DEU EM O GLOBO
O economista Hu Angang, professor na Escola de Políticas Públicas e Administração na Universidade de Tsinghua e diretor do Centro de Estudos da China na Academia de Ciências Chinesas é o autor de uma metáfora econômica que colocou a questão ecológica dentro da linha pragmática de desenvolvimento econômico implantada pelo "capitalismo de Estado" chinês.
Assim como Den Xao Ping definiu que não importava a cor do gato, desde que ele comesse os ratos, Hu Angang defende agora que para a continuidade do desenvolvimento econômico é preciso que o gato seja verde.
Essa metáfora foi lembrada durante os debates da Academia da Latinidade no Cairo, esta semana, quando foi discutida a ecologia como parte da agenda política dos governos de esquerda da América Latina.
Tema que está em evidência no Brasil enquanto se discute a posição do país na reunião de Copenhage em dezembro, foi considerado pelo sociólogo Cândido Mendes como um "escape" da esquerda na tentativa de modernizar sua ação política, sem levar em conta a necessidade de desenvolvimento dos países emergentes.
O venezuelano radicado nos Estados Unidos Fernando Coromil, professor de antropologia, presidente do Centro de Graduação da City University de Nova York, pegou o exemplo da Venezuela e do Brasil para falar dos perigos que os governos de esquerda correm ao não usar o dinheiro do petróleo para desenvolver alternativas de energia limpas para o futuro.
Ele é o autor do livro "O Estado mágico", que, embora tenha sido escrito sobre a experiência venezuelana antes da chegada ao poder de Hugo Chávez, analisa equívocos da economia petrolífera que se repetem hoje em dia: "Muita gente pensava que a Venezuela era excepcional na América Latina por que era uma economia petrolífera. Mostro no livro a tendência de todas as economias latino-americanas. São sociedades que exportam matérias-primas, com poucos graus de transformação".
O Brasil é um exemplo recente, ressalta Coronil, país "que falava muito em etanol e biocombustíveis, e, quando surge o petróleo do pré-sal, as coisas mudaram".
Na Venezuela, diz ele, Chávez fala contra o "Império", "mas continua baseando a economia em meios tradicionais, não busca alternativas de modernização".
Para Fernando Coronil, "os países da América Latina deveriam ter políticas conjuntas de energia, mas todos pensam em políticas de curto prazo".
A própria política de Chávez de ajudar países vizinhos com o petróleo faz com que a economia repita "mais do mesmo" e tenha como objetivo o automóvel, meio de transporte individual, em vez de incentivar políticas públicas de transporte coletivo, ou combustíveis alternativos, menos poluentes.
A metáfora do "gato verde" foi levantada pelo presidente do Instituto de Pluralismo Cultural da Universidade Cândido Mendes, Enrique Larreta, que tem passado períodos na China realizando pesquisas sobre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Ele relata que em Shangai, a segunda cidade mais poluída do mundo, ao lado da Cidade do México, "construíram um prédio interessantíssimo de cinco andares na Praça do Povo. mostrando qual vai ser a Shangai do futuro. A fórmula é "melhor cidade, melhor vida"".
Os grandes conjuntos habitacionais utilizarão materiais recicláveis, e a volta do uso de bicicletas, um antigo hábito chinês que foi abandonado nas grandes cidades pelo uso cada vez mais intensivo dos automóveis, será incentivado pelo governo.
Ao mesmo tempo, lembra Larreta, na reconstrução de Shangai levou-se em conta o conceito de "cidade cosmopolita", que havia antes mesmo da revolução chinesa.
Mistura de tradições inglesa e francesa, Shangai é uma cidade contemporânea de Nova York, onde há prédios art déco desta época que estão sendo restaurados.
A posição dos empresários chineses sobre o clima tem sido conhecida nos diversos encontros internacionais que preparam a reunião de dezembro de Copenhage.
O reconhecimento por diversos líderes empresariais de que o crescimento econômico da China tem que se compatibilizar com a proteção ambiental, vendo o desenvolvimento sustentável como uma "responsabilidade corporativa", reflete em boa medida uma mudança da posição oficial, que está apresentando metas arrojadas de redução dos gases de efeito estufa.
O governo chinês tem uma agenda agressiva para que 15% de toda a energia seja oriunda de fontes renováveis dentro de 12 anos, e aumentar a eficiência energética em 20% em dois anos. A China hoje já é líder em energia solar e eólica.
A decisão da União Europeia de abrir um fundo para ajudar os países emergentes a atingirem metas de controle da poluição, com a redução de emissões de CO2 na atmosfera, ajuda a tese do Ministro do Meio Ambiente.
Carlos Minc sugere reduzir em cerca de 80% o desmatamento até 2020 e limitar as emissões de CO2 a níveis de 2005. Para tanto, Minc disse que seriam precisos US$10 bilhões de financiamento externo anuais.
A União Europeia, embora não tenha revelado oficialmente o valor, deverá abrir um fundo com cerca de U$70 bilhões até 2020, desde que os Estados Unidos e outras nações industrializadas também o façam.
