DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Vera Rosa, Brasília
A estratégia adotada para suavizar a imagem da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pode acabar tornando a candidata "artificial" e surtir efeito contrário. Com essa opinião, o cientista político Aldo Fornazieri disse que os marqueteiros terão de enfrentar um "grande desafio" na próxima campanha. É que, a se confirmar o cenário atual, a eleição de 2010 será um duelo entre presidenciáveis que não primam pela simpatia. De um lado, Dilma, e, de outro, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
"Tanto Dilma quanto Serra têm um problema: carecem de emocionalidade nas relações. São políticos mais frios, calculistas", constatou Fornazieri, diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. No livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda diz que a sociabilidade brasileira se constitui a partir de relações sensíveis e emocionais.
"É isso o que explica o sucesso do Lula", comentou Fornazieri. Para ele, porém, a necessidade que os marqueteiros têm de encontrar nova fórmula para apresentar candidatos sem simpatia não significa que os concorrentes possam ser maquiados e transformados em outra pessoa.
"O que se destaca em Dilma, por exemplo, é justamente o fato de ela ser uma mulher forte, assertiva. A Margaret Thatcher tinha essas qualidades e foi um exemplo de êxito político", insistiu o cientista político, numa referência à dama de ferro que foi primeira-ministra da Grã-Bretanha.
O próprio Lula, pouco antes da campanha de 2002, disse ao publicitário Duda Mendonça que não queria se transformar num sabonete. "Se eu tiver de vender uma imagem falsificada, que não é a minha, se tiver de falar assim ou vestir assado, então não serei candidato", esbravejou ele, naquela ocasião. Mesmo assim, na propaganda eleitoral, Lula apareceu com ternos bem cortados e a barba aparada. Para chegar ao Palácio do Planalto, ele também mudou.
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