sábado, 6 de março de 2010

Novo comando do PT ataca mídia na 1º reunião

DEU EM O GLOBO

Na presença de mensaleiros como José Dirceu, partido diz que imprensa quer voltar a falar em mensalão petista

Maria Lima e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. A cúpula do PT está disposta a intensificar o debate ideológico sobre o papel da mídia na cobertura da campanha presidencial. Isso foi explicitado pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, na primeira reunião da Executiva e do Diretório Nacional do partido este ano. Com a presença dos novos integrantes da cúpula petista, como José Dirceu, José Genoino (PT-SP) e outros mensaleiros, foram aprovadas resoluções para orientar a militância e coordenadores da campanha a travar uma batalha contra o que chamam de “aliança da oposição neoliberal com setores da mídia de direita conservadora”.

O primeiro texto aprovado na reunião da Executiva, quinta-feira à noite, assinado por Dutra, era duro e tinha como objetivo principal responder às críticas à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata petista à Presidência, no Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido esta semana pelo Instituto Millenium, em São Paulo.

Foi também uma reação às denúncias envolvendo Dirceu no caso Eletronet, e à reportagem da “Isto É” sobre suposta participação do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel no escândalo do mensalão do PT.

Texto falava em “guerra de extermínio” contra PT O texto de Dutra aprovado inicialmente dizia que a “oposição neoliberal” tem fortes aliados em amplos setores do empresariado “particularmente da mídia, que começam a criar factoides e falsos escândalos visando enfraquecer nosso projeto.

Os recentes episódios envolvendo denúncias vazias contra dirigentes petistas comprovam que a guerra de extermínio contra o PT, deflagrada em 2005, está longe de acabar”.

Ainda segundo o primeiro texto, “está clara a intenção da mídia de devolver às manchetes a expressão mensalão do PT, justamente num momento em que seus preferidos afundam num mar de corrupção e incompetência administrativa, como o DF e SP”.

Na reunião ampliada do Diretório Nacional, ontem, essa parte do texto foi tirada. No texto final aprovado, os dirigentes reafirmam as supostas ligações da oposição com setores de direita, mas sem citar a mídia. O texto trata também sobre a retomada da articulação na oposição e os sinais de que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), será mesmo o candidato do partido.

As expressões anteriores foram substituídas por: “os ataques feitos contra o PT, nossas diretrizes de programa e nossa pré-candidata não são novidades.

Nos anos 80/90 /2002/2006 e ao longo de oito anos do governo Lula, as forças de direita e neoliberais agiram da mesma forma. Mas a história do Brasil e a experiência do povo brasileiro confirmam: a direita neoliberal não tem compromisso nenhum com a soberania nacional, com o estado democrático e igualdade social, nem com a verdade dos fatos. Frente à derrota que sofrerão nos próximos anos, já alimentam um discurso golpista”.

Palocci e Costa participaram do fórum criticado pelo PT Durante a reunião do Diretório Nacional, os petistas apelidaram informalmente o forum do Instituto Millenium de “Confecom da mídia de direita conservadora”.

Do mesmo fórum participaram, como palestrantes, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e o deputado Antonio Pallocci (PT-SP).

Os dois negaram a intenção do governo de adotar controle social da mídia. E Palocci criticou o capítulo sobre comunicação no Plano Nacional de Direitos Humanos que prevê a criação de um órgão para forçar a mídia a cumprir a Constituição.

Ele disse no evento que jornais e jornalistas já estão submetidos às leis. E Costa foi contra qualquer controle social da mídia.

Mas Dutra criticou o evento, após a reunião de ontem: — Esse fórum do Instituto Millenium foi claramente um colóquio de direita. Entrevistados disseram que, se Dilma ganhar, vai ter censura à imprensa, mas se Serra ganhar, não. Isso é ataque a nós!

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