DEU NO VALOR ECONÔMICO
Contrários, antipatizantes, adversários oficiais do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), incomodados com a persistência de sua candidatura ao governo de Minas Gerais e da liderança regional do partido que ainda exerce, postulações que com ele disputa o ex-ministro Patrus Ananias (PT), estão levando essa briga para dentro da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Pimentel é um dos coordenadores do grupo que traça os rumos da candidatura, tarefa que divide com o deputado Antonio Palocci. E tem muito poder, nutrido na confiança e proximidade com a ex-ministra, que vem de longa data.
Ora o bombardeiam em Minas para confiná-lo à campanha presidencial, ora o tiram de tudo. Um grupo de políticos petistas que tem pensado os rumos do partido, porém, não quer dar maior peso à refrega mineira, no momento, por basicamente duas razões.
Uma é que, segundo creem, o embate interno do PT de Minas e as relações do partido, em si conflagrado, com o PMDB do candidato a governador Hélio Costa, já virou caso perdido. Não há acordo possível e ninguém aposta mais em uma solução negociada.
O que se espera, até entre auxiliares do presidente Lula, é que uma pesquisa sobre o apoio dos eleitores aos três líderes políticos do campo governista - Pimentel, Hélio e Patrus - convença-os a definir o candidato a ser apoiado pelos demais. E já está passando a hora do desenlace, marcado para fim de março ou começo de abril.
Um colégio de deputados federais, senadores e dirigentes partidários analisaria os dados da pesquisa. Com a subida de Antonio Anastasia, candidato do ex-governador Aécio Neves, informa-se, nas discussões em Brasília, que Hélio Costa caiu um pouco e já não é tão certo que surgirá em primeiro lugar dessa consulta. Se Pimentel estiver à frente, ele deve insistir na disputa do governo e haverá mais tensão dentro do PT. Se Hélio ainda estiver em primeiro, espera-se forte pressão final do PMDB para Pimentel ficar só com a campanha de Dilma, deixando o caminho do Senado livre para Patrus.
Vê-se que são muitas correntes contra Pimentel, e elas estão esticando a corda ao máximo. Os que estão pensando o partido, preocupam-se com a hipótese de essa implosão, em Minas, inviabilizar definitivamente uma candidatura do PT. E seria, então, mais um Estado politicamente importante onde o partido dispensaria o papel protagonista.
Esses formuladores veem o PT perdendo espaço nos principais colégios eleitorais do país em consequência da prioridade absoluta atribuída à eleição presidencial.
Para entregar segundos a mais ao programa eleitoral comandado pelo marqueteiro João Santana, o partido estaria entregando eleições para os aliados, do PMDB, o mais guloso, ao PR, PDT e até o PC do B.
Não é só em Minas que o PMDB quer engolir o aliado. No Pará, Jáder Barbalho, do PMDB, não cede ao PT. No Rio, preparado para a conquista, o PT foi conquistado pelo PMDB e até pelo PR. No Paraná, deu seu lugar ao PDT. No Maranhão, com sacrifício, muita tensão e oposição da Presidência da República, o partido venceu o esquema Sarney, por apenas 2 votos, e vai brigar sozinho. No Amazonas, o PT entregou-se ao PR. Em São Paulo, depois de enfraquecer-se muito à espera de uma definição de Ciro Gomes, ainda tenta erguer sua candidatura própria.
Diz um desses intérpretes do que define como reais interesses do partido: "O problema não é Minas Gerais, ali ainda se resiste à pressão para ceder espaço. O PT não terá candidatos para sustentar o governo Dilma, não terá governadores, deputados, senadores". O cenário resultante dessas análises é pessimista: "Se a ministra vencer a disputa presidencial, seu partido terá pouca importância na aliança. Se perder, o PT terá se reduzido em todo o país, inutilmente". O partido se vê fraco em qualquer desfecho.
Conflito
Existiu um conflito sério na direção da campanha de Dilma Rousseff, candidata do PT a presidente, provocado pela histórica difícil relação do governo, do PT, da candidata e do staff que os cerca com a imprensa.
Embora muitos defendessem desprezo ao assunto, "por ser insolúvel", um dos coordenadores, o ex-ministro e deputado Antonio Palocci, tomou a si o problema e determinou: "O candidato que quer se eleger não despreza nenhuma questão, muito menos esta. Vamos dialogar".
Palocci advertiu que não poderiam começar uma campanha com um contencioso com a imprensa. O comando se dividiu mas a candidata, na decisão, acabou pendendo para a argumentação de Palocci.
Sobrevivente
A intensa e direta campanha lançada pelo governo contra o Tribunal de Contas da União, ao longo de todo o ano passado, não só manteve o colegiado vivo como provocou-o a ampliar e aperfeiçoar seus instrumentos de fiscalização e controle.
O TCU manteve sua independência para fiscalizar os três poderes, está se unindo à Receita Federal, Polícia Federal, Banco Central e outros órgãos que atuam em controles para evitar superposições e explorar os instrumentos à disposição de cada um, tem um projeto de criar um corpo de procuradores capazes de fazer execução judicial e, sobretudo, entre dezenas de novas iniciativas, aperfeiçoar sua ação de controle preventivo.
Ao traçar ontem um panorama do desempenho da instituição, sem contar as adversidades, o presidente do Tribunal, Ubiratan Aguiar, e seu vice-presidente, Benjamin Zymler, destacaram uma medida de controle preventivo que fala direto ao bolso do gestor do dinheiro público e deve funcionar mais do que qualquer multa: a retenção de parcelas. Evitar que o dinheiro saia do cofre, porque depois que sai é difícil recuperar.
Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras.
