DEU NO VALOR ECONÔMICO
Cristiane Agostine, de São Paulo
Vestidas com hábito branco e sentadas lado a lado no auditório da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, dez freiras aplaudiram Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) quando ele criticou a ausência de Dilma Rousseff (PT) no debate realizado por emissoras católicas na noite de segunda-feira. Pouco depois, padres sentados a algumas cadeiras das religiosas reforçaram as palmas quando Plínio provocou: "Essa senhora [Dilma] é uma incógnita. Não sabemos quem é. Foi inventada pelo [presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva]". A plateia de católicos presentes ao debate promovido pela TV Canção Nova e pela Rede Aparecida deu coro às críticas do candidato do PSOL e teve de ser contida pelo mediador, padre Cesar Moreira, depois de risadas e apoio à reclamação. O PT, partido tradicionalmente ligado à igreja católica, foi o alvo de protesto de religiosos, descontentes com a única ausência do evento com os principais candidatos à Presidência.
Sem a candidata do PT, José Serra (PSDB) colocou em xeque as opiniões de Dilma sobre temas polêmicos como o controle social da mídia e reforçou: "Dilma não quer se mostrar", disse. "Não quer explicar as coisas que acontecem, o que ela pensa." O tucano ressaltou ser próximo à igreja católica e disse que sua atuação no Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso, foi inspirada nas irmãs Marcelinas. A congregação das religiosas participa do governo paulista, na gestão de hospitais e unidades de saúde de São Paulo, por meio de organizações sociais. No intervalo dos blocos do debate, Serra cumprimentou as dez freiras.
Marina Silva, do PV, evitou polemizar a ausência da petista. O protagonista do debate foi o candidato do PSOL. Plínio pediu licença para fazer um protesto na resposta à primeira pergunta (O presidente precisa acreditar em Deus?) e agitou a plateia. "Dos quatro candidatos, tem uma que não podia deixar de estar aqui. O meio cristão sabe muito bem quem eu sou, quem é José Serra e Marina", disse. "[Dilma] foge das questões que podem comprometer e tirar votos", criticou. No mesmo horário do debate das emissoras católicas, Dilma escreveu no microblog Twitter um comentário sobre a banda brasileira Pato Fu, que serviu de munição para Plínio. "Sabe o que ela está fazendo? Está "tuitando!"", disse. "Ela devia estar aqui", cobrou.
Nas duas horas e quinze minutos de debate, transmitido por 200 rádios e seis emissoras de televisão, segundo a organização do evento, não houve embate entre Plínio, Serra e Marina Silva, nem protesto da plateia contra ideias defendidas pelos candidatos. As perguntas passaram por temas como a importância da crença em Deus, reforma agrária, criminalização da homofobia, presença de símbolos religiosos em lugares públicos, ensino religioso nas escolas e redução da maioridade penal. Questionados sobre o que pensam a respeito do aborto, Marina e Plínio afirmaram que são contra, mas mostraram-se abertos à discussão do tema. "Sou contra o aborto e a favor da defesa da vida. É um valor inegociável. Mas defendo que se faça um plebiscito sobre o tema", disse Marina. Plínio concordou. "Como cristão sou contra o aborto, mas não tenho o direito de impor uma conduta decorrente da minha fé a alguém. É uma questão social", disse o candidato do PSOL. Serra disse apenas ser contra a realização de uma consulta popular sobre o tema. "Em questões ligadas ao direito à vida, não faria plebiscito de jeito nenhum", limitou-se.
Em nenhum momento os realizadores do debate pressionaram os candidatos. Com isso, o tucano evitou comentar sobre a queda de intenção de votos de sua candidatura e afirmou que "nunca esteve tão disposto".
Após o debate, religiosos reclamaram da ausência de Dilma, como o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis. Uma das principais lideranças católicas de São Paulo, dom Damasceno disse que "não se pode votar em um candidato só porque está bem nas pesquisas" e que é preciso evitar o clima de "já ganhou".
