DEU NO SITE DA UGT
Durante o debate, que reuniu dirigentes de algumas das principais centrais sindicais brasileiras e internacionais, a luta contra a crise financeira global e a preservação dos direitos dos trabalhadores foi o tema predominante. "Temos a necessidade de unif
Centenas de trabalhadores de diversos países participaram na quarta-feira (28) da mesa de abertura do 8º Fórum Sindical Mundial, evento que acontece em Belém como parte do Fórum Social Mundial 2009. Durante o debate, que reuniu dirigentes de algumas das principais centrais sindicais brasileiras e internacionais, a luta contra a crise financeira global e a preservação dos direitos dos trabalhadores foi o tema predominante. Apelos pela unidade das diversas centrais também deram a tônica do evento.
Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique foi a primeiro a pedir união: "Temos a necessidade de unificar a luta das centrais sindicais e do movimento sindical, não somente no Brasil como também no movimento sindical internacional, para questionar o modelo de desenvolvimento no Brasil e no mundo. Nesse modelo, onde a especulação é mais importante do que a produção e o ser humano não tem importância do ponto de vista da estratégia das empresas e dos governos, é fundamental que haja modificações rápidas nesse sentido", disse.
As mudanças necessárias, segundo o presidente da CUT, passam pela superação do modelo econômico neoliberal: "Não é possível continuar tendo um crescimento que não leva em conta a distribuição de renda, a inclusão social e o respeito ao meio ambiente. Durante anos, o modelo neoliberal ditou a economia na América Latina. Agora, esse modelo ruiu, caiu, acabou. O papel do Estado cada vez mais é fundamental, e a crise mostra que é necessário rediscutir os modos de produção e consumo. Enfrentar essa tarefa exige nossa unidade", disse.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também convocou as centrais à unidade: "No Brasil, depois que descobrimos que a unidade das centrais nos dava uma condição melhor de lutar, conseguimos enfrentar não só aqueles que queriam tirar direitos dos trabalhadores como também, durante o governo Lula, melhorar a condição do sindicalismo no país com a regulamentação das centrais sindicais", disse.
"A crise já afeta alguns setores, como o metalúrgico ou o de vestuário, mas é preciso que o governo haja rápido com uma política que una a redução de impostos, a redução do spread bancário e a garantia de emprego", disse Paulinho. O presidente da Força Sindical comemorou a reunião realizada na segunda-feira (26) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o governo confirmou o aumento do salário mínimo: "Nesse momento de profunda crise internacional, conseguimos que o governo mantivesse um aumento do salário mínimo de mais de 12%. Isso foi importante, porque os R$ 50 a mais que vão ganhar os 40 milhões de brasileiros que recebem salário mínimo significará uma injeção R$ 27 bilhões nesse momento em que a economia passa por dificuldades. Isso será importante para mantermos os empregos e o mercado interno aquecido".
Os sindicalistas fizeram fortes críticas ao empresariado brasileiro: "Aqui no Brasil, algumas empresas e alguns empresários se apoderam da crise de forma oportunista para apresentar propostas de flexibilização dos direitos, de suspensão de contratos de trabalho ou mesmo de redução da jornada de trabalho com redução de salários. Para a CUT, a luta contra essa crise passa pela defesa do emprego e da renda. Temos que ampliar as mobilizações e a pressão sobre os empresários nesse sentido, pois é isso que vai garantir o mercado interno", disse Arthur Henrique.
Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah também criticou os empresários: "Não podemos permitir que a chantagem empresarial rasgue os direitos dos trabalhadores como tentaram há pouco. Não vamos permitir a redução dos nossos salários e direitos, precisamos estar unificados para combater essa chantagem. A crise não foi criada pelos trabalhadores, a crise é do sistema financeiro. Quando países como Brasil, México e Rússia passaram por crises financeiras, os Estados Unidos e o FMI os fizeram abaixar as calças. E agora, que o problema foi gerado lá, o que nós vamos fazer? Vamos aplaudir?".
Superar o modelo
Também presentes em Belém, dirigentes de organizações sindicais internacionais alertaram para a necessidade de uma mobilização global dos trabalhadores para evitar que o combate à crise financeira sirva apenas para salvar e perpetuar o modelo neoliberal. Para Victor Báez, secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSTA), a posição dos trabalhadores deve ser clara: "Para o Banco Mundial, o FMI e os governos de direita, o objetivo na etapa pós-crise é voltar ao modelo que provocou esta crise. Mas, antes da crise econômica, já havia as crises política, social e ambiental, e precisamos agora superar essa realidade. Queremos milhões de postos de trabalho e zero de especulação".
