiram da vitória do partido nas eleições municipais e de uma releitura das perspectivas da sucessão presidencial de 2010, baseando-se provavelmente nos seguintes pontos:
Com a formalização, esta semana, do apoio do PSDB e do DEM, foi substancialmente reforçada a candidatura de Michel Temer à presidência da Câmara dos Deputados, reduzindo-se ou se esgotando a dependência inicial dela ao respaldo do PT. E a afirmação da tendência de que esse apoio seja conferido também ao nome que o PMDB indique para a presidência do Senado fortalece simultaneamente o partido nesta disputa. A pretensão do atual presidente Garibaldi Alves de concorrer ao cargo – anunciada com base em pareceres jurídicos segundo os quais isso não configuraria uma busca de reeleição porque ele cumpre um mandato “tampão” de substituto do presidente Renan Calheiros, que renunciou – poderá consolidar-se, ou mais provavelmente ceder lugar, na decisão da bancada a respeito, ao nome de José Sarney, palatável ao presidente Lula e já com menor resistência na oposição. Cabe, aliás, assinalar que a alternativa Sarney foi favorecida pela reação hostil do Palácio do Planalto a Garibaldi, manifestada anteontem pelo líder governista Romero Jucá ao declarar: “...o PMDB pode ter um candidato, mas não pode ser o Garibaldi Alves’.
Até a data prevista para uma decisão final dos senadores peemedebistas, nos meados de janeiro, o esforço do PT para viabilizar seu candidato Tião Vianna se baseará centralmente em um insistente trabalho de persuasão do presidente Lula no sentido de que ele force o PMDB a desistir de candidatura própria, seja por meio da oferta de novos cargos ou de ameaça à perda daqueles que o partido já tem no governo, seja através de pressão sobre Sarney para que recuse a provável indicação. Os passos já dados nessa direção não se têm mostrado produtivos, como foi o caso da tentativa, frustrada, de condicionamento do apoio petista a Michel Temer, na Câmara, à desistência de manutenção pelo PMDB do comando entre os senadores. Mas não pode ser descartada uma alteração do quadro da disputa no Senado se o presidente Lula resolver intervir para valer em favor do (ou de um) candidato petista. Ação que ele poderia, ou poderá desencadear até as vésperas da eleição da mesa, em 2 de fevereiro, mas que não parece inclinado a promover por um cálculo bem lulista: não assumir o risco de transferir uma derrota do PT para o governo e para ele próprio, num confronto com a bancada peemedebista que uma candidatura como a do amigo José Sarney tornaria desnecessário ou assimilável, embora não estivesse, ou esteja, nos seus planos, o comando das duas casas do Congresso pelo pragmatismo centrista desses aliados.
Reiterando avaliação que fiz em texto escrito nos meados de novembro, os projetos do colegiado dirigente do PMDB para o exercício desse duplo comando partiram da vitória do partido nas eleições municipais e de uma releitura das perspectivas da sucessão presidencial de 2010, baseando-se provavelmente nos seguintes pontos:
“1) Em fim de mandato, preservando alta popularidade mas sem poder transferi-la a candidatos de seu partido, e tendo à frente um quadro de crise econômica, com previsível desgaste político e social, o presidente Lula passa a depender muito mais de um PMDB fortalecido no pleito municipal e majoritário nas duas casas do Congresso Nacional.
2) A manutenção e até um aumento do papel do partido no governo serão melhor garantidos se ele controlar a presidencia das duas instituições.
3) O exercício desse papel não excluirá a exploração de outras alternativas no pleito sucessório à vista, além da de apoio ao nome indicado pelo presidente Lula: as de aliança em torno da candidatura oposicionista do governador paulista, José Serra, ou da proposta “pós-Lula” do governador mineiro Aécio Neves, se ele vier a ser a escolha – hoje improvável – do PSDB, e a de candidatura própria se Aécio correr o risco de aceitar os reiterados convites do PMDB para troca de legenda”.
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