Fernando Gabeira
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
RIO DE JANEIRO - Na Índia, talentos de vários setores profissionais urbanos começam a se interessar pela política. Tornam-se candidatos para equilibrar um pouco mais o país moderno e o tradicional. Estamos longe desse movimento no Brasil. Estamos na verdade a ponto de perder alguns bons representantes, que não suportam mais o desgaste institucional.
Sair dessa maré num breve artigo é impossível. Há uma francesa presa no México, Florence Cassez, acusada de sequestro. A França quer levá-la, os mexicanos querem puni-la no próprio país.
Uma entrevista de uma autoridade mexicana parece, para mim, uma intuição luminosa. Ele disse que há muitos sequestros e pouca punição. Nesses momentos, a opinião pública tende a ser conservadora. Quer punições exemplares e está inclusive disposta a abrir mão dos procedimentos legais. Considera um luxo seguir a lei à risca, quando o necessário é punir.
No caso brasileiro, há uma sucessão de escândalos envolvendo políticos. Emerge o desejo de punição e até uma certa impaciência em relação aos ritos legais. Não adianta enfiar a cabeça na areia, muito menos achar que a onda passará com o tempo. A onda nunca mais passará.
A única saída é criar regras claras de comportamento e um sistema eficaz e regular de punições para quem as transgrida. Só essa resposta poderá redirecionar a onda. E redirecioná-la estrategicamente para os caminhos da Índia. Criar um clima, nesses dois anos, que estimule as pessoas a entrarem para a política com o objetivo de reequilibrar as forças, de ampliar a presença de anseios modernos de transparência e de eficácia.
A tarefa é tão grande que provoca risos. Não falo de um Parlamento ideal, mas apenas daquele em que a maioria tem espírito público.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
RIO DE JANEIRO - Na Índia, talentos de vários setores profissionais urbanos começam a se interessar pela política. Tornam-se candidatos para equilibrar um pouco mais o país moderno e o tradicional. Estamos longe desse movimento no Brasil. Estamos na verdade a ponto de perder alguns bons representantes, que não suportam mais o desgaste institucional.
Sair dessa maré num breve artigo é impossível. Há uma francesa presa no México, Florence Cassez, acusada de sequestro. A França quer levá-la, os mexicanos querem puni-la no próprio país.
Uma entrevista de uma autoridade mexicana parece, para mim, uma intuição luminosa. Ele disse que há muitos sequestros e pouca punição. Nesses momentos, a opinião pública tende a ser conservadora. Quer punições exemplares e está inclusive disposta a abrir mão dos procedimentos legais. Considera um luxo seguir a lei à risca, quando o necessário é punir.
No caso brasileiro, há uma sucessão de escândalos envolvendo políticos. Emerge o desejo de punição e até uma certa impaciência em relação aos ritos legais. Não adianta enfiar a cabeça na areia, muito menos achar que a onda passará com o tempo. A onda nunca mais passará.
A única saída é criar regras claras de comportamento e um sistema eficaz e regular de punições para quem as transgrida. Só essa resposta poderá redirecionar a onda. E redirecioná-la estrategicamente para os caminhos da Índia. Criar um clima, nesses dois anos, que estimule as pessoas a entrarem para a política com o objetivo de reequilibrar as forças, de ampliar a presença de anseios modernos de transparência e de eficácia.
A tarefa é tão grande que provoca risos. Não falo de um Parlamento ideal, mas apenas daquele em que a maioria tem espírito público.
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