O economista Hu Angang, professor na Escola de Políticas Públicas e Administração na Universidade de Tsinghua e diretor do Centro de Estudos da China na Academia de Ciências Chinesas é o autor de uma metáfora econômica que colocou a questão ecológica dentro da linha pragmática de desenvolvimento econômico implantada pelo "capitalismo de Estado" chinês.
Assim como Den Xao Ping definiu que não importava a cor do gato, desde que ele comesse os ratos, Hu Angang defende agora que para a continuidade do desenvolvimento econômico é preciso que o gato seja verde.
Essa metáfora foi lembrada durante os debates da Academia da Latinidade no Cairo, esta semana, quando foi discutida a ecologia como parte da agenda política dos governos de esquerda da América Latina.
Tema que está em evidência no Brasil enquanto se discute a posição do país na reunião de Copenhage em dezembro, foi considerado pelo sociólogo Cândido Mendes como um "escape" da esquerda na tentativa de modernizar sua ação política, sem levar em conta a necessidade de desenvolvimento dos países emergentes.
O venezuelano radicado nos Estados Unidos Fernando Coromil, professor de antropologia, presidente do Centro de Graduação da City University de Nova York, pegou o exemplo da Venezuela e do Brasil para falar dos perigos que os governos de esquerda correm ao não usar o dinheiro do petróleo para desenvolver alternativas de energia limpas para o futuro.
Ele é o autor do livro "O Estado mágico", que, embora tenha sido escrito sobre a experiência venezuelana antes da chegada ao poder de Hugo Chávez, analisa equívocos da economia petrolífera que se repetem hoje em dia: "Muita gente pensava que a Venezuela era excepcional na América Latina por que era uma economia petrolífera. Mostro no livro a tendência de todas as economias latino-americanas. São sociedades que exportam matérias-primas, com poucos graus de transformação".
O Brasil é um exemplo recente, ressalta Coronil, país "que falava muito em etanol e biocombustíveis, e, quando surge o petróleo do pré-sal, as coisas mudaram".
Na Venezuela, diz ele, Chávez fala contra o "Império", "mas continua baseando a economia em meios tradicionais, não busca alternativas de modernização".
Para Fernando Coronil, "os países da América Latina deveriam ter políticas conjuntas de energia, mas todos pensam em políticas de curto prazo".
A própria política de Chávez de ajudar países vizinhos com o petróleo faz com que a economia repita "mais do mesmo" e tenha como objetivo o automóvel, meio de transporte individual, em vez de incentivar políticas públicas de transporte coletivo, ou combustíveis alternativos, menos poluentes.
A metáfora do "gato verde" foi levantada pelo presidente do Instituto de Pluralismo Cultural da Universidade Cândido Mendes, Enrique Larreta, que tem passado períodos na China realizando pesquisas sobre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Ele relata que em Shangai, a segunda cidade mais poluída do mundo, ao lado da Cidade do México, "construíram um prédio interessantíssimo de cinco andares na Praça do Povo. mostrando qual vai ser a Shangai do futuro. A fórmula é "melhor cidade, melhor vida"".
Os grandes conjuntos habitacionais utilizarão materiais recicláveis, e a volta do uso de bicicletas, um antigo hábito chinês que foi abandonado nas grandes cidades pelo uso cada vez mais intensivo dos automóveis, será incentivado pelo governo.
Ao mesmo tempo, lembra Larreta, na reconstrução de Shangai levou-se em conta o conceito de "cidade cosmopolita", que havia antes mesmo da revolução chinesa.
Mistura de tradições inglesa e francesa, Shangai é uma cidade contemporânea de Nova York, onde há prédios art déco desta época que estão sendo restaurados.
A posição dos empresários chineses sobre o clima tem sido conhecida nos diversos encontros internacionais que preparam a reunião de dezembro de Copenhage.
O reconhecimento por diversos líderes empresariais de que o crescimento econômico da China tem que se compatibilizar com a proteção ambiental, vendo o desenvolvimento sustentável como uma "responsabilidade corporativa", reflete em boa medida uma mudança da posição oficial, que está apresentando metas arrojadas de redução dos gases de efeito estufa.
O governo chinês tem uma agenda agressiva para que 15% de toda a energia seja oriunda de fontes renováveis dentro de 12 anos, e aumentar a eficiência energética em 20% em dois anos. A China hoje já é líder em energia solar e eólica.
A decisão da União Europeia de abrir um fundo para ajudar os países emergentes a atingirem metas de controle da poluição, com a redução de emissões de CO2 na atmosfera, ajuda a tese do Ministro do Meio Ambiente.
Carlos Minc sugere reduzir em cerca de 80% o desmatamento até 2020 e limitar as emissões de CO2 a níveis de 2005. Para tanto, Minc disse que seriam precisos US$10 bilhões de financiamento externo anuais.
A União Europeia, embora não tenha revelado oficialmente o valor, deverá abrir um fundo com cerca de U$70 bilhões até 2020, desde que os Estados Unidos e outras nações industrializadas também o façam.
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