DEU EM O GLOBO
O Congresso Nacional do PT começa hoje em Brasília com uma briga interna por cargos da direção partidária que ameaça manchar o lançamento da pré-candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff, previsto para sábado. As tendências já pensam em adiar o desfecho dessa disputa para uma nova reunião. O congresso também tratará de propostas polêmicas de governo que preocupam aliados, como o PMDB.
Início conturbado no PT
Congresso que lançará candidatura de Dilma começa com teses polêmicas e luta interna
Maria Lima, Cristiane Jungblut, Gerson Camarotti e Soraya Aggege
BRASÍLIA - Além das polêmicas teses do documento batizado “A Grande Transformação” — que divide o partido, contraria o governo em alguns pontos e assusta aliados —, os dirigentes petistas levam para 4oCongresso Nacional do PT, que começa hoje, uma briga de foice pelos postos de poder na legenda. Às vésperas do lançamento da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff para a sucessão do presidente Lula, as forças ligadas ao novo presidente, José Eduardo Dutra, que têm cerca de 60% do Diretório Nacional do PT, não chegaram a um consenso para montar a Executiva Nacional, que dirigirá o partido na campanha eleitoral.
Caso um acordo não seja fechado até sábado, último dia do congresso, a montagem da cúpula ficará para a próxima reunião do diretório, em março.
O esforço é evitar que divergências internas marquem o lançamento da candidatura de Dilma. A divisão dos cargos com as outras forças internas está praticamente fechada, mas não há acordo no próprio Campo Majoritário, formado por Construindo um Novo Brasil, Novos Rumos e PTLM.
Estratégia eleitoral será tema de debate
A principal pendência está na Secretaria de Comunicação, disputada pelo deputado federal João Paulo Cunha e pelo deputado estadual Rui Falcão, ambos paulistas.
— Os cargos terão que ser discutidos na chapa (que elegeu Dutra). Houve uma indicação nossa para o Rui Falcão assumir a Secretaria de Comunicação, mas surgiram outros nomes. Mas não vamos nos dividir por causa disso.
Se houver problemas, deixaremos para o Diretório Nacional, que se reunirá em março — disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, da corrente Novos Rumos.
Para um público maior — os 1.300 delegados com direito a voto — será posto em debate, a partir de hoje (com votação amanhã), os documentos com diretrizes para o eventual governo de Dilma e a estratégia eleitoral para a campanha deste ano.
Os textos finalizados pelos dirigentes, e que já passaram pelo crivo do governo, dizem que Dilma terá “uma herança bendita”, que lhe permitirá enfrentar os críticos do “inchaço” da máquina pública e a “gastança” do governo. Reafirmam o fortalecimento da presença do Estado e os pilares da política econômica, e abordam questões polêmicas em praticamente todas as áreas, como a criação da Comissão da Verdade, a abertura de arquivos dos crimes da ditadura e a “democratização” da comunicação social.
Em meio a sugestões tão diversas e polêmicas, que podem assustar o eleitor conservador, petistas se antecipam e dizem que se trata de um documento do PT, e não do programa de governo de Dilma.
— Uma coisa é o programa do PT.
Outra coisa é o governo e o programa da ministra Dilma. O que vai ser colocado em votação são diretrizes que o PT vai sugerir para a candidata.
O governo não vai se meter nisso — garante Vaccarezza.
Entre os principais aliados na coalizão que sustentará a candidatura Dilma, o PMDB já está preparando um texto para servir de contraponto à proposta do PT.
— Não queremos fazer figuração ou mera numeração nessa coligação.
Queremos, com os outros partidos da aliança, propor um programa de consenso para o Brasil. Essas ideias do PT podem ser muito discutidas e aplaudidas por alguns, mas daí a prevalecerem num programa coerente de governo, são outros quinhentos — afirmou líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Integrante da Executiva Nacional do PT e do grupo que discutiu os textos, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) concorda que nem tudo que o PT aprovar será incluído no programa de governo: — O PT deve apresentar a sua cara à sociedade e essa é a posição do PT.
Mas os idealizadores das diretrizes evitaram pontos que podem desgastar a candidatura de Dilma: o texto não faz menção, por exemplo, ao aborto.
No documento “Táticas eleitorais para 2010”, além de defender o “centralismo” em torno da candidatura de Dilma, os dirigentes pregam grande mobilização popular na eleição deste ano. E sugerem a realização de uma reforma politica, por meio de uma assembleia nacional constituinte — o que é visto com desconfiança pela oposição.
— É óbvio que, com essa correlação de forças, o que o PT quer é abrir uma brecha para implantar a ditadura do socialismo e se eternizar no poder.
Com uma constituinte tentariam aprovar as ideias mais retrógradas, como a censura, um novo plano de direitos humanos — diz o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Para cerca de 150 convidados internacionais que participam hoje do congresso, Dilma deverá sinalizar que dará continuidade à política externa adotada pelo governo Lula, se eleita. Estarão presentes representantes da esquerda europeia, do Vietnã, de Angola, além de enviados do Partido Socialista Unido da Venezuela, do presidente Hugo Chávez, e do PC cubano.