Contrários, antipatizantes, adversários oficiais do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), incomodados com a persistência de sua candidatura ao governo de Minas Gerais e da liderança regional do partido que ainda exerce, postulações que com ele disputa o ex-ministro Patrus Ananias (PT), estão levando essa briga para dentro da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Pimentel é um dos coordenadores do grupo que traça os rumos da candidatura, tarefa que divide com o deputado Antonio Palocci. E tem muito poder, nutrido na confiança e proximidade com a ex-ministra, que vem de longa data.
Ora o bombardeiam em Minas para confiná-lo à campanha presidencial, ora o tiram de tudo. Um grupo de políticos petistas que tem pensado os rumos do partido, porém, não quer dar maior peso à refrega mineira, no momento, por basicamente duas razões.
Uma é que, segundo creem, o embate interno do PT de Minas e as relações do partido, em si conflagrado, com o PMDB do candidato a governador Hélio Costa, já virou caso perdido. Não há acordo possível e ninguém aposta mais em uma solução negociada.
O que se espera, até entre auxiliares do presidente Lula, é que uma pesquisa sobre o apoio dos eleitores aos três líderes políticos do campo governista - Pimentel, Hélio e Patrus - convença-os a definir o candidato a ser apoiado pelos demais. E já está passando a hora do desenlace, marcado para fim de março ou começo de abril.
Um colégio de deputados federais, senadores e dirigentes partidários analisaria os dados da pesquisa. Com a subida de Antonio Anastasia, candidato do ex-governador Aécio Neves, informa-se, nas discussões em Brasília, que Hélio Costa caiu um pouco e já não é tão certo que surgirá em primeiro lugar dessa consulta. Se Pimentel estiver à frente, ele deve insistir na disputa do governo e haverá mais tensão dentro do PT. Se Hélio ainda estiver em primeiro, espera-se forte pressão final do PMDB para Pimentel ficar só com a campanha de Dilma, deixando o caminho do Senado livre para Patrus.
Vê-se que são muitas correntes contra Pimentel, e elas estão esticando a corda ao máximo. Os que estão pensando o partido, preocupam-se com a hipótese de essa implosão, em Minas, inviabilizar definitivamente uma candidatura do PT. E seria, então, mais um Estado politicamente importante onde o partido dispensaria o papel protagonista.
Esses formuladores veem o PT perdendo espaço nos principais colégios eleitorais do país em consequência da prioridade absoluta atribuída à eleição presidencial.
Para entregar segundos a mais ao programa eleitoral comandado pelo marqueteiro João Santana, o partido estaria entregando eleições para os aliados, do PMDB, o mais guloso, ao PR, PDT e até o PC do B.
Não é só em Minas que o PMDB quer engolir o aliado. No Pará, Jáder Barbalho, do PMDB, não cede ao PT. No Rio, preparado para a conquista, o PT foi conquistado pelo PMDB e até pelo PR. No Paraná, deu seu lugar ao PDT. No Maranhão, com sacrifício, muita tensão e oposição da Presidência da República, o partido venceu o esquema Sarney, por apenas 2 votos, e vai brigar sozinho. No Amazonas, o PT entregou-se ao PR. Em São Paulo, depois de enfraquecer-se muito à espera de uma definição de Ciro Gomes, ainda tenta erguer sua candidatura própria.
Diz um desses intérpretes do que define como reais interesses do partido: "O problema não é Minas Gerais, ali ainda se resiste à pressão para ceder espaço. O PT não terá candidatos para sustentar o governo Dilma, não terá governadores, deputados, senadores". O cenário resultante dessas análises é pessimista: "Se a ministra vencer a disputa presidencial, seu partido terá pouca importância na aliança. Se perder, o PT terá se reduzido em todo o país, inutilmente". O partido se vê fraco em qualquer desfecho.
Conflito
Existiu um conflito sério na direção da campanha de Dilma Rousseff, candidata do PT a presidente, provocado pela histórica difícil relação do governo, do PT, da candidata e do staff que os cerca com a imprensa.
Embora muitos defendessem desprezo ao assunto, "por ser insolúvel", um dos coordenadores, o ex-ministro e deputado Antonio Palocci, tomou a si o problema e determinou: "O candidato que quer se eleger não despreza nenhuma questão, muito menos esta. Vamos dialogar".
Palocci advertiu que não poderiam começar uma campanha com um contencioso com a imprensa. O comando se dividiu mas a candidata, na decisão, acabou pendendo para a argumentação de Palocci.
Sobrevivente
A intensa e direta campanha lançada pelo governo contra o Tribunal de Contas da União, ao longo de todo o ano passado, não só manteve o colegiado vivo como provocou-o a ampliar e aperfeiçoar seus instrumentos de fiscalização e controle.
O TCU manteve sua independência para fiscalizar os três poderes, está se unindo à Receita Federal, Polícia Federal, Banco Central e outros órgãos que atuam em controles para evitar superposições e explorar os instrumentos à disposição de cada um, tem um projeto de criar um corpo de procuradores capazes de fazer execução judicial e, sobretudo, entre dezenas de novas iniciativas, aperfeiçoar sua ação de controle preventivo.
Ao traçar ontem um panorama do desempenho da instituição, sem contar as adversidades, o presidente do Tribunal, Ubiratan Aguiar, e seu vice-presidente, Benjamin Zymler, destacaram uma medida de controle preventivo que fala direto ao bolso do gestor do dinheiro público e deve funcionar mais do que qualquer multa: a retenção de parcelas. Evitar que o dinheiro saia do cofre, porque depois que sai é difícil recuperar.
Rosângela Bittar é chefe da Redação, em Brasília. Escreve às quartas-feiras.
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