DEU EM O GLOBO
"Quando ela veio para a Casa Civil, percebi que estava diante de um animal político não trabalhado." (Lula sobre Dilma)
A expressão alemã acima significa fuga para frente. Cercado, você ataca e seja o que Deus quiser. Pisa fundo no acelerador do carro como fez diante do abismo a dupla do filme Thelma e Louise. Ou então enfia o pé na jaca como parece preferir o vice-presidente José Alencar no caso da suposta filha de 55 anos que teve fora do casamento.
Alencar responde desde 2001 a processo de investigação de paternidade na Vara Civil de Caratinga, Minas Gerais. Ali quando era rapaz conheceu Francisca Nicolino de Morais, de apelido Tita, uma enfermeira de 26 anos, e com ela manteve um relacionamento amoroso entre 1953 e 1955.
Segundo testemunhas ouvidas pelo juiz José Antônio Cordeiro, os dois se viram pela primeira vez nas dependências do Clube Municipal da cidade. Passaram então a se encontrar em média três vezes por semana. E às quartas-feiras dormiam juntos na casa de Tita. O namoro era público.
Aos sábados, o casal podia ser encontrado no clube ou no Bar do Geraldo Pereira. Aos domingos, no Bar da Zica. Alencar chegou a pagar o aluguel da casa de Tita e ajudou-a com outras despesas. Até que Tita engravidou e deu à luz a Rosemary em 1955. O relacionamento acabou. Ao completar 42 anos, Rosemary soube quem seria seu pai.
Ela aproveitou uma visita de Alencar a Caratinga em 1998 para dizer-lhe que era sua filha. Na ocasião, Alencar teria comentado que resolveria tudo. Não o fez. Rosemary foi à Justiça e pediu para ser reconhecida como filha dele. Uma vez aberto o processo, os advogados de Alencar tentaram extingui-lo por meio de sucessivos recursos.
Ouvido em juízo, Alencar negou ter tido qualquer relacionamento com Tita e acusou-a de freqüentar a zona do meretrício de Caratinga. Como profissional, oferecia-se a quem a pagasse por seus préstimos, disse. Ao comentar o caso em Programa do Jô da semana passada, insistiu Alencar: Todo mundo que foi à zona pode ser pai.
Por duas vezes, o juiz Antônio Cordeiro determinou que Alencar se submetesse a exame de DNA. Em vão. A Jô, Alencar insinuou também que está sendo vítima de chantagem econômica e garantiu que o exame de DNA não é 100% seguro. De fato, não é. A margem de acerto do exame é de apenas 99%.
Diz o artigo 2 da Lei 8.560/90: Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.
Com base na recusa de Alencar em fazer o exame de DNA, no conjunto de provas recolhidas e em jurisprudência consolidada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o juiz decidiu em 21 de julho passado que a investigante passe a se chamar Rosemary de Morais Gomes da Silva, filha de José Alencar Gomes da Silva.
O delicado estado de saúde de Alencar, que luta há 13 anos contra um câncer, não lhe confere imunidade para agredir grosseiramente o bom senso. Se permanece apto a assumir a Presidência da República na ausência do seu titular era de se imaginar que conservasse intacta sua capacidade de avaliar bem os fatos.
Fernando Collor, Orestes Quércia e Michel Temer, por exemplo, são políticos que reconheceram filhos de relações extraconjugais. Paulo Maluf fez questão de se submeter a um exame de DNA para provar que não era pai de uma menina de nove anos. E provou. Fernando Henrique Cardoso é um caso à parte.
Teve um filho com a jornalista Miriam Dutra pouco antes de se eleger presidente. Os dois sempre negaram que Tomas fosse filho de quem é. Mas Fernando Henrique ajudou a sustentar o filho, recebeu-o várias vezes no Palácio do Planalto, visitou-o na Europa e assumiu-o como tal depois da morte de dona Ruth, sua mulher.
Alencar não é bronco. Mas esse episódio fez emergir uma face dele até aqui desconhecida rude e mesquinha.
