quinta-feira, 2 de abril de 2009

Lula agravou a crise ao esconder situação do país, afirma líder do PPS

Diógenes Botelho
DEU NO PORTAL DO PPS

A irresponsabilidade do presidente Lula em esconder a atual situação econômica do país e a realidade sobre as contas do governo agravou os efeitos da crise econômica no Brasil. Essa é a análise do líder do PPS na Câmara, deputado federal Fernando Coruja (SC), para quem, com a revelação do "estouro" das contas públicas, será difícil para o presidente varar "marolinhas" e curar a "gripe" provocada pelo balde de água fria que atingiu a economia brasileira. (ouça a íntegra da entrevista)

Dados divulgados nesta semana mostram que as despesas do governo central cresceram 19,59%, enquanto as receitas caíram 3,05% no primeiro bimestre de 2009, situação provocada pela queda da atividade econômica, com consequente diminuição na arrecadação de tributos, e pelas desonerações fiscais. Realidade muito diferente de 2008, época em que Lula "surfava" na euforia financeira mundial, quando as receitas cresciam 19% e as despesas, em ritmo menor, 14,8%. Os números são um espelho da incompetência do governo para lidar com crise.

Para Coruja, essa cenário é a crônica de uma morte anunciada. "Essa questão da queda da receita só quem não reconhecia era o governo. Eu me lembro que, por diversas vezes, em reuniões com técnicos do Tesouro na Comissão de Fiscalização e Controle (da Câmara), perguntei explicitamente: Em que instante vai cair a receita e não vai haver superávit? E o governo sempre negava. Dizia: não vai cair", conta Coruja.

Essa postura, critica o líder do PPS, contribuiu para a postergação de medidas de combate a crise que já poderiam ter sido adotadas há muito tempo. E pior, atingiu diretamente as contas de estados e municípios, que agora sofrem com os efeitos das quedas de arredação e dos repasses do FPE e FPM (fundos de participação dos estados e dos municípios). "Você precisa ser realista, porque a queda da receita tem impacto nos municípios e nos estados. E se o governo dá uma informação equivocada, os municípios não vão conseguir se planejar adequadamente, ainda mais nesse momento em que assumem novos prefeitos. E o governo deu uma informação errada, o que motivou os novos prefeitos a gastarem, porque eles não têm noção da macroeconomia, não tem informações suficientes para isso. É uma irresponsabilidade do governo", condena Coruja.

De acordo com o líder do PPS, o principal crime cometido pelo governo Lula foi omitir dados, esconder previsões. O deputado afirma que quando algém tem a visão de que o governo tem que ser otimista (para não alarmar a população e a economia em geral), imediatemte cai num dilema.

"Otimista é mentir? Falar uma coisa irreal, fazendo com que as pessoas não se planejem adequadamente contra a crise? Isso não é otimismo, isso é irresponsabilidade!", critica. Coruja lembra, por exemplo, que no início do ano fazia reuniões com prefeitos para debater a crise e eles diziam: "Que crise? Não tem crise". Achavam que a oposição tinha uma visão alarmista. "Mas o Lula tá dizendo isso (que a Brasil não será atingido). Não vai ter crise", alegavam os prefeitos. Na avaliação de Coruja, trata-se de uma irresponsabilidade, "principalemente do presidente".

Cortes e "tesoura" na publicidade oficial

Coruja critica ainda a política equivocada que vem sendo adotada pelo governo, principalmente no que se refere ao corte de R$ 25 bilhões no Orçamento. "O governo teve uma queda de receita, que era previsível, mas ele não queria reconhecer. E agora, ao fazer o corte (no orçamento), ele corta mais nos investimentos do que no custeio. Ele precisa cortar na máquina pública para que esses recursos sigam para o investimento e você possa diminuir os impactos da crise, principlamente na questão do desemprego. O governo se equivoca ao cortar mais os investimento do que os gastos correntes de manutenção da máquina".

Segundo o deputado, o governo tem margem de manobra para cortar no custeio. "Só na propoganda do governo dá para cortar muito. O governo gasta mais em propagando do que toda a despesa do Congresso Nacional. Num período de crise é perfeitamente possível cortar essa propaganda maciça que se faz para alardear as coisas do governo", sugere o líder do PPS.

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