Secretária-adjunta da Confederação Sindical Internacional (CSI), Mamunata Cissé também falou sobre a necessidade de um combate global ao modelo neoliberal: "Atingiremos a catástrofe socioambiental e teremos conseqüências terríveis para a humanidade e o planeta se não mudarmos já nosso modo de vida e nosso modelo de produção e consumo", disse.
Alternativas
Na opinião da diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, "a crise começa a sair do âmbito do sistema financeiro e a atingir fortemente a economia real, afetando os empregos, os salários e os direitos dos trabalhadores em todo o mundo". A OIT lançou na segunda-feira o Relatório sobre a Situação dos Trabalhares na América Latina: "O relatório já mostra os efeitos do processo de desaceleração da economia no mercado de trabalho, ameaçando as conquistas que foram obtidas nos últimos anos em muitos países, inclusive no Brasil".
Apesar das ameaças, Laís afirma que existe no âmbito da OIT otimismo em relação aos desdobramentos da crise: "Existe um sentimento de muita satisfação ao se perceber que estão ruindo muitos dos dogmas que estiveram por trás da organização dos mercados financeiros internacionais e que dominaram o processo de globalização nos últimos anos. É um sentimento contraditório, pois existe na OIT a preocupação com os efeitos dessa situação, mas também a alegria de se perceber que existem alternativas", disse.
Compromisso
Secretário-geral da Presidência da República, o ministro Luiz Dulci reafirmou aos trabalhadores "o compromisso do governo Lula com o combate aos impactos negativos da crise e com os avanços na mudança social" e falou sobre a oportunidade histórica que se abre ao Brasil: "Precisamos de mais investimento público e da ampliação dos programas sociais. O que desmoronou foi o neoliberalismo, o modelo imposto ao mundo nas últimas décadas", disse.
A luta pela preservação dos direitos dos trabalhadores, segundo Dulci, é instrumento fundamental para conter a crise: "O movimento sindical internacional nunca teve uma responsabilidade tão grande. Hoje, os trabalhadores organizados têm a possibilidade de contribuir para a democratização econômica e política do mundo. É imprescindível preservar os direitos dos trabalhadores. Se não houver pressão, os conservadores vão acabar restaurando o modelo neoliberal. Não basta remover os escombros do neoliberalismo, é preciso criar uma nova ordem internacional", disse o ministro.
Durante o debate, que reuniu dirigentes de algumas das principais centrais sindicais brasileiras e internacionais, a luta contra a crise financeira global e a preservação dos direitos dos trabalhadores foi o tema predominante. "Temos a necessidade de unif
Centenas de trabalhadores de diversos países participaram na quarta-feira (28) da mesa de abertura do 8º Fórum Sindical Mundial, evento que acontece em Belém como parte do Fórum Social Mundial 2009. Durante o debate, que reuniu dirigentes de algumas das principais centrais sindicais brasileiras e internacionais, a luta contra a crise financeira global e a preservação dos direitos dos trabalhadores foi o tema predominante. Apelos pela unidade das diversas centrais também deram a tônica do evento.
Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique foi a primeiro a pedir união: "Temos a necessidade de unificar a luta das centrais sindicais e do movimento sindical, não somente no Brasil como também no movimento sindical internacional, para questionar o modelo de desenvolvimento no Brasil e no mundo. Nesse modelo, onde a especulação é mais importante do que a produção e o ser humano não tem importância do ponto de vista da estratégia das empresas e dos governos, é fundamental que haja modificações rápidas nesse sentido", disse.
As mudanças necessárias, segundo o presidente da CUT, passam pela superação do modelo econômico neoliberal: "Não é possível continuar tendo um crescimento que não leva em conta a distribuição de renda, a inclusão social e o respeito ao meio ambiente. Durante anos, o modelo neoliberal ditou a economia na América Latina. Agora, esse modelo ruiu, caiu, acabou. O papel do Estado cada vez mais é fundamental, e a crise mostra que é necessário rediscutir os modos de produção e consumo. Enfrentar essa tarefa exige nossa unidade", disse.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, também convocou as centrais à unidade: "No Brasil, depois que descobrimos que a unidade das centrais nos dava uma condição melhor de lutar, conseguimos enfrentar não só aqueles que queriam tirar direitos dos trabalhadores como também, durante o governo Lula, melhorar a condição do sindicalismo no país com a regulamentação das centrais sindicais", disse.
