Adauri Antunes Barbosa e Eliane Oliveira
DEU EM O GLOBO
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PT chama chanceler de Israel de fascista
Itamaraty afirma que opinião do partido não representa a do governo
SÃO PAULO e BRASÍLIA. No dia da chegada do chanceler de Israel, Avigdor Lieberman, ao Brasil, o jornal israelense "Haaretz" publicou ontem entrevista com o secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, na qual ele chama o polêmico ministro de "fascista" e "racista" e previu protestos durante sua visita ao país.
"Lieberman é um fascista e um racista. A esquerda brasileira organizará manifestações de protesto contra ele e a política que representa", afirmou Pomar ao jornal israelense.
O Itamaraty informou que a posição de um partido político, "seja ele o PT ou qualquer outro", não representa o ponto de vista do governo brasileiro.
- Ele pode emitir sua opinião, mas não fala em nome do governo brasileiro - esclareceu um porta-voz.
Lula e Amorim recebem ministro hoje em Brasília
Hoje, Lieberman - que é contrário ao estabelecimento de um Estado palestino e defende a expulsão de árabes de Israel - se reúne no final da manhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em seguida, com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Lieberman escolheu o Brasil para iniciar uma viagem de dez dias à América do Sul. Ele também visitará a Argentina, o Peru e a Colômbia.
Ontem, o chanceler israelense se encontrou com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Antes da reunião com Serra, Lieberman almoçou com empresários na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Ao contrário do anunciado, não houve protestos contra a política defendida pelo ministro israelense nos dois compromissos, mas o forte esquema de segurança não foi desativado.
Na comitiva que acompanha o chanceler está a deputada Ruhama Abraham Balila, que faz oposição a Lieberman e defende a coexistência pacífica entre palestinos e judeus.
De acordo com o ex-chanceler Celso Lafer, que participou do encontro entre Serra e as autoridades israelitas, foi discutida a cooperação técnica e científica entre São Paulo e Israel. Uma das possíveis cooperações que podem ser firmadas é sobre a fabricação de medicamentos genéricos, área que Israel domina e na qual Serra tem muito interesse.
Celso Lafer, que é presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa de São Paulo (Fapesp), disse ainda que outros temas foram abordados, como nanotecnologia, uso da água, desenvolvimento sustentável, bioenergia, energias renováveis, técnicas agrícolas. Segundo Lafer, a conversa tem uma lógica natural porque cerca de 50% da produção de conhecimento científico do Brasil são feitos no estado de São Paulo, e Israel também se destaca nesse campo.
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