Fabiano Maisonnave
Enviado Especial a Manágua (Nicarágua)
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Presidente deposto tentará retorno por terra através da fronteira com a Nicarágua; governo golpista ameaça prendê-lo
Primeira tentativa de regresso terminou com conflitos entre forças de segurança e manifestantes, que deixaram dois mortos
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, prometeu que regressará amanhã ao seu país, indo por terra desde a Nicarágua, 24 dias depois de ter sido detido e expulso por forças militares.
Zelaya fez o anúncio ontem à noite durante entrevista coletiva em Manágua. À tarde, o presidente deposto havia dito à Folha, na Embaixada de Honduras na cidade, que programava a volta para hoje, às 10h (13h em Brasília).
Zelaya justificou-se pela mudança de planos dizendo que era preciso esperar vencer o prazo de 72 horas pedido, no domingo, pelo presidente da Costa Rica e mediador das negociações, Óscar Arias, para chegar a um acordo político entre ele e o governo golpista, do presidente Roberto Micheletti.
Até ontem à noite, porém, não estava marcada nenhuma nova reunião entre representantes de Micheletti e do presidente deposto em San José.
Segundo Zelaya, sua comitiva cruzará a fronteira em local não divulgado, por motivos de segurança. O hondurenho, que tem chamado os seus seguidores à "insurreição", disse que a rota exata ainda não estava definida, mas a Folha apurou que o roteiro mais provável será pela cidade de Choluteca, a mais populosa da região sul de Honduras, com 100 mil habitantes.O governo interino tem afirmado que Zelaya será preso caso volte ao país. A Procuradoria do país o acusa de 18 delitos, entre eles o de "traição à pátria". A maioria está relacionada com a sua tentativa de impulsionar uma Assembleia Constituinte, iniciativa considerada ilegal pela Justiça e pelo Congresso, controlados pela oposição e dissidentes.
Em 5 de julho, Zelaya tentou voltar a Tegucigalpa de avião, mas militares bloquearam a pista do aeroporto. Nesse dia, confrontos entre manifestantes pró-Zelaya e forças de segurança deixaram dois mortos, as únicas vítimas até aqui dos conflitos pós-golpe.
Embaixada venezuelana
O governo interino de Honduras ordenou ontem a expulsão dos diplomatas venezuelanos do país, sob acusação de que Caracas estaria ameaçando Tegucigalpa com "o uso da força" e desrespeitando sua "integridade".
Em carta enviada ao encarregado de negócios Ariel Vargas, a vice-chanceler interina Martha Lorena Alvarado ordenou que "todo o pessoal diplomático, administrativo, técnico e de serviço da missão diplomática venezuelana" deixasse Honduras em 72 horas.
Os diplomatas rejeitaram a ordem. "Nossa relação é com o presidente [deposto] Manuel Zelaya. Não reconhecemos o governo Micheletti. É um governo (...) apoiado por baionetas", disse Vargas. Ele responde pela embaixada desde que Caracas chamou de volta ao país o embaixador Armando Laguna.
Indagado por jornalistas se temia ser expulso à força, Vargas disse que "era só o que faltava a este governo golpista, violar todas as convenções internacionais" sobre diplomacia.A Venezuela tem sido a crítica mais feroz do golpe em Honduras, e a aliança entre o presidente Hugo Chávez e Zelaya é apontada como um dos estopins da crise hondurenha.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Presidente deposto tentará retorno por terra através da fronteira com a Nicarágua; governo golpista ameaça prendê-lo
Primeira tentativa de regresso terminou com conflitos entre forças de segurança e manifestantes, que deixaram dois mortos
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, prometeu que regressará amanhã ao seu país, indo por terra desde a Nicarágua, 24 dias depois de ter sido detido e expulso por forças militares.
Zelaya fez o anúncio ontem à noite durante entrevista coletiva em Manágua. À tarde, o presidente deposto havia dito à Folha, na Embaixada de Honduras na cidade, que programava a volta para hoje, às 10h (13h em Brasília).
Zelaya justificou-se pela mudança de planos dizendo que era preciso esperar vencer o prazo de 72 horas pedido, no domingo, pelo presidente da Costa Rica e mediador das negociações, Óscar Arias, para chegar a um acordo político entre ele e o governo golpista, do presidente Roberto Micheletti.
Até ontem à noite, porém, não estava marcada nenhuma nova reunião entre representantes de Micheletti e do presidente deposto em San José.
Segundo Zelaya, sua comitiva cruzará a fronteira em local não divulgado, por motivos de segurança. O hondurenho, que tem chamado os seus seguidores à "insurreição", disse que a rota exata ainda não estava definida, mas a Folha apurou que o roteiro mais provável será pela cidade de Choluteca, a mais populosa da região sul de Honduras, com 100 mil habitantes.O governo interino tem afirmado que Zelaya será preso caso volte ao país. A Procuradoria do país o acusa de 18 delitos, entre eles o de "traição à pátria". A maioria está relacionada com a sua tentativa de impulsionar uma Assembleia Constituinte, iniciativa considerada ilegal pela Justiça e pelo Congresso, controlados pela oposição e dissidentes.
Em 5 de julho, Zelaya tentou voltar a Tegucigalpa de avião, mas militares bloquearam a pista do aeroporto. Nesse dia, confrontos entre manifestantes pró-Zelaya e forças de segurança deixaram dois mortos, as únicas vítimas até aqui dos conflitos pós-golpe.
Embaixada venezuelana
O governo interino de Honduras ordenou ontem a expulsão dos diplomatas venezuelanos do país, sob acusação de que Caracas estaria ameaçando Tegucigalpa com "o uso da força" e desrespeitando sua "integridade".
Em carta enviada ao encarregado de negócios Ariel Vargas, a vice-chanceler interina Martha Lorena Alvarado ordenou que "todo o pessoal diplomático, administrativo, técnico e de serviço da missão diplomática venezuelana" deixasse Honduras em 72 horas.
Os diplomatas rejeitaram a ordem. "Nossa relação é com o presidente [deposto] Manuel Zelaya. Não reconhecemos o governo Micheletti. É um governo (...) apoiado por baionetas", disse Vargas. Ele responde pela embaixada desde que Caracas chamou de volta ao país o embaixador Armando Laguna.
Indagado por jornalistas se temia ser expulso à força, Vargas disse que "era só o que faltava a este governo golpista, violar todas as convenções internacionais" sobre diplomacia.A Venezuela tem sido a crítica mais feroz do golpe em Honduras, e a aliança entre o presidente Hugo Chávez e Zelaya é apontada como um dos estopins da crise hondurenha.
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