O Congresso Nacional do PT começa hoje em Brasília com uma briga interna por cargos da direção partidária que ameaça manchar o lançamento da pré-candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff, previsto para sábado. As tendências já pensam em adiar o desfecho dessa disputa para uma nova reunião. O congresso também tratará de propostas polêmicas de governo que preocupam aliados, como o PMDB.
Início conturbado no PT
Congresso que lançará candidatura de Dilma começa com teses polêmicas e luta interna
Maria Lima, Cristiane Jungblut, Gerson Camarotti e Soraya Aggege
BRASÍLIA - Além das polêmicas teses do documento batizado “A Grande Transformação” — que divide o partido, contraria o governo em alguns pontos e assusta aliados —, os dirigentes petistas levam para 4oCongresso Nacional do PT, que começa hoje, uma briga de foice pelos postos de poder na legenda. Às vésperas do lançamento da pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff para a sucessão do presidente Lula, as forças ligadas ao novo presidente, José Eduardo Dutra, que têm cerca de 60% do Diretório Nacional do PT, não chegaram a um consenso para montar a Executiva Nacional, que dirigirá o partido na campanha eleitoral.
Caso um acordo não seja fechado até sábado, último dia do congresso, a montagem da cúpula ficará para a próxima reunião do diretório, em março.
O esforço é evitar que divergências internas marquem o lançamento da candidatura de Dilma. A divisão dos cargos com as outras forças internas está praticamente fechada, mas não há acordo no próprio Campo Majoritário, formado por Construindo um Novo Brasil, Novos Rumos e PTLM.
Estratégia eleitoral será tema de debate
A principal pendência está na Secretaria de Comunicação, disputada pelo deputado federal João Paulo Cunha e pelo deputado estadual Rui Falcão, ambos paulistas.
— Os cargos terão que ser discutidos na chapa (que elegeu Dutra). Houve uma indicação nossa para o Rui Falcão assumir a Secretaria de Comunicação, mas surgiram outros nomes. Mas não vamos nos dividir por causa disso.
Se houver problemas, deixaremos para o Diretório Nacional, que se reunirá em março — disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, da corrente Novos Rumos.
Para um público maior — os 1.300 delegados com direito a voto — será posto em debate, a partir de hoje (com votação amanhã), os documentos com diretrizes para o eventual governo de Dilma e a estratégia eleitoral para a campanha deste ano.
Os textos finalizados pelos dirigentes, e que já passaram pelo crivo do governo, dizem que Dilma terá “uma herança bendita”, que lhe permitirá enfrentar os críticos do “inchaço” da máquina pública e a “gastança” do governo. Reafirmam o fortalecimento da presença do Estado e os pilares da política econômica, e abordam questões polêmicas em praticamente todas as áreas, como a criação da Comissão da Verdade, a abertura de arquivos dos crimes da ditadura e a “democratização” da comunicação social.
Em meio a sugestões tão diversas e polêmicas, que podem assustar o eleitor conservador, petistas se antecipam e dizem que se trata de um documento do PT, e não do programa de governo de Dilma.
— Uma coisa é o programa do PT.
Outra coisa é o governo e o programa da ministra Dilma. O que vai ser colocado em votação são diretrizes que o PT vai sugerir para a candidata.
O governo não vai se meter nisso — garante Vaccarezza.
Entre os principais aliados na coalizão que sustentará a candidatura Dilma, o PMDB já está preparando um texto para servir de contraponto à proposta do PT.
— Não queremos fazer figuração ou mera numeração nessa coligação.
Queremos, com os outros partidos da aliança, propor um programa de consenso para o Brasil. Essas ideias do PT podem ser muito discutidas e aplaudidas por alguns, mas daí a prevalecerem num programa coerente de governo, são outros quinhentos — afirmou líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Integrante da Executiva Nacional do PT e do grupo que discutiu os textos, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) concorda que nem tudo que o PT aprovar será incluído no programa de governo: — O PT deve apresentar a sua cara à sociedade e essa é a posição do PT.
Mas os idealizadores das diretrizes evitaram pontos que podem desgastar a candidatura de Dilma: o texto não faz menção, por exemplo, ao aborto.
No documento “Táticas eleitorais para 2010”, além de defender o “centralismo” em torno da candidatura de Dilma, os dirigentes pregam grande mobilização popular na eleição deste ano. E sugerem a realização de uma reforma politica, por meio de uma assembleia nacional constituinte — o que é visto com desconfiança pela oposição.
— É óbvio que, com essa correlação de forças, o que o PT quer é abrir uma brecha para implantar a ditadura do socialismo e se eternizar no poder.
Com uma constituinte tentariam aprovar as ideias mais retrógradas, como a censura, um novo plano de direitos humanos — diz o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Para cerca de 150 convidados internacionais que participam hoje do congresso, Dilma deverá sinalizar que dará continuidade à política externa adotada pelo governo Lula, se eleita. Estarão presentes representantes da esquerda europeia, do Vietnã, de Angola, além de enviados do Partido Socialista Unido da Venezuela, do presidente Hugo Chávez, e do PC cubano.
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