"A crise já afeta alguns setores, como o metalúrgico ou o de vestuário, mas é preciso que o governo haja rápido com uma política que una a redução de impostos, a redução do spread bancário e a garantia de emprego", disse Paulinho. O presidente da Força Sindical comemorou a reunião realizada na segunda-feira (26) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o governo confirmou o aumento do salário mínimo: "Nesse momento de profunda crise internacional, conseguimos que o governo mantivesse um aumento do salário mínimo de mais de 12%. Isso foi importante, porque os R$ 50 a mais que vão ganhar os 40 milhões de brasileiros que recebem salário mínimo significará uma injeção R$ 27 bilhões nesse momento em que a economia passa por dificuldades. Isso será importante para mantermos os empregos e o mercado interno aquecido".
Os sindicalistas fizeram fortes críticas ao empresariado brasileiro: "Aqui no Brasil, algumas empresas e alguns empresários se apoderam da crise de forma oportunista para apresentar propostas de flexibilização dos direitos, de suspensão de contratos de trabalho ou mesmo de redução da jornada de trabalho com redução de salários. Para a CUT, a luta contra essa crise passa pela defesa do emprego e da renda. Temos que ampliar as mobilizações e a pressão sobre os empresários nesse sentido, pois é isso que vai garantir o mercado interno", disse Arthur Henrique.
Presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah também criticou os empresários: "Não podemos permitir que a chantagem empresarial rasgue os direitos dos trabalhadores como tentaram há pouco. Não vamos permitir a redução dos nossos salários e direitos, precisamos estar unificados para combater essa chantagem. A crise não foi criada pelos trabalhadores, a crise é do sistema financeiro. Quando países como Brasil, México e Rússia passaram por crises financeiras, os Estados Unidos e o FMI os fizeram abaixar as calças. E agora, que o problema foi gerado lá, o que nós vamos fazer? Vamos aplaudir?".
Superar o modelo
Também presentes em Belém, dirigentes de organizações sindicais internacionais alertaram para a necessidade de uma mobilização global dos trabalhadores para evitar que o combate à crise financeira sirva apenas para salvar e perpetuar o modelo neoliberal. Para Victor Báez, secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSTA), a posição dos trabalhadores deve ser clara: "Para o Banco Mundial, o FMI e os governos de direita, o objetivo na etapa pós-crise é voltar ao modelo que provocou esta crise. Mas, antes da crise econômica, já havia as crises política, social e ambiental, e precisamos agora superar essa realidade. Queremos milhões de postos de trabalho e zero de especulação".
Secretária-adjunta da Confederação Sindical Internacional (CSI), Mamunata Cissé também falou sobre a necessidade de um combate global ao modelo neoliberal: "Atingiremos a catástrofe socioambiental e teremos conseqüências terríveis para a humanidade e o planeta se não mudarmos já nosso modo de vida e nosso modelo de produção e consumo", disse.
Alternativas
Na opinião da diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, "a crise começa a sair do âmbito do sistema financeiro e a atingir fortemente a economia real, afetando os empregos, os salários e os direitos dos trabalhadores em todo o mundo". A OIT lançou na segunda-feira o Relatório sobre a Situação dos Trabalhares na América Latina: "O relatório já mostra os efeitos do processo de desaceleração da economia no mercado de trabalho, ameaçando as conquistas que foram obtidas nos últimos anos em muitos países, inclusive no Brasil".
Apesar das ameaças, Laís afirma que existe no âmbito da OIT otimismo em relação aos desdobramentos da crise: "Existe um sentimento de muita satisfação ao se perceber que estão ruindo muitos dos dogmas que estiveram por trás da organização dos mercados financeiros internacionais e que dominaram o processo de globalização nos últimos anos. É um sentimento contraditório, pois existe na OIT a preocupação com os efeitos dessa situação, mas também a alegria de se perceber que existem alternativas", disse.
Compromisso
Secretário-geral da Presidência da República, o ministro Luiz Dulci reafirmou aos trabalhadores "o compromisso do governo Lula com o combate aos impactos negativos da crise e com os avanços na mudança social" e falou sobre a oportunidade histórica que se abre ao Brasil: "Precisamos de mais investimento público e da ampliação dos programas sociais. O que desmoronou foi o neoliberalismo, o modelo imposto ao mundo nas últimas décadas", disse.
A luta pela preservação dos direitos dos trabalhadores, segundo Dulci, é instrumento fundamental para conter a crise: "O movimento sindical internacional nunca teve uma responsabilidade tão grande. Hoje, os trabalhadores organizados têm a possibilidade de contribuir para a democratização econômica e política do mundo. É imprescindível preservar os direitos dos trabalhadores. Se não houver pressão, os conservadores vão acabar restaurando o modelo neoliberal. Não basta remover os escombros do neoliberalismo, é preciso criar uma nova ordem internacional", disse o ministro.
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