DEU EM O GLOBO
A senadora Marina Silva tem um sonho. Quer transformar a questão ambiental num tema central da discussão política, mas sem virar uma candidata de uma nota só. Mais que transversalidade, palavra que Marina ensinou a Lula, mas que o governo adotou só na retórica, a intenção é dar centralidade no programa de governo à questão socioambiental, saindo do que considera uma discussão do passado para preparar o país do futuro.
Sua equipe está convencida de que elaborar um programa de governo que reflita os tempos atuais com uma visão de futuro é mais difícil do que fazer um programa tradicional, como os partidos políticos costumam fazer, em que a questão ambiental geralmente é um dos últimos itens.
A candidata do Partido Verde está preparando um programa que não será dividido em tópicos separados, mas composto de temas integrados por uma visão que tente antecipar os desafios do futuro.
Ela pretende se diferenciar dos dois candidatos favoritos à sucessão presidencial justamente pela ação voltada para um desenvolvimento que não objetive apenas o lado econômico, o crescimento do PIB como medida do sucesso de um governo, embora não subestime a importância desses indicadores.
Ela vai manter, como Lula manteve, as bases da política econômica, com o equilíbrio fiscal e controle da inflação, mas também os programas sociais que melhoraram a distribuição de renda no país.
Nesse sentido, ela é pós-FH e pós-Lula. Mas é sobretudo pró-desenvolvimento que englobe outros aspectos, um desenvolvimento que melhore o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não apenas como consequência do crescimento econômico, mas como fruto de uma ação governamental que privilegie a qualidade do ensino, a melhoria da situação na saúde, as pesquisas tecnológicas que coloquem o país em outro patamar, muito além da mera disputa entre tendências políticas antagônicas.
A senadora Marina Silva sente falta de um período em que a política era feita de desassombros, quando o país vislumbrava o futuro como um sonho coletivo, contra um presente que é muito pragmático e limitado.
Ela acha que a política que está sendo feita no país obedece muito a certos ditames que visam à manutenção do poder político, não a avanços institucionais, a melhorias na qualidade do bem-estar do cidadão.
Sabe que será difícil oferecer ao eleitorado um sonho que ele pensa já estar sendo realizado pelo que o governo Lula tem oferecido, e que a sensação de bem-estar existente reduz as possibilidades de tentativa de superação desses limites.
Mas acha que é possível convencer o eleitorado de que há outros objetivos a serem alcançados além de participar da sociedade de consumo.
A própria qualidade desse consumo tem que ser revista, para que a sensação de bem-estar seja mais ampla e atinja mais cidadãos.
Um bom exemplo seria a venda de automóveis, um sonho de consumo de todas as classes. Trabalhar para que as cidades a longo prazo tenham um sistema de transportes eficiente e de energia limpa seria uma maneira de oferecer à maioria dos cidadãos uma opção de deslocamento saudável, e aos donos de automóveis vias menos congestionadas.
A exploração do petróleo do pré-sal seria outro exemplo da diferença entre um projeto de futuro de país mais saudável em vários sentidos, e um imediatista, que é o que está sendo desenhado, com o jogo político disputando a suposta riqueza de uma energia poluente que hoje já está em vias de ser ultrapassada.
O empresário Guilherme Leal, copresidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos e candidato a vice-presidente na chapa do PV, compara o petróleo do pré-sal à herança de uma avó: o dinheiro guardado pode se transformar em pó, não valer mais nada quando se puder usá-lo.
O petróleo como fonte de energia poluente, caminha para a obsolescência no mundo do futuro, e sua exploração teria que ser feita com vistas à preparação da economia do futuro, financiando pesquisas que colocassem o país em condições de competitividade num novo mundo que está se desenhando.
E não como se fosse um tesouro inesgotável que será a salvação de todos no presente.
Mas a senadora Marina Silva tem um sonho mais abrangente, que engloba a democracia como valor universal.
Valores como a liberdade de expressão são caros a ela.
Pensar o futuro do país é pensar o fortalecimento da democracia brasileira, em um continente que passa por experiências democráticas que estão resultando em regimes com tendências autoritárias.
Ela tem louvado a decisão do presidente Lula de não ter aceitado tentar mudar a Constituição para poder disputar um terceiro mandato consecutivo, e costuma dar seu testemunho pessoal de que o presidente sempre reagiu mal às sugestões nesse sentido, e desencorajou quem chegava próximo com a tentação da continuidade.
Mas, ao mesmo tempo em que tem feito esse reconhecimento, ela, bem no seu estilo tranquilo, tem perturbado seus interlocutores com um raciocínio no mínimo interessante: o empenho do presidente Lula na eleição de uma candidata escolhida a dedo, que não saiu da disputa partidária, não guardaria alguma semelhança com aqueles mesmos processos?
Não haveria o risco de que a intenção do presidente seja transformar o governo Dilma em apenas um intervalo entre dois governos Lulas, o que poria em xeque a alternância de poder, um dos pilares da democracia?
Quem tem estado com Marina fica com a certeza de que, na visão dela, para que a democracia se fortaleça no país é fundamental que a divergência de opiniões seja respeitada, que a imensa popularidade do presidente não transforme em verdade absoluta o que diz ou pensa, que a discordância seja aceita, e que os governos se submetam à pluralidade da sociedade, governando para todos, e não apenas para os seus.