"Quando ela veio para a Casa Civil, percebi que estava diante de um animal político não trabalhado." (Lula sobre Dilma)
A expressão alemã acima significa fuga para frente. Cercado, você ataca e seja o que Deus quiser. Pisa fundo no acelerador do carro como fez diante do abismo a dupla do filme Thelma e Louise. Ou então enfia o pé na jaca como parece preferir o vice-presidente José Alencar no caso da suposta filha de 55 anos que teve fora do casamento.
Alencar responde desde 2001 a processo de investigação de paternidade na Vara Civil de Caratinga, Minas Gerais. Ali quando era rapaz conheceu Francisca Nicolino de Morais, de apelido Tita, uma enfermeira de 26 anos, e com ela manteve um relacionamento amoroso entre 1953 e 1955.
Segundo testemunhas ouvidas pelo juiz José Antônio Cordeiro, os dois se viram pela primeira vez nas dependências do Clube Municipal da cidade. Passaram então a se encontrar em média três vezes por semana. E às quartas-feiras dormiam juntos na casa de Tita. O namoro era público.
Aos sábados, o casal podia ser encontrado no clube ou no Bar do Geraldo Pereira. Aos domingos, no Bar da Zica. Alencar chegou a pagar o aluguel da casa de Tita e ajudou-a com outras despesas. Até que Tita engravidou e deu à luz a Rosemary em 1955. O relacionamento acabou. Ao completar 42 anos, Rosemary soube quem seria seu pai.
Ela aproveitou uma visita de Alencar a Caratinga em 1998 para dizer-lhe que era sua filha. Na ocasião, Alencar teria comentado que resolveria tudo. Não o fez. Rosemary foi à Justiça e pediu para ser reconhecida como filha dele. Uma vez aberto o processo, os advogados de Alencar tentaram extingui-lo por meio de sucessivos recursos.
Ouvido em juízo, Alencar negou ter tido qualquer relacionamento com Tita e acusou-a de freqüentar a zona do meretrício de Caratinga. Como profissional, oferecia-se a quem a pagasse por seus préstimos, disse. Ao comentar o caso em Programa do Jô da semana passada, insistiu Alencar: Todo mundo que foi à zona pode ser pai.
Por duas vezes, o juiz Antônio Cordeiro determinou que Alencar se submetesse a exame de DNA. Em vão. A Jô, Alencar insinuou também que está sendo vítima de chantagem econômica e garantiu que o exame de DNA não é 100% seguro. De fato, não é. A margem de acerto do exame é de apenas 99%.
Diz o artigo 2 da Lei 8.560/90: Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.
Com base na recusa de Alencar em fazer o exame de DNA, no conjunto de provas recolhidas e em jurisprudência consolidada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o juiz decidiu em 21 de julho passado que a investigante passe a se chamar Rosemary de Morais Gomes da Silva, filha de José Alencar Gomes da Silva.
O delicado estado de saúde de Alencar, que luta há 13 anos contra um câncer, não lhe confere imunidade para agredir grosseiramente o bom senso. Se permanece apto a assumir a Presidência da República na ausência do seu titular era de se imaginar que conservasse intacta sua capacidade de avaliar bem os fatos.
Fernando Collor, Orestes Quércia e Michel Temer, por exemplo, são políticos que reconheceram filhos de relações extraconjugais. Paulo Maluf fez questão de se submeter a um exame de DNA para provar que não era pai de uma menina de nove anos. E provou. Fernando Henrique Cardoso é um caso à parte.
Teve um filho com a jornalista Miriam Dutra pouco antes de se eleger presidente. Os dois sempre negaram que Tomas fosse filho de quem é. Mas Fernando Henrique ajudou a sustentar o filho, recebeu-o várias vezes no Palácio do Planalto, visitou-o na Europa e assumiu-o como tal depois da morte de dona Ruth, sua mulher.
Alencar não é bronco. Mas esse episódio fez emergir uma face dele até aqui desconhecida rude e mesquinha.
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