Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
DAVOS - Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sente azia ao ler os jornais, conforme disse a Mário Sérgio Conti, da revista "Piauí", fico imaginando o estômago de Gordon Brown ao ter que enfrentar os jornalistas britânicos.
Ontem, Brown estava dando uma entrevista coletiva ao lado de Ban Ki-moon, o secretário-geral das Nações Unidas.
Termina a fala inicial, abre-se o espaço para perguntas e uma loirinha da ITV dispara: "O senhor fala em recuperar a confiança [no sistema financeiro global]. Mas o senhor não goza mais da confiança do público britânico" -e por aí foi.
Brown deu uma de Paulo Maluf, que, ante perguntas desagradáveis, muda completamente de assunto.
Insistiu na necessidade de pôr ordem na economia global. A repórter continuou afirmando que o premiê não tinha mais a confiança de seu público, a ponto de forçar o mediador a interromper para dizer que, como britânico, adora discutir política interna, mas que o assunto ali era a crise global.
Esse comportamento de jornalistas é até certo ponto comum nos Estados Unidos e no Reino Unido, bem menos que no resto da Europa.
No Brasil, é impensável. Suspeito ser o segundo repórter mais velho em atividade como repórter no Brasil, atrás apenas desse estupendo companheiro chamado Paulo Totti, hoje no "Valor Econômico".
Participo de entrevistas com presidentes desde Ernesto Geisel, há, portanto, mais de 30 anos e sete presidentes.
Nunca vi um desafio tão frontal e tão agressivo nem mesmo nos momentos em que o presidente de turno estava com o prestígio no solo e, portanto, era mais fácil ser valente "contra" ele.
Fazer perguntas desagradáveis é uma coisa -obrigatória, alias. Emitir conceitos em vez de perguntar é outra coisa. Mas fico curioso em saber como Lula reagiria em uma situação como a de Brown.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
DAVOS - Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sente azia ao ler os jornais, conforme disse a Mário Sérgio Conti, da revista "Piauí", fico imaginando o estômago de Gordon Brown ao ter que enfrentar os jornalistas britânicos.
Ontem, Brown estava dando uma entrevista coletiva ao lado de Ban Ki-moon, o secretário-geral das Nações Unidas.
Termina a fala inicial, abre-se o espaço para perguntas e uma loirinha da ITV dispara: "O senhor fala em recuperar a confiança [no sistema financeiro global]. Mas o senhor não goza mais da confiança do público britânico" -e por aí foi.
Brown deu uma de Paulo Maluf, que, ante perguntas desagradáveis, muda completamente de assunto.
Insistiu na necessidade de pôr ordem na economia global. A repórter continuou afirmando que o premiê não tinha mais a confiança de seu público, a ponto de forçar o mediador a interromper para dizer que, como britânico, adora discutir política interna, mas que o assunto ali era a crise global.
Esse comportamento de jornalistas é até certo ponto comum nos Estados Unidos e no Reino Unido, bem menos que no resto da Europa.
No Brasil, é impensável. Suspeito ser o segundo repórter mais velho em atividade como repórter no Brasil, atrás apenas desse estupendo companheiro chamado Paulo Totti, hoje no "Valor Econômico".
Participo de entrevistas com presidentes desde Ernesto Geisel, há, portanto, mais de 30 anos e sete presidentes.
Nunca vi um desafio tão frontal e tão agressivo nem mesmo nos momentos em que o presidente de turno estava com o prestígio no solo e, portanto, era mais fácil ser valente "contra" ele.
Fazer perguntas desagradáveis é uma coisa -obrigatória, alias. Emitir conceitos em vez de perguntar é outra coisa. Mas fico curioso em saber como Lula reagiria em uma situação como a de Brown.
Nenhum comentário:
Postar um comentário