DEU NA REVISTA CAPITAL
Nota de falecimento
Morreu na terça-feira (14), em Palmeira dos Índios, cidade situada a 130 km de Maceió, nas Alagoas, o Partido dos Trabalhadores que, em outras épocas, além da emblemática estrela vermelha, que lhe serve de símbolo, também ficou conhecido - e atraiu milhões de seguidores e simpatizantes - pela defesa de coisas como ética, representação popular, democracia participativa e organização da sociedade.
Parido em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, de São Paulo, o PT enfrentou uma infância traumática, mas ganhou corpo - e forças - durante a adolescência. Forjou o último líder de massas do país - Luíz Inácio Lula da Silva - desde os tempos de Getúlio e JK. No passar dos anos, o partido espalhou pelo país exemplos de gente que aparentava brigar pelas boas batalhas. Luiza Erundina, Eduardo Suplicy, José Genoino, Vicentinho. Isso em São Paulo. No Paraná? Pedro Tonelli, Eduardo Cheida, Jorge Samek, Angelo Vanhoni, Dr. Rosinha.
Ok. Você podia até não gostar deles. Mas, no geral, essa turma representava o que melhor havia em termos de representantes do povão. Pena que, no Brasil, o tempo ande rápido demais. Nos anos 80, uma inscrição, repetida nos muros das cidades pelo país, vaticinava: "no Brasil é assim. O governo começa no começo, apodrece no meio e continua no fim". Aconteceu a mesma coisa com o PT.
Depois de três tentativas de chegar ao Planalto - em 1989, 1994 e 1998 - o partido da estrela vermelha teve de "afinar" o discurso, na campanha de 2002, para garantir ao "mercado" que os paredões - todos eles, ideológicos, econômicos - não passariam de uma espécie de catecismo de esquerda, necessários nos palanques, mas na prática perdido em algum lugar de Sierra Maestra. Deu certo.
Pelo menos para chegar lá.
Mas a troca custou caro. Ao PT, a alma. Que foi rifada no momento em que Lula assumiu o trono no Planalto. De lá para cá, foi o que se viu. Para manter a "governabilidade", Lula e os próceres petistas jogaram no lixo o manual partidário, compraram os ex-adversários, inventaram o mensalão, as doações não contabilizadas e as cuecas recheadas de dólares.
De lá para cá, Lula se abraçou a Renan Calheiros, José Sarney e a todos os picaretas que, nos tempos de beatitude, eram execrados como o lixo da política. Daí o PT morreu. E o último prego do caixão foi pregado em Palmeira dos Ìndios, nas Alagoas, quando Lula abraçou Fernando Collor de Mello. O ex-presidente que roubou, mentiu, prevaricou. E que usou de todas as artimanhas possíveis para derrubar Lula, na campanha de 1989.
A verdade é que, quando, em nome do poder, tudo se releva, perde-se a alma. Resta o quê? Nada. Absolutamente nada.
Nota de falecimento
Morreu na terça-feira (14), em Palmeira dos Índios, cidade situada a 130 km de Maceió, nas Alagoas, o Partido dos Trabalhadores que, em outras épocas, além da emblemática estrela vermelha, que lhe serve de símbolo, também ficou conhecido - e atraiu milhões de seguidores e simpatizantes - pela defesa de coisas como ética, representação popular, democracia participativa e organização da sociedade.
Parido em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, de São Paulo, o PT enfrentou uma infância traumática, mas ganhou corpo - e forças - durante a adolescência. Forjou o último líder de massas do país - Luíz Inácio Lula da Silva - desde os tempos de Getúlio e JK. No passar dos anos, o partido espalhou pelo país exemplos de gente que aparentava brigar pelas boas batalhas. Luiza Erundina, Eduardo Suplicy, José Genoino, Vicentinho. Isso em São Paulo. No Paraná? Pedro Tonelli, Eduardo Cheida, Jorge Samek, Angelo Vanhoni, Dr. Rosinha.
Ok. Você podia até não gostar deles. Mas, no geral, essa turma representava o que melhor havia em termos de representantes do povão. Pena que, no Brasil, o tempo ande rápido demais. Nos anos 80, uma inscrição, repetida nos muros das cidades pelo país, vaticinava: "no Brasil é assim. O governo começa no começo, apodrece no meio e continua no fim". Aconteceu a mesma coisa com o PT.
Depois de três tentativas de chegar ao Planalto - em 1989, 1994 e 1998 - o partido da estrela vermelha teve de "afinar" o discurso, na campanha de 2002, para garantir ao "mercado" que os paredões - todos eles, ideológicos, econômicos - não passariam de uma espécie de catecismo de esquerda, necessários nos palanques, mas na prática perdido em algum lugar de Sierra Maestra. Deu certo.
Pelo menos para chegar lá.
Mas a troca custou caro. Ao PT, a alma. Que foi rifada no momento em que Lula assumiu o trono no Planalto. De lá para cá, foi o que se viu. Para manter a "governabilidade", Lula e os próceres petistas jogaram no lixo o manual partidário, compraram os ex-adversários, inventaram o mensalão, as doações não contabilizadas e as cuecas recheadas de dólares.
De lá para cá, Lula se abraçou a Renan Calheiros, José Sarney e a todos os picaretas que, nos tempos de beatitude, eram execrados como o lixo da política. Daí o PT morreu. E o último prego do caixão foi pregado em Palmeira dos Ìndios, nas Alagoas, quando Lula abraçou Fernando Collor de Mello. O ex-presidente que roubou, mentiu, prevaricou. E que usou de todas as artimanhas possíveis para derrubar Lula, na campanha de 1989.
A verdade é que, quando, em nome do poder, tudo se releva, perde-se a alma. Resta o quê? Nada. Absolutamente nada.
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