quinta-feira, 2 de abril de 2009

O desgaste do Congresso e dos partidos. E a imagem anticrise de Lula e Dilma

Jarbas de Holanda
Jornalista


Ao desgaste do Congresso nos últimos meses – desencadeada a partir da eleição de Edmar Moreira para a mesa da Câmara dos Deputados e para Corregedor (seguida de rápido expurgo dele dos dois cargos); desdobrado pela forte condenação da mídia ao papel relevante assumido no Senado por Renan Calheiros, como líder do PMDB; e ampliado pelas denúncias confirmadas dos enormes e abusivos custos do gigantismo burocrático das duas casas do Legislativo federal e das chamadas verbas indenizatórias de que os parlamentares dispõem, gastas irregularmente por muitos deles – a esse desgaste juntou-se mais recentemente o dos partidos, em decorrência da operação “Castelo de Areia” da Polícia Federal, sobre doações feitas a candidatos e a dirigentes partidários – pelo grupo empresarial Camargo Correa. Operação cujas revelações passadas à imprensa e cujo relatório final omitiram três partidos entre eles o PT, atingindo centralmente o DEM e o PSDB oposicionistas.

”O amplo destaque na mídia das distorções do comando e do funcionamento da Câmara e do Senado, bem como de tais revelações da operação da Polícia Federal, tem, de um lado, a dimensão positiva de propiciar o conhecimento social de sérias irregularidades na gestão de recursos públicos e político-institucionais, das que de pronto se confirmam e daquelas que precisam ser devidamente apuradas (no que diz respeito à referida operação, com o abandono da seletividade partidária), além de apontar para soluções de fundo dependentes de uma verdadeira reforma política.

De outro lado, ao deixar o governo federal fora de foco, isso tem favorecido a imagem popular de Lula como um presidente voltado ao enfrentamento da crise econômica e seus efeitos. Tanto quanto facilitado seu esforço político principal – a afirmação da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff. A queda das avaliações favoráveis do presidente e do governo, registrada nas pesquisas do Datafolha e do Ibope da semana passada e reiterada na do Instituto Census, para a CNT, divulgada anteontem (respectivamente de 84% para 76,2% e de 72,5% para 62,4%) poderia ter sido maior se a mídia estivesse focada, centralmente ou também, em problemas do Palácio do Planalto (sobretudo o descontrole dos gastos correntes e a incompetência gerencial). E ela é compensada por dados positivos para Lula e sua candidata: crescente conhecimento dela pelo eleitorado e aumento do potencial de transferência de votos do presidente.

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