Cristiane Agostine, de São Paulo
Vestidas com hábito branco e sentadas lado a lado no auditório da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, dez freiras aplaudiram Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) quando ele criticou a ausência de Dilma Rousseff (PT) no debate realizado por emissoras católicas na noite de segunda-feira. Pouco depois, padres sentados a algumas cadeiras das religiosas reforçaram as palmas quando Plínio provocou: "Essa senhora [Dilma] é uma incógnita. Não sabemos quem é. Foi inventada pelo [presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva]". A plateia de católicos presentes ao debate promovido pela TV Canção Nova e pela Rede Aparecida deu coro às críticas do candidato do PSOL e teve de ser contida pelo mediador, padre Cesar Moreira, depois de risadas e apoio à reclamação. O PT, partido tradicionalmente ligado à igreja católica, foi o alvo de protesto de religiosos, descontentes com a única ausência do evento com os principais candidatos à Presidência.
Sem a candidata do PT, José Serra (PSDB) colocou em xeque as opiniões de Dilma sobre temas polêmicos como o controle social da mídia e reforçou: "Dilma não quer se mostrar", disse. "Não quer explicar as coisas que acontecem, o que ela pensa." O tucano ressaltou ser próximo à igreja católica e disse que sua atuação no Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso, foi inspirada nas irmãs Marcelinas. A congregação das religiosas participa do governo paulista, na gestão de hospitais e unidades de saúde de São Paulo, por meio de organizações sociais. No intervalo dos blocos do debate, Serra cumprimentou as dez freiras.
Marina Silva, do PV, evitou polemizar a ausência da petista. O protagonista do debate foi o candidato do PSOL. Plínio pediu licença para fazer um protesto na resposta à primeira pergunta (O presidente precisa acreditar em Deus?) e agitou a plateia. "Dos quatro candidatos, tem uma que não podia deixar de estar aqui. O meio cristão sabe muito bem quem eu sou, quem é José Serra e Marina", disse. "[Dilma] foge das questões que podem comprometer e tirar votos", criticou. No mesmo horário do debate das emissoras católicas, Dilma escreveu no microblog Twitter um comentário sobre a banda brasileira Pato Fu, que serviu de munição para Plínio. "Sabe o que ela está fazendo? Está "tuitando!"", disse. "Ela devia estar aqui", cobrou.
Nas duas horas e quinze minutos de debate, transmitido por 200 rádios e seis emissoras de televisão, segundo a organização do evento, não houve embate entre Plínio, Serra e Marina Silva, nem protesto da plateia contra ideias defendidas pelos candidatos. As perguntas passaram por temas como a importância da crença em Deus, reforma agrária, criminalização da homofobia, presença de símbolos religiosos em lugares públicos, ensino religioso nas escolas e redução da maioridade penal. Questionados sobre o que pensam a respeito do aborto, Marina e Plínio afirmaram que são contra, mas mostraram-se abertos à discussão do tema. "Sou contra o aborto e a favor da defesa da vida. É um valor inegociável. Mas defendo que se faça um plebiscito sobre o tema", disse Marina. Plínio concordou. "Como cristão sou contra o aborto, mas não tenho o direito de impor uma conduta decorrente da minha fé a alguém. É uma questão social", disse o candidato do PSOL. Serra disse apenas ser contra a realização de uma consulta popular sobre o tema. "Em questões ligadas ao direito à vida, não faria plebiscito de jeito nenhum", limitou-se.
Em nenhum momento os realizadores do debate pressionaram os candidatos. Com isso, o tucano evitou comentar sobre a queda de intenção de votos de sua candidatura e afirmou que "nunca esteve tão disposto".
Após o debate, religiosos reclamaram da ausência de Dilma, como o arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis. Uma das principais lideranças católicas de São Paulo, dom Damasceno disse que "não se pode votar em um candidato só porque está bem nas pesquisas" e que é preciso evitar o clima de "já ganhou".
Nenhum comentário:
Postar um comentário