A senadora Marina Silva tem um sonho. Quer transformar a questão ambiental num tema central da discussão política, mas sem virar uma candidata de uma nota só. Mais que transversalidade, palavra que Marina ensinou a Lula, mas que o governo adotou só na retórica, a intenção é dar centralidade no programa de governo à questão socioambiental, saindo do que considera uma discussão do passado para preparar o país do futuro.
Sua equipe está convencida de que elaborar um programa de governo que reflita os tempos atuais com uma visão de futuro é mais difícil do que fazer um programa tradicional, como os partidos políticos costumam fazer, em que a questão ambiental geralmente é um dos últimos itens.
A candidata do Partido Verde está preparando um programa que não será dividido em tópicos separados, mas composto de temas integrados por uma visão que tente antecipar os desafios do futuro.
Ela pretende se diferenciar dos dois candidatos favoritos à sucessão presidencial justamente pela ação voltada para um desenvolvimento que não objetive apenas o lado econômico, o crescimento do PIB como medida do sucesso de um governo, embora não subestime a importância desses indicadores.
Ela vai manter, como Lula manteve, as bases da política econômica, com o equilíbrio fiscal e controle da inflação, mas também os programas sociais que melhoraram a distribuição de renda no país.
Nesse sentido, ela é pós-FH e pós-Lula. Mas é sobretudo pró-desenvolvimento que englobe outros aspectos, um desenvolvimento que melhore o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não apenas como consequência do crescimento econômico, mas como fruto de uma ação governamental que privilegie a qualidade do ensino, a melhoria da situação na saúde, as pesquisas tecnológicas que coloquem o país em outro patamar, muito além da mera disputa entre tendências políticas antagônicas.
A senadora Marina Silva sente falta de um período em que a política era feita de desassombros, quando o país vislumbrava o futuro como um sonho coletivo, contra um presente que é muito pragmático e limitado.
Ela acha que a política que está sendo feita no país obedece muito a certos ditames que visam à manutenção do poder político, não a avanços institucionais, a melhorias na qualidade do bem-estar do cidadão.
Sabe que será difícil oferecer ao eleitorado um sonho que ele pensa já estar sendo realizado pelo que o governo Lula tem oferecido, e que a sensação de bem-estar existente reduz as possibilidades de tentativa de superação desses limites.
Mas acha que é possível convencer o eleitorado de que há outros objetivos a serem alcançados além de participar da sociedade de consumo.
A própria qualidade desse consumo tem que ser revista, para que a sensação de bem-estar seja mais ampla e atinja mais cidadãos.
Um bom exemplo seria a venda de automóveis, um sonho de consumo de todas as classes. Trabalhar para que as cidades a longo prazo tenham um sistema de transportes eficiente e de energia limpa seria uma maneira de oferecer à maioria dos cidadãos uma opção de deslocamento saudável, e aos donos de automóveis vias menos congestionadas.
A exploração do petróleo do pré-sal seria outro exemplo da diferença entre um projeto de futuro de país mais saudável em vários sentidos, e um imediatista, que é o que está sendo desenhado, com o jogo político disputando a suposta riqueza de uma energia poluente que hoje já está em vias de ser ultrapassada.
O empresário Guilherme Leal, copresidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos e candidato a vice-presidente na chapa do PV, compara o petróleo do pré-sal à herança de uma avó: o dinheiro guardado pode se transformar em pó, não valer mais nada quando se puder usá-lo.
O petróleo como fonte de energia poluente, caminha para a obsolescência no mundo do futuro, e sua exploração teria que ser feita com vistas à preparação da economia do futuro, financiando pesquisas que colocassem o país em condições de competitividade num novo mundo que está se desenhando.
E não como se fosse um tesouro inesgotável que será a salvação de todos no presente.
Mas a senadora Marina Silva tem um sonho mais abrangente, que engloba a democracia como valor universal.
Valores como a liberdade de expressão são caros a ela.
Pensar o futuro do país é pensar o fortalecimento da democracia brasileira, em um continente que passa por experiências democráticas que estão resultando em regimes com tendências autoritárias.
Ela tem louvado a decisão do presidente Lula de não ter aceitado tentar mudar a Constituição para poder disputar um terceiro mandato consecutivo, e costuma dar seu testemunho pessoal de que o presidente sempre reagiu mal às sugestões nesse sentido, e desencorajou quem chegava próximo com a tentação da continuidade.
Mas, ao mesmo tempo em que tem feito esse reconhecimento, ela, bem no seu estilo tranquilo, tem perturbado seus interlocutores com um raciocínio no mínimo interessante: o empenho do presidente Lula na eleição de uma candidata escolhida a dedo, que não saiu da disputa partidária, não guardaria alguma semelhança com aqueles mesmos processos?
Não haveria o risco de que a intenção do presidente seja transformar o governo Dilma em apenas um intervalo entre dois governos Lulas, o que poria em xeque a alternância de poder, um dos pilares da democracia?
Quem tem estado com Marina fica com a certeza de que, na visão dela, para que a democracia se fortaleça no país é fundamental que a divergência de opiniões seja respeitada, que a imensa popularidade do presidente não transforme em verdade absoluta o que diz ou pensa, que a discordância seja aceita, e que os governos se submetam à pluralidade da sociedade, governando para todos, e não apenas para os seus.
Um comentário:
Meu voto é da Marina!!
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