DEU EM O GLOBO
Frei mexe no comando da campanha; Piñera deve defender governo de unidade
Partidários num comício de Frei: candidato da Concertação negocia frente com terceiro colocado nas pesquisas
Cristina Azevedo
Frei mexe no comando da campanha; Piñera deve defender governo de unidade
Partidários num comício de Frei: candidato da Concertação negocia frente com terceiro colocado nas pesquisas
Cristina Azevedo
SANTIAGO. Os dois principais candidatos à Presidência do Chile ainda ensaiavam seus discursos de encerramento de campanha ontem, quando seus comandos já trabalhavam de olho no segundo turno. Se as pesquisas mostram que Eduardo Frei, da coalizão de governo, deve chegar à noite de domingo como o adversário de Sebastián Piñera na segunda rodada, indicam também que sua diferença para o candidato da Aliança para Mudança é agora ainda mais preocupante. Mais do que uma mudança na campanha, caciques da Concertação já admitem a necessidade de a coalizão se reinventar e realizar um congresso para ouvir todos os setores.
- Precisamos entusiasmar o eleitor que está com Jorge Arrate ou Marco Enríquez-Ominami - admite Jorge Pizarro, chefe político de campanha de Frei.
Treze pontos à frente de Frei nas pesquisas, chegando a 44,1% das intenções de voto, Piñera pediu ontem aos chilenos "a oportunidade de ser presidente". Para o segundo turno, ele deve defender um governo de unidade nacional e prometer ampliar as políticas sociais de Michelle Bachelet - embora seja seu opositor.
No comando de Frei, foi um dia de reuniões com os presidentes dos quatro partidos da coalizão, e uma outra já está marcada para segunda-feira. Jorge Pizarro admitiu que haverá mudanças na equipe, mas prefere falar em "incorporações" à campanha. Um dos nomes que deverão ganhar destaque estratégico é o do ex-ministro Ricardo Solari. Ele teria se reunido ontem com o terceiro colocado nas pesquisas, o independente Marco Enríquez-Ominami, segundo rumores. Pizarro confirma que "há conversas" com Ominami e Jorge Arrate, do Partido Comunista, mas não negociações.
Para a nova fase, se a votação no domingo confirmar as pesquisas, Frei deverá reforçar as críticas a Piñera como uma volta ao passado, apresentar-se cada vez mais como "o herdeiro de Bachelet", e mostrar a coalizão mais aberta à participação da sociedade. Os indícios já estavam no discurso de ontem, em Concepción:
- É necessário reinventar a Concertação. Sobretudo, recuperar a confiança nos líderes.
Não é para menos. Na visão de Tomas Mosciatti, analista político, a Concertação pode levar até oito anos - dois mandatos presidenciais - para se recuperar de uma inédita derrota para a direita nestes 20 anos de redemocratização.
- Estas são as eleições mais competitivas pós-Pinochet. A transição política acabou. Ganhe quem ganhar, o Chile vai mudar - disse no Seminário "20 anos de democracia/200 anos de independência", da Fundação Imagem do Chile, em Santiago.
Governo investirá em direitos humanos na campanha
Pizarro fala com amargura de Ominami, certo de que sua candidatura custou votos a Frei:
- Ele não saiu (candidato) por falta de espaço. Ele teve todas as oportunidades que os jovens chilenos em geral não têm. Saiu por um projeto pessoal.
O governo pretende impulsionar a agenda de direitos humanos antes do segundo turno, em 17 de janeiro. O tema esquentou a campanha desde a descoberta de que o pai de Frei foi assassinado pela ditadura. Cinco projetos relacionados aos direitos humanos devem ser lançados em breve, entre eles o que anula a Lei de Anistia de 1978 - uma das promessas de Frei.
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